quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Sai o pesticida, entra o pequiticida

Inseticida à base de sementes de pequi pode ajudar a reduzir os impactos de pesticidas químicos no meio ambiente



Vida de planta do Cerrado não é moleza: além de se defender do sol tropical, de garantir reservas d’água para longos períodos de seca e fincar raízes profundas para não ser arrastada pelas enxurradas de verão, ainda é preciso criar um arsenal químico de reserva em caso de ataque dos mais diversos parasitas e predadores. E tudo isso sem sair do lugar, sem deixar de crescer, florescer e frutificar.

Felizmente para nós, humanos, as estratégias das muitas plantas do Cerrado para vencer essas adversidades se traduzem numa imensa variedade de substâncias, proteínas e moléculas de grande interesse para a biotecnologia. Assim, as prospecções de espécies nativas do Cerrado com potencial de uso acabam sempre revelando boas surpresas, mesmo que os resultados finais não correspondam exatamente às expectativas esboçadas no início.

Uma pesquisa realizada por Tiago Gonçalves da Costa para sua dissertação de mestrado em Ciências Genômicas e Biotecnologia, na Universidade Católica de Brasília (UCB), ilustra bem isso. Ele começou estudando a atividade de extratos brutos de casca, folhas, flores e frutos de barbatimão (Stryphnodendron adstringens), baru (Dipteryx alata), erva-bugre (Casearia sylvestris), orelha-de-macaco (Enterolobium contortisiliquum), pau-terra-grande (Qualea grandiflora) e pequi (Caryocar brasiliense). Testou a atividade dos extratos contra bactérias e fungos patogênicos para o homem e para lavouras e contra insetos considerados pragas agrícolas.

“A amostra de melhor atividade foi o extrato bruto de flor de pequi contra bactérias e fungos hospitalares”, comenta a doutora em Biologia Molecular e orientadora do mestrado, Simoni Campos Dias, da UCB. A descoberta de novos princípios ativos antibacterianos e antifúngicos é de extrema importância no contexto hospitalar, pois as bactérias e os fungos patogênicos evoluem com muita rapidez e desenvolvem resistência aos antibióticos disponíveis, obrigando ao uso de doses maiores ou sujeitando os pacientes à septicemia. Assim, os resultados preliminares da pesquisa apontavam um caminho interessante a seguir.

Mas ao partir para a etapa seguinte, de purificação e quantificação da proteína com atividade, foi preciso mudar a direção. “Essas proteínas de reserva das plantas são produzidas em quantidades muito pequenas. Não é uma molécula que a planta vai usar rotineiramente, é um recurso de emergência para quando houver um ataque. E, no caso da flor do pequi, ainda precisamos considerar o fato de a árvore só florescer uma vez por ano e as flores só durarem cerca de uma semana”, prossegue Simoni. Sem contar que a frutificação depende da polinização das flores e, portanto, elas não poderiam ser colhidas antes de cair.

Foto: Christoph Diewald/Creative Commons

 A opção foi partir para outra atividade do pequi, contra insetos-praga, obtida com o extrato das sementes. Aí, sim, o estudo pode continuar, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, de onde vieram os insetos-praga criados em laboratório para os bioensaios. Em termos práticos, as sementes de pequi são muito mais fáceis de encontrar e seu uso é mais sustentável, pois hoje elas são descartadas pelas cooperativas de comercialização da polpa do pequi. Ou seja, produzir um inseticida à base de sementes de pequi não só ajudaria a reduzir os impactos de pesticidas químicos no meio ambiente e entre os insetos benéficos, como eliminaria os atuais resíduos dessa comercialização de polpa.

Após sucessivas etapas de purificação proteica do extrato de semente de pequi, Tiago Gonçalves da Costa chegou a uma albumina 2S, um tipo de proteína solúvel em água relativamente abundante em sementes. Esta albumina 2S do pequi é uma possível alternativa para o desenvolvimento de novas formas de combate a insetos, fungos e bactérias de importância agrícola. De acordo com a pesquisadora Simoni Dias, o inseticida à base de pequi tem atividade inclusive contra a broca-do-cartucho-do-milho (Spodoptera fugiperda) e a lagarta-desfolhadora-da-soja (Anticarsia gemmatalia).

Além do aluno de mestrado e sua orientadora, o estudo contou com outros dois pós-graduandos e dois pesquisadores da UCB e as equipes das instituições parceiras. Os recursos vieram de bolsas da própria Universidade Católica de Brasília e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).

E as superbactérias e os superfungos hospitalares?

“Ainda passo por um pequizeiro em flor e penso em continuar a purificação até chegar a uma molécula que possa ser sintetizada, pois assim não dependeríamos de extração da natureza”, confessa Simoni Campos Dias.


Fonte: Viajeaqui 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Agroindústria do imbuzeiro: maior renda para as comunidades


O técnico Nilton de Brito Cavalcanti, da Embrapa Semiárido, há mais de duas décadas realiza pesquisas com imbu, como prefere chamar a espécie nativa da caatinga. Neste tempo, reuniu um grande acervo de informações fruto de acompanhamento detalhado, ano a ano, do crescimento e produção das plantas. Afora esses dados, agregou outros recolhidos em estudos de cadeia produtiva e do potencial agroindustrial.

Com base nessa experiência, Nilton faz uma conta interessante e que usa costumeiramente nas palestras e cursos feitos para agricultores, agricultoras, profissionais de assistência técnica e extensão rural e secretários de Agricultura.

Segundo ele, uma planta de imbuzeiro adulta pode produzir cerca de 300 kg de frutos/ano. Se, como acontece com o extrativismo, são comercializados in natura ao valor de R$ 0,25/kg gera uma renda de R$ 75,00/planta/ano. Contudo, ao transformar em geléia, consegue processar quantidade equivalente a 720 potes de 125 g, que vendido a R$ 2,50 cada pote, a renda cresce para R$ 1.800,00.

Se a opção for fazer doce, é possível obter 210 kg polpa, ou 630 potes de 250 g de doce, que, vendidos a R$ 2,50/pote, gera R$ 1.575,00. Mas essa mesma quantidade de polpa resulta em 2.100 pacotes de 100 g/cada que pode ser vendida a R 1,05 e receber R$ 2.205,00. Estas são decisões que os produtores em associações podem tomar e obter maiores lucros.

Nilton chegou a esses dados após um estudo de cadeia produtiva do imbuzeiro onde acompanhou a valorização que o fruto vai recebendo do momento em que é colhido e vendido nas margens de estrada até os vários circuitos de comercialização (atravessadores, supermercados, ambulantes) e as formas de processamento porque passam em lanchonetes, delicatessens, restaurantes e hotéis.

Por isso defende que a agroindústria do imbuzeiro é uma das principais iniciativas de convivência com o semiárido. A possibilidade de instalação de pequenas estruturas de processamento em nível de comunidades e vinculadas a políticas públicas de âmbitos municipal, estadual ou federal, pode garantir fonte importante de renda e trabalho para os agricultores e suas famílias, durante todo ano.

Segundo Nilton, os frutos podem ser transformados em polpa e armazenados por mais de um ano. Deste modo, os agricultores dispõem de matéria prima para movimentar a pequena fábrica após o período da safra que acontece nos meses de chuva. Assim, “dispõem de fonte de renda mesmo na seca”, afirma.

A qualidade sanitária dos produtos pode ser obtida com recursos simples e baratos. No caso dos frutos é preciso usar concentrações de cloro que variam entre 10 a 70 ppm, com tempo de imersão de 15 a 30 minutos. “Frutos colhidos, ao invés de catadas no chão, onde as incrustrações em sua superfície são poucas, devem receber baixas concentrações com um tempo reduzido. Para frutos colhidos no chão, devem ser utilizadas as maiores concentrações de cloro, por maior tempo”, explica.

Outro fator importante no processamento de doce com polpa armazenada em temperatura ambiente é o controle do pH, o qual deve está sempre entre 2,5 a 3,5, cujo valor inibi o desenvolvimento de microorganismos patogênicos, entre estes,  a bactéria que provoca o botulismo.

Segundo Nilton, incentivar a agroindústria do imbuzeiro tem conseqüências importantes na conservação do Bioma Caatinga, que tem sido afetado por desmatamento indiscriminados e a reduzida incidência de plantas novas na vegetação nativa. “A percepção dos benefícios da preservação do umbuzeiro para as comunidades pode vir a estimular iniciativas como preparação de mudas enxertadas ou não com o objetivo de revegetar esse ambiente”, afirma Nilton de Brito. 


Fonte: Embrapa Semiárido

Semad dá início às fiscalizações durante Piracema

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), por meio da Diretoria de Fiscalização da Pesca, em parceria com a Polícia Militar do Meio Ambiente, promoverá, até o final 28 de fevereiro de 2014, período em que se encerra a Piracema, ações de fiscalização nos rios de todo o estado. O objetivo é coibir a pesca de espécies nativas, proibidas pelas portarias 154, 155 e 156, publicadas em 1° da novembro pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e que estabelecem, ainda, outros critérios para as atividades pesqueiras nas bacias mineiras durante a Piracema.

          A restrição à pesca no período da piracema é fundamental para a reposição das espécies que vivem nos rios

De acordo com o diretor de Fiscalização da Pesca da Semad, Marcelo Coutinho, a primeira ação teve início, preventivamente, no meio do mês de outubro, no rio São Francisco, na região de Três Marias, já que a Piracema teve início no dia 1º deste mês. “Fizemos uma parceria com o Ministério Público e a Polícia Militar de Meio Ambiente antes mesmo do período de defeso e a ação continua sem prazo para terminar. Nossa meta é impedir a pesca predatória e de espécies nativas neste período”, afirma. Nesta operação, cerca de 20 homens, entre fiscais da Secretaria e policiais militares percorrem trechos do São Francisco de barco e jet ski a fim de localizar e autuar possíveis infratores.

Ainda segundo o diretor, terminou na última terça-feira (5) o prazo para que os estabelecimentos que comercializam peixe apresentassem suas declarações de estoque. “Nessa declaração o comerciante informa se tem as espécies nativas em estoque. Dessa forma, nas nossas fiscalizações a estabelecimentos comerciais conseguiremos saber se os produtos da pesca encontrados foram adquiridos antes ou durante a Piracema”, esclarece Coutinho.

Durante a Piracema, que é o período de desova e reprodução dos peixes, ficam limitadas as atividades de pesca profissional, utilização de redes, tarrafas e outras armadilhas. A pesca amadora tem a quantidade de peixe limitada e só pode utilizar equipamentos simples como caniço ou vara com molinete. A restrição nesse período tem como objetivo garantir a preservação das espécies nos rios e lagoas. Além disso, todo pescador amador deve ter licença de pesca do IEF.

O período da Piracema é fundamental para a reposição das espécies que vivem nos rios, barragens e represas do estado. Os peixes de Piracema também são conhecidos como peixes migradores e chegam a nadar centenas de quilômetros em poucos dias.


Fonte: SEMAD

Agroindústria de polpa de frutas é alternativa de renda para produtoras em Salinas


   
Um grupo de mulheres do município de Salinas, Norte de Minas, descobriu na produção de polpa de frutas uma boa alternativa de renda. Com o apoio da Emater-MG, elas criaram uma agroindústria e hoje comercializam seus produtos em feiras e escolas.

O grupo Delícias do Jacurutu é formado por seis mulheres, que moram na comunidade Jacurutu. O local é conhecido, no município de Salinas, por seu potencial na produção de frutas. Apesar disso, a falta de oportunidades de comercialização gerava prejuízo para os agricultores familiares.

Em 2008 essa história mudou. O grupo, em parceria com a Emater-MG e o Conselho Comunitário Nova Esperança de Jacurutu, implantou uma agroindústria de polpa de frutas. O terreno para a construção da fábrica foi doado pela comunidade. O valor dos recursos para a implantação da agroindústria foi cerca de R$ 70 mil. Sessenta mil reais são provenientes do Programa estadual de Combate à Pobreza Rural (PCPR). O restante da verba veio do Conselho Comunitário Nova Esperança de Jacurutu. A Emater-MG ficou responsável pela elaboração do projeto técnico, que viabilizou a liberação dos recursos.

Na agroindústria são produzidas 12 variedades de polpa de frutas. O grupo foi capacitado pela Emater-MG. As produtoras receberam treinamento sobre processamento de frutas, boas práticas de fabricação e comercialização. Para o extensionista do escritório da Emater-MG em Salinas, Antônio Eustáquio Ferreira Duca, a agroindústria tem causado um impacto positivo na vida do grupo e da comunidade. “É uma alternativa importante para agregação de valor, geração de renda e oportunidade de trabalho no meio rural”.

Desde de 2010, por orientação da Emater-MG, o Delícias do Jacurutu participa do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A iniciativa garante espaço no mercado institucional. O grupo vende para as escolas cerca de 40% de sua produção. As atribuições da Empresa no programa são bem amplas e abrangem desde a assistência técnica, mobilização de agricultores, emissão da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), orientação e elaboração de projetos até a capacitação dos agricultores em boas práticas de produção.

Em 2013, a Emater-MG também orientou a participação do grupo no programa estadual Cultivar, Nutrir e Educar*. Por meio do programa, as produtoras são beneficiadas pelo subprojeto “Apoio a Habilitação Sanitária da Agroindústria Familiar”, que é voltado para a adequação e habilitação sanitária de estabelecimentos agroindustriais rurais de pequeno porte. A Emater-MG é responsável por diversas ações, como orientar os produtores sobre produção sustentável, processamento de alimentos, boas práticas de fabricação e habilitação sanitária, gestão e comercialização da produção.

“As capacitações são utilizadas como uma importante ferramenta para auxiliar o grupo no processo de planejamento, produção, organização e comercialização, resultando em um produto final de qualidade. Os benefícios das capacitações são inúmeros. Entre eles, o desenvolvimento pessoal dos agricultores que se sentem motivados”, explica a extensionista do escritório da Emater-MG em Salinas, Lorena Martins. 

Com os desafios iniciais superados, hoje, o Delícias do Jacurutu começa a ter bons resultados. Além de comercializar polpa de frutas para escolas, as produtoras também vendem parte da produção em feiras, no mercado municipal e no comércio local.

Programa Cultivar, Nutrir e Educar

O Programa visa garantir o direito humano à alimentação saudável, adequada e solidária, contemplando alunos das escolas públicas estaduais de educação básica. Além disso, o programa tem como objetivos fortalecer a agricultura familiar e promover a educação alimentar e nutricional. A iniciativa é voltada para alunos da rede pública de ensino, agricultores familiares, associações e cooperativas de agricultores, e profissionais de educação, saúde e agricultura. O Cultivar, Nutrir e Educar é um programa do Governo de Minas Gerais e desenvolvido em parceria pela Secretaria Geral de Governadoria, Secretaria de Agricultura e suas vinculadas, e as secretarias de Educação e Saúde.


Fonte: EMATER/MG

Participação no Programa de Aquisição de Alimentos ajuda na melhoria de renda dos agricultores familiares de Ouro Verde de Minas

Agricultores familiares de Ouro Verde de Minas, região Nordeste do Estado, estão melhorando a renda familiar com a venda de seus produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O principal incentivo para a participação deles no programa veio da Emater-MG em parceria com a  prefeitura. Além de beneficiar os produtores, a iniciativa tem contribuído para melhorar a alimentação nas escolas e instituições assistenciais.
 
O PAA é uma iniciativa do governo Federal e coordenado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Por meio do Programa, os alimentos produzidos pela agricultura familiar são comprados e doados a escolas públicas, creches, asilos e instituições assistenciais. O PAA é dividido em cinco modalidades. A Emater–MG atua na Compra para Doação Simultânea.
O papel da Empresa é mobilizar e cadastrar entidades beneficiárias e agricultores familiares com potencial para comercializar; elaborar estratégias; emitir Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) e Declaração de Aptidão ao Programa de Aquisição de Alimentos, prestar assistência na produção e comercialização dos produtos e orientar a gestão do Programa na organização de agricultores.

Desde de 2007, o município de Ouro Verde de Minas implantou o PAA. A iniciativa foi da prefeitura em parceria com a Emater–MG e está garantindo mercado aos agricultores familiares. Atualmente, 88* produtores são beneficiados. Em média, pelo contrato com a Conab, cada um recebe R$ 4.150,00 por ano.

Para a extensionista da Emater–MG, Fernanda Alves de Oliveira, o Programa é uma garantia de espaço no mercado para aos agricultores. “O programa é de grande importância para a geração de renda e trabalho para agricultores familiares de Ouro Verde de Minas. É um complemento na renda do agricultor, estimula a produção e abre caminho para a comercialização em mercados locais como Ceasa e  feiras” , afirma. 
 
Os alimentos adquiridos da agricultura familiar por meio do PAA são doados a 42 entidades cadastradas. Os produtores fornecem hortaliças, frutas, doces e quitandas. O produtos são entregues no Banco de Alimentos da Prefeitura de Ouro Verde de Minas, que depois os repassa às entidades beneficiadas.

Izabel Rosa de Souza é uma das produtoras que participam do Programa. Ela fornece para o PAA cenoura, farinha e cheiro verde. A entrega dos alimentos acontece toda semana. Izabel de Souza comemora o aumento da renda da renda familiar. “Melhorou muito. Nós fornecemos alimentos para o banco. A gente produz com mais vontade porque sabe onde vai vender”, disse.

A Casa de Apoio Lar Unidos é uma das instituições beneficiadas. Fundada há cinco anos, a Casa abriga pessoas da terceira idade e com necessidades especiais. Por dia são servidas quatro refeições. Por meio do PAA a instituição recebe verduras, legumes, frutas, feijão, rapadurinha e bananada.

Os bons resultados do PAA em Ouro Verde de Minas têm estimulado a participação de mais produtores a cada ano. De acordo com a Emater–MG, no ano que vem, o número de produtores beneficiados deve chegar a cerca de 100.


Fonte: EMATER/MG