segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Agroecologia é alternativa para aumento na produção e na renda

Um dos principais preceitos da agroecologia e do cultivo orgânico é a necessidade de se ampliar a produção de alimentos sem provocar danos ao meio ambiente e aos recursos naturais. Com o objetivo de implantar esses conceitos na agricultura familiar, responsável por 70% da produção agrícola no país, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG - apresentou as bases de ação do Programa Especial de Agroecologia e Produção Orgânica. 

O programa está alinhado às propostas das políticas federais e estaduais sobre agroecologia e agricultura orgânica e tem como foco principal a agricultura familiar. "As ações devem buscar a melhoria da qualidade de vida da população rural aumentando a produtividade e a rentabilidade dos agricultores", destacou o pesquisador do EPAMIG Paulo César de Lima, coordenador do programa.  


O objetivo é desenvolver ações baseadas na prospecção de demandas por meio de metodologias participativas. "Chegou o momento de a pesquisa se aprofundar neste tema e trazer a sociedade civil para a discussão. Temos um compromisso na proposição e difusão de alternativas para o desenvolvimento rural sustentável", afirmou o presidente da EPAMIG, Marcelo Lana, em solenidade realizada nesta quinta-feira (27), na Sede da Empresa, em Belo Horizonte. 

O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Silva, destacou este como um novo momento da agropecuária em Minas. "A agricultura familiar está se posicionando com um importante pilar para a segurança alimentar", afirmou. O presidente do Consea - MG, Dom Mauro Morelli, ressaltou que os 130 municípios que integram o programa estruturador "Cultivar, nutrir e educar" já superaram a meta de utilizar na merenda escolar 30% de produtos da agricultura familiar. "O Estado de Minas é pioneiro ao criar uma lei de segurança alimentar e nutricional e está se firmando no apoio à agricultura familiar. Hoje 20% de todo alimento adquirido pelo Governo do Estado é fornecido por pequenos produtores", afirmou. 

As bases de ação do Programa Especial foram elaboradas em conjunto com um grupo técnico consultivo com a participação de 13 instituições (cinco governamentais e oito entidades de classe e sociedade civil) nomeado pela Seapa. Também compareceram à solenidade representantes de instituições parceiras e de entidades ligadas à agricultura familiar e à segurança alimentar. 
  
Agroecologia na EPAMIG 

O sistema agroecológico auxilia na preservação ambiental, reduz a aplicação de insumos industrializados e com isso diminui o custo de produção. Além disso, o cultivo orgânico eleva em 30% o valor do produto final em comparação aqueles que utilizam agrotóxicos e defensivos agrícolas. 

Nos últimos anos, a EPAMIG desenvolveu vários projetos de pesquisa envolvendo o cultivo orgânico e a preservação ambiental. Experimentos realizados nas unidades regionais Zona da Mata, Centro-Oeste e Norte de Minas têm sido bem sucedidos no cultivo de hortaliças convencionais e não-convencionais, café, morango, banana, pimenta, dentre outras culturas. "As atividades em agroecologia tem crescido gradativamente e a perspectiva é que continuem aumentando, uma vez que um parecer da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura aponta a prática como a principal alternativa para o combate a fome e a segurança alimentar", completa Paulo Lima. 


Fonte: Epamig

Selo Indígenas do Brasil valoriza artesanatos e produtos extrativistas

Com o objetivo de promover a identificação étnica e territorial de produtos indígenas, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Ministério da Justiça instituíram o Selo Indígenas do Brasil. Para obter o Selo é preciso que os produtos sejam provenientes de aldeias indígenas e preencham os mesmos requisitos estabelecidos para a concessão do Selo de Identificação da Participação da Agricultura Familiar (Sipaf) do MDA.

O interessado deve encaminhar a solicitação ao MDA junto com documentação emitida pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Ele deve comprovar que a atividade ou o empreendimento estão em áreas ocupadas por povos indígenas e obter a permissão da comunidade. A lista dos produtos deverá constar em ata junto com os dados dos produtores. A requisição é gratuita e leva até 90 dias para ser expedida.

O Selo é um instrumento do Governo Federal para valorizar e estimular a comercialização de alimentos, artesanatos e produtos extrativistas. “Qualquer povo indígena, de qualquer etnia, em qualquer lugar do Brasil poderá solicitar ao MDA a permissão para utilizar o selo. A produção indígena é bastante diversificada e de qualidade”, ressalta o coordenador geral de povos e comunidades tradicionais do MDA, Edmilton Cerqueira.

A identidade visual do Selo foi desenvolvida pela Funai a partir de elementos do artesanato, da agricultura e do extrativismo tradicional como cestaria, milho, mandioca, banana, açaí e guaraná.

Segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população total de indígenas no Brasil é de 817.963, sendo 305 etnias e 274 línguas diferentes.



Varzelândia amarga perdas com a seca

A estiagem rigorosa que castiga o Norte do Estado há cerca de 4 anos tem causado prejuízos incalculáveis em Varzelândia, cidade de cerca de 20 mil habitantes que tem na agropecuária sua principal fonte de renda. Além de impossibilitar o plantio de grãos e demais produtos agrícolas, a falta de água e de alimentação para o rebanho fez com que pecuaristas negociassem animais a preços abaixo do mercado, reduzindo o rebanho de cerca de 50 mil cabeças para 10 mil.

A medida foi adotada para evitar a morte dos bovinos por fome. A situação é considerada desesperadora pelos pecuaristas, uma vez que as previsões são de permanência da seca por mais um ano, já que as precipitações, que deveriam já estar regulares, ainda não aconteceram como era esperado. Dessa forma, estima-se que a pecuária demore em torno de dez anos para voltar ao que era antes.

Segundo o prefeito, Felisberto Rodrigues, os impactos da estiagem têm sido muito severos. Com o comprometimento da produção agropecuária, uma das principais fontes de geração de renda, o Produto Interno Bruto (PIB) local está em queda.

"Em 2011, quando enfrentávamos os primeiros efeitos da seca, o PIB do município girava em torno de R$ 100 mil. Com as perdas, o valor caiu significativamente. Nosso temor é enfrentar mais um ano de estiagem, isso porque, até o momento, as chuvas não estão regulares, forte indício de que 2015 será um ano ainda mais difícil".

Para o secretário de Infraestrutura e Obras de Varzelândia, José Airton Leite da Cruz, serão necessários cerca de dez anos, após a regularização das chuvas, para que a pecuária volte a atingir os níveis observados antes da seca. "A falta de água é tão severa que secou o capim que compõe as pastagens. Isso significa que, mesmo com a regularização das chuvas, será necessário investir primeiro na recuperação das pastagens, que leva em média de 3 a 4 anos. Somente após os pastos estarem recuperados teremos condições de desenvolver a pecuária como antes, o que pode levar 10 anos".

A pecuária no município é voltada para a produção de animais de recria, que são comercializados em todo o país. Com a seca, os dados da prefeitura em relação à produção agropecuária mostram que o rebanho de bovinos foi reduzido para apenas 20% das cerca de 50 mil cabeças criadas no município. O índice de nascimento de bezerros está abaixo de 15%.

Desespero

De acordo com o secretário municipal de Agricultura e Abastecimento de Varzelândia, Expedito Rodrigues de Oliveira, os pecuaristas, para não deixar os animais morrerem de fome, comercializaram o rebanho a preços muito abaixo dos de mercado, acumulando ainda mais prejuízos. Com a escassez de água e o comprometimento da saúde do rebanho, a produção de leite também foi afetada e a única cooperativa de leite do município fechada, devido à baixa captação e queda dos rendimentos.

"Houve uma redução significativa do rebanho. As matrizes, sem alimentação correta, deixaram de produzir bezerros e leite. Muitos pecuaristas negociaram gado que valia mais de R$ 1 mil por R$ 500, para evitar a morte dos animais. No caso do bezerro macho, cujos preços normais giram em torno de R$ 700 por cabeça, foram comercializados a R$ 300".

Outro reflexo negativo foi na produção de suínos, que ficou 60% inferior. Antes da seca, o rebanho era estimado em 3,5 mil animais.


Fonte: FAEMG