segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Varzelândia amarga perdas com a seca

A estiagem rigorosa que castiga o Norte do Estado há cerca de 4 anos tem causado prejuízos incalculáveis em Varzelândia, cidade de cerca de 20 mil habitantes que tem na agropecuária sua principal fonte de renda. Além de impossibilitar o plantio de grãos e demais produtos agrícolas, a falta de água e de alimentação para o rebanho fez com que pecuaristas negociassem animais a preços abaixo do mercado, reduzindo o rebanho de cerca de 50 mil cabeças para 10 mil.

A medida foi adotada para evitar a morte dos bovinos por fome. A situação é considerada desesperadora pelos pecuaristas, uma vez que as previsões são de permanência da seca por mais um ano, já que as precipitações, que deveriam já estar regulares, ainda não aconteceram como era esperado. Dessa forma, estima-se que a pecuária demore em torno de dez anos para voltar ao que era antes.

Segundo o prefeito, Felisberto Rodrigues, os impactos da estiagem têm sido muito severos. Com o comprometimento da produção agropecuária, uma das principais fontes de geração de renda, o Produto Interno Bruto (PIB) local está em queda.

"Em 2011, quando enfrentávamos os primeiros efeitos da seca, o PIB do município girava em torno de R$ 100 mil. Com as perdas, o valor caiu significativamente. Nosso temor é enfrentar mais um ano de estiagem, isso porque, até o momento, as chuvas não estão regulares, forte indício de que 2015 será um ano ainda mais difícil".

Para o secretário de Infraestrutura e Obras de Varzelândia, José Airton Leite da Cruz, serão necessários cerca de dez anos, após a regularização das chuvas, para que a pecuária volte a atingir os níveis observados antes da seca. "A falta de água é tão severa que secou o capim que compõe as pastagens. Isso significa que, mesmo com a regularização das chuvas, será necessário investir primeiro na recuperação das pastagens, que leva em média de 3 a 4 anos. Somente após os pastos estarem recuperados teremos condições de desenvolver a pecuária como antes, o que pode levar 10 anos".

A pecuária no município é voltada para a produção de animais de recria, que são comercializados em todo o país. Com a seca, os dados da prefeitura em relação à produção agropecuária mostram que o rebanho de bovinos foi reduzido para apenas 20% das cerca de 50 mil cabeças criadas no município. O índice de nascimento de bezerros está abaixo de 15%.

Desespero

De acordo com o secretário municipal de Agricultura e Abastecimento de Varzelândia, Expedito Rodrigues de Oliveira, os pecuaristas, para não deixar os animais morrerem de fome, comercializaram o rebanho a preços muito abaixo dos de mercado, acumulando ainda mais prejuízos. Com a escassez de água e o comprometimento da saúde do rebanho, a produção de leite também foi afetada e a única cooperativa de leite do município fechada, devido à baixa captação e queda dos rendimentos.

"Houve uma redução significativa do rebanho. As matrizes, sem alimentação correta, deixaram de produzir bezerros e leite. Muitos pecuaristas negociaram gado que valia mais de R$ 1 mil por R$ 500, para evitar a morte dos animais. No caso do bezerro macho, cujos preços normais giram em torno de R$ 700 por cabeça, foram comercializados a R$ 300".

Outro reflexo negativo foi na produção de suínos, que ficou 60% inferior. Antes da seca, o rebanho era estimado em 3,5 mil animais.


Fonte: FAEMG

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