quinta-feira, 21 de julho de 2016

Balança comercial mineira cresce 3,8%

O saldo da balança comercial mineira, que vinha positivo até maio, mas 10% menor do que no mesmo período do ano passado, se recuperou e no primeiro semestre cresceu 3,8% em relação aos mesmos meses de 2015. A recuperação mostra que o dólar favorável impulsionou as exportações estaduais, embora elas continuem menores em termos de valor do que no exercício anterior.

De acordo com dados do Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), o saldo da balança comercial mineira para o primeiro semestre deste ano fechou positivo em US$ 6,679 bilhões contra US$ 6,433 bilhões no mesmo período de 2015, um crescimento de 3,8%.

Na primeira metade do ano, as exportações estaduais somaram US$ 10,045 bilhões sobre US$ 11,008 bilhões no mesmo período de 2015, uma retração de 8,7%. Até maio na comparação com 2015, a queda era mais grave, da ordem de 16%. A alavancagem foi ocasionada pela estratégia, especialmente da indústria mineira, de aproveitar a valorização do dólar e focar nas vendas externas.

O minério de ferro foi responsável por 27,1% do total das exportações. Mesmo com os preços internacionais baixos, a commodity recuperou participação na pauta de embarques, com 27,2%, praticamente um ponto percentual a mais que no mesmo semestre de 2015.

As remessas de minério até junho, Minas embarcou 9,4 milhões de toneladas de minério a mais no acumulado até junho na comparação com igual semestre de 2015, mas mesmo assim o maior volume não compensou a queda do preço, que caiu em torno de 18%, na média dos dois períodos. Neste confronto, os embarques de minério somaram US$ 2,731 bilhões sobre R$ 2,951 bilhões, 7,4% de queda.

As exportações de café também caíram. O grão só fica atrás do minério de ferro como item mais importante da pauta de exportações. A receita com os embarques da commodity agrícola no primeiro semestre somou US$ 1,506 bilhão ante US$ 1,859 bilhão nos mesmos meses de 2015, uma redução de 18,9%.

Em volume, os embarques de café até junho foram praticamente 7% maiores do que no mesmo período de 2015, mas um decréscimo de cerca de 24% no preço médio do grão exportado, na mesma base de comparação, impediu o aumento da receita.

Da mesma forma, a receita gerada a partir das remessas de ouro e ferronióbio também caíram no primeiro semestre, com quedas de 8,1% e 25,5%, respectivamente. Por outro lado, os embarques de soja, devido aos preços mais competitivos por causa do câmbio desvalorizado, tiveram evolução, com alta de 29,1%.

Importações

Ainda sob impacto da crise econômica do País e da carência de novos investimentos, as importações de Minas entre janeiro e junho somaram US$ 3,366 bilhões, com retração de 26,4% em relação ao total dos mesmos meses de 2015 (US$ 4,575 bilhões). A hulha betuminosa, que é o carvão mineral usado pela indústria siderúrgica, continua como o item mais importado, com participação de 5,2%.

Embora o saldo comercial do estado tenha crescido e se mantido positivo, corrente comercial, que é a soma das exportações e importações, considerada uma das formas de mensurar a força do comércio exterior, mostra que ele enfraqueceu. Entre janeiro e junho, Minas movimentou US$ 13,411 bilhões com compras e vendas no mercado mundial, uma queda de 14% em relação ao total de igual intervalo de 2015, quando somou US$ 15,583 bilhões.



 

BDMG estimula desenvolvimento em municípios mineiros com baixo IDHM



Afinado com a estratégia do Governo de Minas Gerais de reduzir as desigualdades sociais e econômicas no estado, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) lançou, no fim do mês passado, o Geraminas Social. Trata-se de uma linha de crédito voltada para financiamento de micro e pequenas empresas, instaladas em cidades cujo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é menor ou igual a 0,667 - a média do estado. O objetivo é exatamente fortalecer a economia destes municípios, garantindo que as micro e pequenas empresas, responsáveis pela geração de renda e empregos nestas localidades, mantenham a saúde financeira.

Para requerem os recursos, as empresas também precisam ter faturamento anual de até R$ 30 milhões e comprovar mais de seis meses de atividade. De acordo com levantamento do BDMG, mais de 60 mil empresas, notadamente no setor de comércio e serviços, em mais de 400 cidades, se encaixam neste perfil e podem ter acesso à nova modalidade de financiamento.

“Estamos falando daqueles municípios onde justamente a atividade econômica é menor, mais fraca. São municípios que dependem muito da atividade do pequeno negócio, do microempreendedor, da padaria, da farmácia, do cabelereiro. São justamente os municípios que têm mais dificuldade em ter acesso ao mercado financeiro tradicional”, destaca o presidente do BDMG, Marco Crocco. Para Crocco, o BDMG consegue oferecer taxas mais atrativas por ter características distintas de um banco comercial tradicional. “A função e a missão do banco é de oferecer crédito, e consequentemente, estimular a atividade econômica naquilo que o mercado privado não consegue atender”, frisa.

Ainda segundo presidente do BDMG, a instituição oferece crédito “com taxas de juros mais baratas que as taxas praticadas no mercado e algumas linhas específicas para alguns setores, o que dá um resultado direto para a população local”. O diferencial da linha são as taxas atrativas, a partir de 1,70% ao mês, inferiores à média do mercado – que pode chegar a mais de 4%. Os prazos são maiores para quitar o financiamento, podendo chegar a 51 meses.

As empresas interessadas devem encaminhar propostas pela internet (www.bdmg.mg.gov.br) ou pela rede de mais de 300 Correspondentes Bancários do BDMG espalhados pelo estado. O valor disponibilizado para financiamento pode chegar a R$ 700 mil. A partir da entrega da documentação ao BDMG, a liberação do crédito é realizada em dez dias, em média. Os recursos do Geraminas Social poderão ser utilizados para capital de giro, compra de matéria-prima, reformas e obras civis, entre outras finalidades.

Primeiros financiamentos

Na fase de testes, em que o Banco testou a aderência do produto ao mercado, 125 empresas de 10 territórios de desenvolvimento contraíram financiamentos: Alto Jequitinhonha (31), Norte (30), Médio e Baixo Jequitinhonha (29), Sul de Minas (12), Alto Caparaó (cinco), Região Metropolitana de Belo Horizonte (5), Vale do Mucuri (4), Zona da Mata (3), Rio Doce (3), Oeste (2) e Vale do Aço (1).


Fonte: Agência Minas


Novos híbridos de sorgo produzem mais rápido e com alta produtividade

Foto: Bruna Rosa
Mais resistentes a doenças, ao acamamento e tolerantes ao alumínio tóxico presente no solo, as novas cultivares de sorgo granífero desenvolvidas pela Embrapa apresentam produtividade 10% maior que híbridos similares, em média. Outra vantagem obtida pelo melhoramento genético é a precocidade alcançada: as plantas possuem ciclo de produção de 115 dias, em média, de sete a dez dias a menos comparados a outros materiais disponíveis no mercado.

A precocidade é importante, pois dá mais segurança durante a segunda safra. "Nesse período, a incidência de chuvas é menor e concentrada em poucos dias. Quanto mais cedo o híbrido produzir, mais chance ele tem de escapar da seca em uma época determinante para seu desenvolvimento, que é a de enchimento de grãos,  no início do inverno", explica o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (MG) Cícero Beserra de Menezes, um dos profissionais responsáveis pelo desenvolvimento dos novos híbridos graníferos. 

 As características que serviram de alvo da pesquisa foram demandadas por empresas licenciadas que comercializam sementes da Embrapa e observadas as necessidades dos produtores. As novas cultivares de sorgo granífero BRS 373 e BRS 380 participaram de ensaios de competição nas principais regiões produtoras brasileiras, e ficaram sempre entre as mais produtivas. De acordo com o pesquisador, para ser competitivo no mercado o híbrido de sorgo precisa alcançar produtividades acima de quatro toneladas por hectare. "Os novos materiais da Embrapa sempre superaram essa marca", reforça.

O sorgo é plantado após a colheita da soja, na chamada safrinha ou segunda safra, que corresponde ao plantio nos meses de fevereiro ou março com colheita em junho ou julho. O plantio na safrinha é muito suscetível à ocorrência de veranicos no final do ciclo, pois a incidência de chuvas é baixa após o mês de maio na maioria das regiões de plantio de grãos. "Qualquer redução no ciclo da cultura, como conseguimos no caso desses dois híbridos, permite que a planta alcance de forma mais rápida a fase de enchimento de grãos. Nessa época, os efeitos da seca são mais prejudiciais. Quanto mais precoce o ciclo, menor o risco de redução de produtividade", acrescenta o pesquisador. 

A diferença entre as duas cultivares, segundo Cícero Menezes, está no ciclo de produção. A BRS 373 tem um tempo de florescimento de 60 dias, tempo de maturação de 110 dias e altura da planta de 115 cm. Já a BRS 380 tem um tempo de florescimento de 62 dias; maturação de 115 dias e altura de plantas de 125 cm. Menezes explica que a pesquisa busca materiais ainda mais precoces para lançamento nos próximos anos, "com tempo de florescimento de 55 dias, no máximo". 

Agora, os pesquisadores buscaram desenvolver plantas de porte baixo, produtividade elevada e que apresentem resistência à seca e doenças, características apresentadas pelos novos híbridos da Embrapa. O porte baixo é desejável nas cultivares graníferas porque o processo de colheita é feito, na maioria das vezes, com colheitadeiras de soja, que atuam com eficiência até 1,5m de altura. "O porte mais baixo confere também resistência ao acamamento", explica o pesquisador.

"Já em relação às doenças, em muitos casos o que tira um material do mercado é a quebra da resistência genética às doenças fúngicas", completa. O ideal, de acordo com Cícero Menezes, é que o produtor alterne o plantio de novos híbridos a cada safra, receita nem tanto seguida na prática pela maioria dos agricultores. 
Durante o processo de melhoramento, o pesquisador explica que as empresas licenciadas apresentam para os pesquisadores da Embrapa as características desejáveis para as novas cultivares, assim como os agentes causadores de doenças que vêm atingindo com maior frequência os materiais que estão no campo. "O trabalho é sequencial, contínuo, e já temos diversas linhagens na fase de lançamento com essas características", afirma. Os novos híbridos graníferos são resistentes à antracnose e à helmintosporiose, as duas principais doenças que atacam o sorgo no momento.

Silagem de alta qualidade com o BRS 658

Já o híbrido silageiro BRS 658 foi desenvolvido por uma equipe liderada pelo pesquisador José Avelino Santos Rodrigues, também da Embrapa Milho e Sorgo. O que se buscou durante as etapas de melhoramento genético foram sete características: alta produtividade de massa; alta proporção de grão; bom padrão de fermentação; boa digestibilidade; resistência a doenças; eficiência nutricional; e resistência ao acamamento. "O BRS 658 veio para o segmento de produção de silagem de qualidade e é resultado de um trabalho de quase dez anos de pesquisa", relata.

O pesquisador revela que o BRS 658 apresenta potencial produtivo de 10% acima dos híbridos existentes. "O destaque maior é sua qualidade de silagem por possuir alta proporção de grãos na forragem e excelente sanidade foliar", complementa. Outros destaques do novo híbrido forrageiro da Embrapa são o elevado teor de proteína bruta (9,2%, índice recorde entre os já disponíveis no mercado) e sua digestibilidade, parâmetros que conferem maiores produções de leite e carne, com consequente menor custo de produção para o agricultor.

Rodrigues, melhorista da cultura do sorgo há 41 anos, diz que a nova cultivar apresenta boa capacidade de rebrota e possui um sistema radicular muito bem desenvolvido, o que atribui resistência ao acamamento. Defensor do cultivo do sorgo, Pio, como é mais conhecido, traz uma carta poderosa na manga em tempos de escassez de chuva: enquanto o milho gasta 500 kg de água, em média, para produzir 1 kg de matéria seca, o sorgo produz a mesma quantidade com 100 kg de água a menos.
Segurança alimentar
As novas cultivares de sorgo foram lançadas em maio pela Embrapa. Segundo Antônio Álvaro Corsetti Purcino, chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade de pesquisa responsável pelo desenvolvimento dos novos híbridos, atender à expectativa do mercado ao apresentar materiais que respondem às condições de escassez hídrica da segunda safra mostra que a Empresa vem cumprindo seu papel.

A Embrapa Produtos e Mercado é a Unidade responsável pelas ações de comercialização desses novos ativos. Para Frederico Ozanan Machado Durães, gerente-geral, o lançamento de uma nova cultivar é ação estratégica para o País. "Uma nova tecnologia agrícola, que possa impactar o mercado, se traduz em segurança alimentar para a população brasileira. A instituição deposita, em uma nova genética, o que há de melhor em competência técnica", descreve.

Empresas licenciadas apostam nos novos materiais

Em fase de produção de sementes para a próxima safra, a Riber KWS, empresa licenciada para venda da nova cultivar de sorgo forrageiro, a BRS 658, percebe bom desempenho do material nos campos de produção. De acordo com Dimas Cardoso, supervisor da área de desenvolvimento de produtos para silagem, o que mais chama atenção no novo híbrido silageiro é a menor sensibilidade ao fotoperíodo, que é a reação da planta à duração do dia em relação à noite, permitindo uma adaptação mais ampla às diversas regiões brasileiras. "O produtor valoriza muito essa característica, já que estamos nos referindo à possibilidade de plantio em uma época de risco, de seca", afirma. 

Segundo ele, nos ensaios conduzidos, outros diferenciais observados foram a sanidade foliar, que impacta em maior produtividade e em uma silagem de melhor qualidade, e a cor e o tipo do grão: mais claro que os materiais já disponíveis no mercado e de maior tamanho. "Essa última característica facilita o plantio, no momento de regular a semeadora, além de os animais apresentarem menos perda de amido nas fezes", destaca.

Para José Benevides Romano, gerente comercial da mesma empresa, "as características agronômicas são superiores às das outras cultivares, a resistência a doenças é maior e o porte é mais alto, resultando em maior produtividade", resume. 

Novos graníferos

Para Edwar Seishi Sugahara, diretor comercial da Sementes Jotabasso, uma das licenciadas para venda do novo granífero BRS 373, a produtividade superior de cerca de 20% em relação ao antecessor BRS 330 é o diferencial do novo híbrido. Ele destaca ainda a melhor sanidade, a precocidade e a resistência a doenças. "Para quem planta na safrinha, o ciclo precoce é determinante. Isso pode salvar a lavoura, e as potencialidades desse novo híbrido são enormes", diz.

A licenciada vem trabalhando na linha de tentar fazer com que o produtor plante o sorgo na janela ideal, seguindo corretamente as orientações agronômicas, como o momento certo de aplicação de fungicidas e inseticidas, resultando em maior rentabilidade. "O sorgo apresenta teor proteico superior ao do milho, além de exigir menos água para produzir. O produtor deve se convencer de que, fazendo uso da tecnologia e tirando o cereal da época marginal de plantio, pode ganhar dinheiro com a cultura", explica o gerente comercial da Jotabasso, Jefferson Aroni.

Híbrido de sorgo BRS 373

O BRS 373, granífero, apresenta ampla adaptação (regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e Oeste Baiano). Resultados de pesquisa têm mostrado, também, sua resistência a nematoides (M. javanica e M. incognita). 

Híbrido de sorgo BRS 380

Híbrido simples de sorgo granífero com ótimo desempenho nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Apresenta resistência à antracnose e tolerância ao alumínio tóxico dos solos do Cerrado.
 
Híbrido de sorgo forrageiro BRS 658

Média de 50 t/ha de produção de massa verde. Possui porte alto, ciclo vegetativo ideal para ensilagem, colmos secos com excelente padrão fermentativo, alta porcentagem de grãos na massa (30% a 40% da matéria seca), proporcionando uma silagem de alta digestibilidade (cerca de 60% DIVMS) e alto teor proteico (média de 8-9% de proteína bruta). Outras características importantes do BRS 658 são a resistência ao acamamento, a alta sanidade foliar e a resistência ao míldio (Peronosclerospora  sorghi).


Fonte: Embrapa Milho e Sorgo