segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Agroecologia é alternativa para aumento na produção e na renda

Um dos principais preceitos da agroecologia e do cultivo orgânico é a necessidade de se ampliar a produção de alimentos sem provocar danos ao meio ambiente e aos recursos naturais. Com o objetivo de implantar esses conceitos na agricultura familiar, responsável por 70% da produção agrícola no país, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG - apresentou as bases de ação do Programa Especial de Agroecologia e Produção Orgânica. 

O programa está alinhado às propostas das políticas federais e estaduais sobre agroecologia e agricultura orgânica e tem como foco principal a agricultura familiar. "As ações devem buscar a melhoria da qualidade de vida da população rural aumentando a produtividade e a rentabilidade dos agricultores", destacou o pesquisador do EPAMIG Paulo César de Lima, coordenador do programa.  


O objetivo é desenvolver ações baseadas na prospecção de demandas por meio de metodologias participativas. "Chegou o momento de a pesquisa se aprofundar neste tema e trazer a sociedade civil para a discussão. Temos um compromisso na proposição e difusão de alternativas para o desenvolvimento rural sustentável", afirmou o presidente da EPAMIG, Marcelo Lana, em solenidade realizada nesta quinta-feira (27), na Sede da Empresa, em Belo Horizonte. 

O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Silva, destacou este como um novo momento da agropecuária em Minas. "A agricultura familiar está se posicionando com um importante pilar para a segurança alimentar", afirmou. O presidente do Consea - MG, Dom Mauro Morelli, ressaltou que os 130 municípios que integram o programa estruturador "Cultivar, nutrir e educar" já superaram a meta de utilizar na merenda escolar 30% de produtos da agricultura familiar. "O Estado de Minas é pioneiro ao criar uma lei de segurança alimentar e nutricional e está se firmando no apoio à agricultura familiar. Hoje 20% de todo alimento adquirido pelo Governo do Estado é fornecido por pequenos produtores", afirmou. 

As bases de ação do Programa Especial foram elaboradas em conjunto com um grupo técnico consultivo com a participação de 13 instituições (cinco governamentais e oito entidades de classe e sociedade civil) nomeado pela Seapa. Também compareceram à solenidade representantes de instituições parceiras e de entidades ligadas à agricultura familiar e à segurança alimentar. 
  
Agroecologia na EPAMIG 

O sistema agroecológico auxilia na preservação ambiental, reduz a aplicação de insumos industrializados e com isso diminui o custo de produção. Além disso, o cultivo orgânico eleva em 30% o valor do produto final em comparação aqueles que utilizam agrotóxicos e defensivos agrícolas. 

Nos últimos anos, a EPAMIG desenvolveu vários projetos de pesquisa envolvendo o cultivo orgânico e a preservação ambiental. Experimentos realizados nas unidades regionais Zona da Mata, Centro-Oeste e Norte de Minas têm sido bem sucedidos no cultivo de hortaliças convencionais e não-convencionais, café, morango, banana, pimenta, dentre outras culturas. "As atividades em agroecologia tem crescido gradativamente e a perspectiva é que continuem aumentando, uma vez que um parecer da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura aponta a prática como a principal alternativa para o combate a fome e a segurança alimentar", completa Paulo Lima. 


Fonte: Epamig

Selo Indígenas do Brasil valoriza artesanatos e produtos extrativistas

Com o objetivo de promover a identificação étnica e territorial de produtos indígenas, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Ministério da Justiça instituíram o Selo Indígenas do Brasil. Para obter o Selo é preciso que os produtos sejam provenientes de aldeias indígenas e preencham os mesmos requisitos estabelecidos para a concessão do Selo de Identificação da Participação da Agricultura Familiar (Sipaf) do MDA.

O interessado deve encaminhar a solicitação ao MDA junto com documentação emitida pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Ele deve comprovar que a atividade ou o empreendimento estão em áreas ocupadas por povos indígenas e obter a permissão da comunidade. A lista dos produtos deverá constar em ata junto com os dados dos produtores. A requisição é gratuita e leva até 90 dias para ser expedida.

O Selo é um instrumento do Governo Federal para valorizar e estimular a comercialização de alimentos, artesanatos e produtos extrativistas. “Qualquer povo indígena, de qualquer etnia, em qualquer lugar do Brasil poderá solicitar ao MDA a permissão para utilizar o selo. A produção indígena é bastante diversificada e de qualidade”, ressalta o coordenador geral de povos e comunidades tradicionais do MDA, Edmilton Cerqueira.

A identidade visual do Selo foi desenvolvida pela Funai a partir de elementos do artesanato, da agricultura e do extrativismo tradicional como cestaria, milho, mandioca, banana, açaí e guaraná.

Segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população total de indígenas no Brasil é de 817.963, sendo 305 etnias e 274 línguas diferentes.



Varzelândia amarga perdas com a seca

A estiagem rigorosa que castiga o Norte do Estado há cerca de 4 anos tem causado prejuízos incalculáveis em Varzelândia, cidade de cerca de 20 mil habitantes que tem na agropecuária sua principal fonte de renda. Além de impossibilitar o plantio de grãos e demais produtos agrícolas, a falta de água e de alimentação para o rebanho fez com que pecuaristas negociassem animais a preços abaixo do mercado, reduzindo o rebanho de cerca de 50 mil cabeças para 10 mil.

A medida foi adotada para evitar a morte dos bovinos por fome. A situação é considerada desesperadora pelos pecuaristas, uma vez que as previsões são de permanência da seca por mais um ano, já que as precipitações, que deveriam já estar regulares, ainda não aconteceram como era esperado. Dessa forma, estima-se que a pecuária demore em torno de dez anos para voltar ao que era antes.

Segundo o prefeito, Felisberto Rodrigues, os impactos da estiagem têm sido muito severos. Com o comprometimento da produção agropecuária, uma das principais fontes de geração de renda, o Produto Interno Bruto (PIB) local está em queda.

"Em 2011, quando enfrentávamos os primeiros efeitos da seca, o PIB do município girava em torno de R$ 100 mil. Com as perdas, o valor caiu significativamente. Nosso temor é enfrentar mais um ano de estiagem, isso porque, até o momento, as chuvas não estão regulares, forte indício de que 2015 será um ano ainda mais difícil".

Para o secretário de Infraestrutura e Obras de Varzelândia, José Airton Leite da Cruz, serão necessários cerca de dez anos, após a regularização das chuvas, para que a pecuária volte a atingir os níveis observados antes da seca. "A falta de água é tão severa que secou o capim que compõe as pastagens. Isso significa que, mesmo com a regularização das chuvas, será necessário investir primeiro na recuperação das pastagens, que leva em média de 3 a 4 anos. Somente após os pastos estarem recuperados teremos condições de desenvolver a pecuária como antes, o que pode levar 10 anos".

A pecuária no município é voltada para a produção de animais de recria, que são comercializados em todo o país. Com a seca, os dados da prefeitura em relação à produção agropecuária mostram que o rebanho de bovinos foi reduzido para apenas 20% das cerca de 50 mil cabeças criadas no município. O índice de nascimento de bezerros está abaixo de 15%.

Desespero

De acordo com o secretário municipal de Agricultura e Abastecimento de Varzelândia, Expedito Rodrigues de Oliveira, os pecuaristas, para não deixar os animais morrerem de fome, comercializaram o rebanho a preços muito abaixo dos de mercado, acumulando ainda mais prejuízos. Com a escassez de água e o comprometimento da saúde do rebanho, a produção de leite também foi afetada e a única cooperativa de leite do município fechada, devido à baixa captação e queda dos rendimentos.

"Houve uma redução significativa do rebanho. As matrizes, sem alimentação correta, deixaram de produzir bezerros e leite. Muitos pecuaristas negociaram gado que valia mais de R$ 1 mil por R$ 500, para evitar a morte dos animais. No caso do bezerro macho, cujos preços normais giram em torno de R$ 700 por cabeça, foram comercializados a R$ 300".

Outro reflexo negativo foi na produção de suínos, que ficou 60% inferior. Antes da seca, o rebanho era estimado em 3,5 mil animais.


Fonte: FAEMG

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Emater-MG mostra como reduzir danos da estiagem no semiárido


O município de Guaraciama, localizado a 53 quilômetros de Montes Claros, no Norte de Minas, é um exemplo de que, com planejamento e técnicas adequadas, é possível amenizar os efeitos das longas estiagens, típicas da região do semiárido. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), juntamente com outras instituições, realiza obras de construção de barraginhas e terraços em nível, entre outras ações que têm como objetivo ajudar os produtores rurais a resistirem com menos prejuízos no período seco.

A meta em Guaraciama é construir mais 3 mil barraginhas até 2016, além de terraços em nível e cercamento das nascentes do município. O objetivo é ser referência nas ações que envolvam a disponibilidade de água na região. “A participação da comunidade, dos produtores e da Prefeitura foi primordial para que o trabalho fosse realizado, assim como entidades como a Ruralminas”, afirma o extensionista José Valter Alves, um dos responsáveis pelo projeto no município.

“Atualmente, trabalhamos na implantação e construção de 500 barraginhas, no cercamento de seis nascentes e 20 quilômetros de matas ciliares, além da construção de 30 quilômetros de terraços em nível”, explica o técnico da Emater-MG. Ele conta que as ações fazem parte de um planejamento detalhado: “Em 2004, a Emater-MG elaborou para a Agência Nacional de Águas (ANA) vários projetos de recuperação hidroambiental. Em cada município, os extensionistas, em parceria com autoridades e produtores locais, selecionaram uma sub-bacia para ser recuperada.”

Os recursos para as ações vêm do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), com participação da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ruralminas e Emater-MG.

As chuvas irregulares e o longo período de estiagem que assolam o semiárido mineiro são motivo de preocupação constante na região. “Precisamos que a água da chuva infiltre, chegue ao subsolo e abasteça o lençol freático, para que os poços tubulares continuem a funcionar. Esses cuidados favorecem também a recuperação de nascentes que abastecem o leito dos rios”, detalha o extensionista José Alves.

Aproximadamente 200 famílias de cinco comunidades de Guaraciama são beneficiadas, atualmente, pelas ações da Emater-MG. “Os extensionistas dão assistência técnica na marcação de barraginhas  e dos terraços  em  nível. O cercamento da mata ciliar, também com o apoio dos produtores, é realizado por uma empresa contratada para esse fim”, afirma José Valter.

Capacitação de extensionistas

E, na região do Jequitinhonha, a Emater-MG realiza capacitação para extensionistas rurais que atuam em municípios atingidos por estiagem prolongada. O treinamento, de 3 a 7 de novembro, acontece em Minas Novas  e é conduzido pelos coordenadores técnicos Luiz Aroldo Almeida (de Montes Claros), Geraldo Magela Magalhães (de São Francisco) e Henrique Queiróz Borges, de Capelinha.
O objetivo do curso é capacitar técnicos extensionistas para a realização de ações em programas regionais de convivência com os efeitos da seca. Mais informações com Henrique Borges, no escritório da Emater-MG em Capelinha, pelo telefone (33) 3516-2028.


Fonte: Emater / MG

Com início da Piracema fiscalização se intensifica nas bacias mineiras

Teve início, no sábado, dia 1º de novembro, conforme previsto nas portarias do Instituto Estadual de Florestas (IEF) 154, 155 e 156/2011, o período da Piracema, época em que os peixes sobem os rios até suas nascentes para se reproduzir e desovar. Por ser considerada fase de defeso, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), por meio da Diretoria de Pesca, iniciou operações de fiscalização nas bacias hidrográficas mineiras a fim de coibir ação de infratores.

Nesta época do ano, com a ocorrência de chuvas, aumenta o nível dos rios que tendem a transbordar e abastecer lagoas marginais e alagadiços. Isso permite que os peixes cheguem até esses locais, conhecidos como berçários, ou que subam às cabeceiras, onde encontram condições ambientais adequadas para desovar: águas mais quentes, oxigenadas e turvas, o que ajuda na proteção contra predadores.

No entanto, cansados da longa jornada, os peixes adultos se tornam presa fácil de predadores. Além disso, muitos pescadores se aproveitam dessa fragilidade para capturá-los com grande facilidade, provocando a redução drástica dos estoques pesqueiros futuros. Mesmo antes da Piracema, muitas fêmeas que sobem o rio já estão ovadas e é responsabilidade de cada pescador soltá-las, como também praticar a pesca consciente.

Neste ano, de acordo com o diretor de Pesca da Semad, Marcelo Coutinho, em função do longo período de estiagem e a consequente baixa vazão dos rios, os peixes acabam concentrados em uma área menor, o que os torna mais susceptíveis à pesca predatória. “Em função disso, estamos intensificando as operações de fiscalização a fim de coibir a ação de infratores. Além da equipe da Semad, trabalhamos numa parceria com a Polícia Militar de Meio Ambiente”, afirma Coutinho.

Período de Defeso

Os governos Federal e Estadual instituem durante a Piracema o período de defeso para rios e águas continentais. Esse período vai de 1º de novembro até 28 de fevereiro do ano seguinte. Em Minas Gerais é permitida apenas a pesca com limite de quantidade para espécies exóticas (de outros países), alóctones (de outras bacias brasileiras), híbridos (produzidos em laboratório), além de poucas espécies autóctones (nativas da bacia).


Fonte: SEMAD

Novo estudo liga desmatamento da Amazônia a seca no país


O pesquisador Antônio Nobre, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST), braço do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) analisou mais de 200 artigos científicos sobre a Amazônia e sua relação com o clima e as chuvas no Brasil, e concluiu que o desmatamento dessa região influencia a falta de água sentida nas regiões mais populosas do país, incluindo o Sudeste.


A diminuição da quantidade de árvores no bioma impede o fluxo de umidade entre o Norte e o Sul do país, aponta o estudo divulgado nesta quinta-feira (30/10).

O relatório “O Futuro Climático da Amazônia”, encomendado pela Articulação Regional Amazônia, rede composta por várias associações sul-americanas, tenta explicar as possíveis causas e efeitos da bagunça climática recente e apresenta soluções que minimizariam os impactos negativos dessas alterações.

De acordo com o pesquisador, a falta de precipitação, sentida principalmente no Sudeste, em especial no estado de São Paulo, seria consequência indireta do desflorestamento amazônico. Desde o início da década de 1970 até 2013, a exploração madeireira e o desmatamento gradual retiraram do bioma 762.979 km² de floresta, área equivalente a duas Alemanhas. Os dados referem-se ao desmate total (chamado de corte raso).
A retirada da cobertura vegetal interrompe o fluxo de umidade do solo para a atmosfera. Desta forma, os “rios voadores”, nome dado a grandes nuvens de umidade, responsáveis pelas chuvas, que são transportadas pelos ventos desde a Amazônia até o Centro-Oeste, Sul e Sudeste brasileiros, não “seguem viagem”, causando a escassez hídrica.

“A estação seca está se estendendo por maior tempo nas regiões mais desmatadas e as nuvens de chuva dos rios aéreos não estão chegando, a partir da floresta ainda existente, em áreas que anteriormente chegavam. Esse efeito tem conexão direta com o desmatamento”, disse Nobre aoG1. "As regiões mais desmatadas são a saída dos rios aéreos da Amazônia para o resto da América do Sul Meridional", complementou.

Segundo a investigação, por dia, a Amazônia libera na atmosfera 20 trilhões de litros de água transpirada. Nobre compara a força das árvores aos gêiseres, nascentes termais que lançam periodicamente jatos de água quente para o alto. Essa transpiração, segundo o estudo, torna ainda mais valiosa a floresta (além da sua vasta biodiversidade).

Tendência de mais desmatamento
Uma das soluções apresentadas pela pesquisa para evitar a descontinuidade no fluxo de umidade, e, desta forma, reduzir o agravamento da seca no Brasil, é zerar o desmatamento na Amazônia. No entanto, isso parece longe de acontecer.
Levantamento apresentado este mês pela organização Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apontou aumento de 191% no desmate da floresta em agosto e setembro de 2014, em relação ao mesmo bimestre de 2013.

Apesar de o dado ser paralelo ao divulgado pelo governo, que usa os sistemas Deter e Prodes, as informações mais atualizadas do próprio Deter, referentes a junho e julho, apontaram aumento de 195% na perda de vegetação na comparação desses períodos entre 2014 e 2013.
Outro ponto alarmante é que o Brasil não assinou na Cúpula do Clima, realizada pelas Nações Unidas em setembro, um acordo criado para reduzir pela metade a perda de florestas até 2020 e zerá-la até 2030.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse na ocasião que o país não foi “convidado a se engajar no processo de preparação” da declaração. Em vez disso, segundo ela, o país recebeu uma cópia do texto da ONU, que pediu para aprová-lo sem a permissão de sugerir qualquer alteração. O Itamaraty acrescentou que o documento não é da ONU, mas dos países que o assinaram, e que o texto necessitava de melhorias, por isso o Brasil optou por não assinar.

Nobre acredita que o governo brasileiro, ao não assinar a declaração das florestas, desconhecia os termos presentes no atual relatório e tem “a esperança de que tais argumentos serão absorvidos pelos negociadores".

No trabalho, ele cita outras soluções para reverter a situação de crise na Amazônia e suas consequências drásticas: popularizar os fatos científicos que explicam a importância do bioma para o clima; reduzir as queimadas que atingem a região; recuperar as áreas desmatadas com replantio de novas florestas; e contar com "esforços de guerra" do governo e da sociedade para financiar ações de preservação e conter o avanço da degradação.

“O diagnóstico é muito sério, as ameaças são reais e as soluções ainda estão ao alcance para reverter este quadro”, finaliza o pesquisador.


Fonte: G1.Globo

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Arqueologia, Cultura e História do Norte de Minas são destaques no Museu Regional

Objetos utilizados pelos tropeiros ajudam a explicar a ocupação do Norte de Minas (fotos: Solon Queiroz)
 
Aspectos arqueológicos, culturais, históricos, literários e naturais, além da culinária e do artesanato regional estão expostos no Museu Regional do Norte de Minas, inaugurado na noite dessa terça-feira (30/9), no antigo Casarão da Fafil. O espaço também é dotado de equipamentos multimídia, com exibição de vídeos sobre a história dos municípios norte-mineiros.

A diretora do museu, Raiana Maciel Librelon, explica que está em funcionamento o serviço de visitas guiadas feito por treze acadêmicos do curso de História da Unimontes que atuam como monitores. O agendamento das visitas para escolas públicas e particulares deve ser feito com antecedência.

O acervo do museu foi dividido em quatro espaços temáticos: “Sala do Meio Ambiente”, com painéis de fotos e vitrines expositoras com sementes de espécies vegetais do cerrado norte-mineiro como ipê, aroeira, garopa, fava danta, cagaita, mutamba e coco macaúba; “Sala da Ocupação da região do Norte de Minas”, também com painéis, que exibem imagens de sítios arqueológicos e mostra de artefatos do período pré-histórico como machadinhas e instrumentos de corte.
Há, também, a “Sala do Desenvolvimento de Montes Claros” é dotada de painéis com fotos e a exposição de utilitários, como selas, panelas, arreios e outros artefatos usados pelos antigos tropeiros. Na sala “Saberes e Fazeres e Celebrações” estão os painéis com fotos, material de artesanato, estandartes e vestimentas dos dançantes das Festas de Agosto de Montes Claros, com catopés, marujos e caboclinhos.

No espaço multimídia, segundo explica a curadora do museu, professora Marta Verônica Vasconcelos Leite, os usuários podem obter informações e assistir vídeos sobre a cultura e a historia dos municípios norte-mineiros. No andar superior, há duas exposições artísticas: a “Eco Art”, de artistas da América Latina, e a Mostra de Artista
s Norte-mineiros, com telas de nomes como Yara Tupinambá, Konstantin Christoff, Godofredo Guedes e Felicidade Patrocínio, dentre outros.


Fonte: Unimontes

Os usos múltiplos do maracujá

Da flor à casca, veja o que pode ser feito com a fruta

As variedades azeda (ou amarela) e doce são as mais utilizadas no país (Foto: Anderson Schneider / Ed. Globo)

Nativo da América Tropical, o fruto do maracujazeiro possui vitaminas A, C e do complexo B, além de sais minerais como potássio, ferro e cálcio. Além de maior produtor, o Brasil é o que mais consome maracujá no mundo. No entanto, apesar de existirem mais de 150 espécies e cerca de 70 viáveis para comercialização, o país utiliza apenas duas em maior escala (a variedade azeda, Passiflora edulis e a doce, Passiflora alata), afirma Ana Maria Costa, pesquisadora da Embrapa Cerrados e líder da Rede Passitec (Desenvolvimento Tecnológico para Uso Funcional e Medicinal das Passifloras Silvestres).
 
Atualmente, a Embrapa trabalha no desenvolvimento de cultivares novas, com propriedades diferentes, maior produtividade e usos múltiplos. O maracujá pérola, por exemplo, é rico em ferro e tem mais taliamina do que a maçã, além de ser fácil de produzir. Lançado em maio de 2013, já está sendo inserido no mercado por produtores do Distrito Federal e utilizado na merenda escolar, conta Ana Maria.
 
Segundo a pesquisadora, aproximadamente 900 mil toneladas da fruta são produzidas por ano. “A maioria vai para a produção de suco e isso gera um passivo ambiental [resíduos, como cascas e sementes] de cerca de 600 mil toneladas”. Hoje, a rede de pesquisas tem estudos para utilizar as partes do maracujazeiro de forma completa. “Tirando o suco, o resto é pouco aproveitado pela indústria”. Para ela, esses resíduos “têm potencial de industrialização e vão enriquecer o cardápio do brasileiro”.
 
Veja o que pode ser feito com cada parte:
 
1) Polpa
 
A polpa do maracujá azedo, o mais popular no país, é utilizada majoritariamente na indústria de sucos e em preparações caseiras. Já o doce é o famoso “maracujá de colher”, onde a polpa é consumida in natura.
 
2) Casca
 
De acordo com Ana Maria Costa, atualmente grande parte das cascas ou vão para o lixo ou para ração animal e adubo, mas a farinha feita da casca começa a ser difundida. “Ela contribui para diminuir a absorção de açúcar e gordura, ajuda no equilíbrio do intestino e dá a sensação de saciedade”, conta a pesquisadora. Com grande quantidade de fibras, pesquisas da Rede Passitec já testaram o uso da farinha em queijos e iogurtes.

A pesquisadora lembra que para obter uma boa farinha, é preciso cuidado no processamento. “São necessárias boas práticas de higiene para fabricar um produto de boa qualidade”. Segundo ela, nem sempre as grandes indústrias têm essa preocupação com a casca, por isso, os fabricantes da farinha normalmente compram a matéria-prima de processadoras menores. “A farinha boa é clarinha, bem fina e tem baixo teor de amargor”, ressalta.

A Rede Passitec também já desenvolveu um espessante a partir da casca, que foi testado em escala laboratorial na fabricação de queijo, requeijão e sorvete. A pesquisadora conta que alguns produtos já estão começando a atingir o mercado. Ela cita como exemplo a Associação de Produtores de Unaí que farão, até o fim de novembro, o primeiro teste de colocação no mercado do queijo com fibras da casca do maracujá. “Outras cooperativas também já estão se interessando por colocar o produto no mercado”.
 
A pesquisadora diz que também já existe licor e cachaça feitos a partir da casca fermentada. “Nesse caso, é possível usar o resíduo de grandes indústrias, uma vez que o processo de fermentação purifica o material”.


Sementes podem ser aproveitadas em diversos produtos
(Foto: Soraya Pereira/Embrapa)
3) Semente

Além de enfeitar mousses e outros pratos, ela pode ser transformada em óleo a ser usado na indústria alimentícia e de cosméticos. A Extrair Óleos Naturais produz três produtos com a semente da fruta: a versão desidratada, o óleo e o farelo desengordurado, que é a torta resultante da extração do óleo.
 
Sandro Reis, sócio-gerente fundador da empresa, explica que a matéria-prima vem de indústrias de polpa da fruta de diversos Estados brasileiros. “O material vem sujo e é limpo na fábrica. Utilizamos um processo de limpeza desenvolvido pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) que faz isso de forma mais rápida”. Reis diz que a rapidez do processo possibilita a fabricação de um produto de melhor qualidade, pois evita a deterioração da semente, que estraga dois dias depois de ser retirada.
 
Ana Maria ressalta que o óleo tem boa quantidade de ômega 6 e é utilizado tanto na indústria alimentícia quanto na cosmética. “Ele pode ser usado como emoliente, pois diminui o inchaço debaixo dos olhos”. Sandro afirma que “o farelo é interessante tanto na fabricação de esfoliantes quanto para substituir em até 25% a farinha em pães, principalmente na linha integral”.

Flor tem uso cosmético e ornamental (Foto: Breno
Lobato/Embrapa)
4) Flor


De beleza marcante, a flor do maracujá é empregada na indústria de cosméticos por seu aroma. Algumas espécies também são plantadas com o propósito do uso ornamental.

5) Folha


É da folha do maracujá doce (passilfora alata) que a passiflorina utilizada em remédios é extraída pela indústria farmacêutica. É também da folha dessa espécie que a Natura extrai dois flavonóides empregados na fabricação de cremes rejuvenescedores. “São muito interessantes do ponto de vista cosmético, pois tem propriedade de regeneração celular”, afirma a pesquisadora.




Fonte: Globo Rural

Pecuarista tem alternativas para evitar prejuízos com a seca

Foto: Danilo Moreira/Embrapa Pecuária Sudeste
Entre os meses de outubro e novembro, os pecuaristas já precisam começar o planejamento para o próximo período de seca, quando o crescimento da pastagem é mais lento e a qualidade do pasto também é menor. Na época de seca, o efeito sanfona do animal, gordo na época das águas e magro na época seca, aparece.

Para minimizar o impacto da estiagem e da diminuição de temperatura em algumas regiões, é necessário iniciar o planejamento com um ano de antecedência. Assim, quando chegar o período de seca, o produtor estará preparado para enfrentá-lo.

O pecuarista tem alternativas para evitar prejuízos. Mas para isso, ele deve ter uma estimativa do rebanho ao logo do ano, ter noção da capacidade de produção de forragem dos pastos e saber qual é o ganho de peso dos animais em cada categoria.

Uma das possibilidades é reservar uma parte do pasto na época de chuvas para que o gado possa se alimentar na seca. A vedação deve ser realizada no terço final do período chuvoso para garantir uma alimentação adequada durante os meses de seca.

A produção de silagem, feno ou cana-de-açúcar pode ser alternativa viável, dependendo da região e das condições do produtor. A integração lavoura-pecuária-floresta também pode colaborar na melhoria do solo, na recuperação da pastagem, além de oferecer produtividade e qualidade do pasto.

Conhecer as características climáticas da região e os impactos sobre o desenvolvimento do capim é importante para reduzir os riscos do período de seca. Os zoneamentos agroclimáticos para plantas forrageiras podem servir de subsídio no planejamento das atividades agropecuárias.


Fonte: Rural BR 


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Oficina discute TT mais ágil nos projetos de combate à miséria no Semiárido

O apoio da Embrapa às políticas públicas de combate à miséria já contabiliza a instalação de mais de 300 Unidades de Aprendizagem em 14 Territórios da Cidadania localizados no Semiárido. Com 12 projetos em execução e mais cinco que iniciam suas atividades neste ano, a instituição discute ajustes entre suas áreas de pesquisa, de transferência de tecnologia e de administração para intensificar e dar maior eficiência à sua participação.

Até a conclusão dos projetos, a Embrapa deverá apresentar números ainda mais expressivos. Serão instaladas cerca de 1.300 tecnologias de captação, armazenamento e conservação das águas de chuva, como cisternas de consumo e de produção, barraginhas, barragens subterrâneas, entre outras. Viveiros para a criação de galinhas caipiras serão 110. Há, ainda, metas para a introdução de técnicas de produção e conservação de forragens, criação de abelhas, manejo dos rebanhos e instalação de pequenas hortas nos quintais das residências nas áreas rurais.

Boas práticas - As ações da Embrapa de apoio no combate à miséria tiveram início em 2012. De acordo com Fernando do Amaral Pereira, chefe do Departamento de Transferência de Tecnologia (DTT), o atual momento é de consolidar os projetos, principalmente com a otimização dos processos administrativos para aquisição de insumos e de equipamentos e contratação de construções.

A questão foi tratada na Oficina de Boas Práticas dos Projetos da Embrapa no Combate à Fome e Miséria no Semiárido, realizada na cidade de Petrolina (PE), nos dias 19 e 20 de agosto. Nela, pesquisadores e técnicos de nove Unidades da Embrapa sediadas no Nordeste e Minas Gerais apresentaram e debateram avanços e dificuldades na execução dos projetos com os chefes-adjuntos de Transferência de Tecnologia e de Administração, além do chefe da Assessoria Jurídica (AJU) da Empresa, Antônio Nilson Rocha, e de advogados que atuam nas UDs.

Segundo Fernando do Amaral, a oficina foi uma oportunidade de socializar experiências de gestão dos projetos. A participação do chefe da AJU e da equipe de advogados teve o objetivo de esclarecer procedimentos legais que dão a necessária segurança jurídica aos gestores na prática de atos administrativos. Segurança que costuma destacar a Embrapa na área pública pela eficiência de 98% na execução do seu orçamento e, o que é importante, sem restrições de ordem legal.

Aprendizagem - Existem dois tipos de projeto de combate à miséria em andamento. Um, territorial, é voltado para a implantação de tecnologias nas chamadas Unidades de Aprendizagem, a exemplo dos fogões ecológicos, plantas forrageiras e hortas. Doze deles estão em execução.

Outro tipo, o transversal, trata de temas que são comuns a todos os 14 territórios. Água, por exemplo, que é fundamental para viabilizar a implantação de outras ações e tecnologias do projeto. Outros temas transversais são os de galinha caipira, rede de multiplicação de manivas de mandioca, ações de capacitação e de divulgação de informações tecnológicas e acompanhamento, monitoramento e avaliação de impacto dos projetos da Embrapa nessa área.

De acordo com o chefe do DTT, os pesquisadores e técnicos da Embrapa e das instituições parceiras ainda enfrentam o desafio de atuar nos programas de combate à miséria "com" os agricultores e não "para" os agricultores. Nessa forma, que não impõe a adoção de tecnologias, a relação com os agricultores é marcada pelo diálogo e pela avaliação conjunta do que é viável no ambiente onde mantêm suas atividades agrícolas.

Para Fernando do Amaral, cada realidade tem sua especificidade. "Mesmo no Semiárido existem vários ambientes distintos e a tecnologia não é autoaplicável em qualquer um deles. Portanto, precisa passar por adaptações e ajustes conforme as condições do ambiente onde está localizada a propriedade".

Ainda segundo o chefe do DTT, "o objetivo é buscar uma eficiência que torne as pessoas capazes de agregar valor à sua produção, colher alimentos e, quem sabe, dispor de um excedente que possa ser comercializado nos mercados locais. Não vamos impor tecnologias aos agricultores".

Fonte: Embrapa.


Construção de curral no norte de Minas


Numa propriedade rural, que trabalhe com a criação de bovinos de corte ou leite, seja ela grande ou pequena, é indispensável a existência de um curral. O treinamento, com o objetivo de orientar o produtor a construir a benfeitoria, foi realizado no Haras HP em Montes Claros, pela primeira vez no estado.

O curso, promovido pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros e SENAR MINAS, contou com a participação de oito produtores e trabalhadores rurais, que receberam orientações desde a fixação dos mourões até o acabamento.
 
Segundo o gerente regional do SENAR em Montes Claros, Dirceu Martins, o treinamento vai permitir ao participante que ele mesmo construa o curral de sua propriedade, investindo apenas na madeira e dobradiças. Uma economia significativa, pois a construção de um curral convencional de 25 metros quadrados, conforme apuração do mobilizador do Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros, Osmani Barbosa Neto, pode custar até R$ 8 mil.

“A madeira de reflorestamento, usada nos treinamentos, é protegida contra fungos e insetos, tem o preço mais em conta e pode durar até 20 anos”, diz o gerente. Segundo Dirceu, o grande ganho com este tipo de curral, além de financeiro, é ambiental. “Grande parte dos currais construídos no norte de Minas utiliza madeira de Aroeira, espécie ameaçada de extinção e hoje protegida por lei”.

Para os instrutores, Anderson Pinto Botelho e Vandeir Santos Vieira, o treinamento oferecido pelo SENAR MINAS permite facilidades na formação de mão de obra, pois a madeira roliça possibilita a padronização dimensional das peças e dos encaixes, facilitando o aprendizado dos alunos. Permite Também maior racionalização de recursos e melhor custo benefício.

Conforme os produtores, Hélio Pinheiro e Felisberto Costa, o curral é uma das instalações mais importantes na propriedade, pois é usado na vacinação, apartação, castração, ordenha, ferragem, contenção e tratamentos veterinários.

Sebastião Frões Souza, carpinteiro de profissão, trabalha com construção de cercas, telhados, galpões, dentre outros, mas nunca tinha construindo um curral. Ficou impressionado com as facilidades proporcionadas pelas orientações repassadas no treinamento. “Nunca pensei que pudesse construir um curral sem a ajuda de ninguém. Estou encantado com esta possibilidade”.


Fonte: FAEMG.

Bovinocultura e produção de leite são afetados pela seca em Minas Gerais

Alguns municípios de Minas Gerais estão sofrendo com a falta de chuva em suas lavouras. São 103 cidades, entre as quais São Francisco, Januário e Montes Claros. Regiões agrícolas, as produções locais têm sofrido com o clima. A mais prejudicada é a de leite, que representa cerca de 27% da produção nacional.

Segundo a meteorologista Josélia Pegorim, o mês de setembro tende a ser seco como agosto, que registrou 3,3 mm de chuva em Belo Horinzonte- 76% abaixo da média de precipitação. “A tendência é que a segunda semana de setembro seja marcada por quase ou nenhuma chuva, voltando às condições de tempo seco e quente em Minas Gerais. A chuva só será vista na próxima semana, na quinta-feira atingindo todo o Centro-Sul do Estado”, diz Josélia.

A estiagem tem reduzido a área dos pastos, problema que já vem ocorrendo nos últimos três anos. Para controlar o número de bovinos em relação aos espaços de pastagem, o estado decidiu abater as fêmeas, mas não adiantou. Minas Gerais teve toda sua cadeia bovina desvalorizada pela falta de qualidade, já que não havia uma alimentação equilibrada para os rebanhos. Diante disso, os pecuaristas sentiram a necessidade de realizar aproximadamente 17% de abates para a própria sobrevivência, o que resultou em uma alta dos preços para a venda.

De acordo com o analista de agronegócio Wallisson Lara Fonseca, os pecuários e os que lidam com a produção de leite devem olhar atentamente as necessidades de suas propriedades para gerir melhor. “Para se adquirir uma melhor gestão e com sustentabilidade é preciso trabalhar para manter uma qualidade na matéria-prima , vislumbrando atender o mercado externo, que cada vez se torna mais exigente. E que tem sido uma vitrine para ter como objetivo exportar o leite e não somente continuar no privado”, afirma Wallisson.

Sobre o Grupo Climatempo

O Grupo Climatempo é a maior empresa privada de meteorologia do país. Fornece, atualmente, conteúdo para mais de 50 retransmissoras nacionais de televisão, para rádios de todo o Brasil e para os principais portais. Com cerca de 1.100 clientes, a empresa atua principalmente em dois segmentos: o de agronegócios e o de meios de comunicação. Oferece também conteúdo meteorológico estratégico para empresas de moda e varejo, energia elétrica, construção civil, transporte e logística, além de bancos, seguradoras e indústrias farmacêutica e de alimentos. O Grupo é presidido pelo meteorologista Carlos Magno que, com mais de 27 anos de carreira, foi um dos primeiros comunicadores da profissão no país.




terça-feira, 19 de agosto de 2014

Embalagem de bagaço de cana surge como alternativa para o transporte de alimentos

 
Segundo a União da Indústria de cana-de-açúcar (Unica), na safra 2013/2014 o Brasil produziu 653.444 milhões de toneladas de cana. Cada tonelada gera em média 140 kg de bagaço. De olho no potencial desse resíduo, profissionais da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP de Pirassununga criaram embalagens para frutas, bebidas e hortaliças feitas a partir de painéis de bagaço de cana.
 
A iniciativa está sendo coordenada pelo professor Juliano Fiorelli e conta com a participação de alunos do Laboratório de Construções Rurais e Ambiência e do Laboratório de Tecnologia de Embalagens da FZEA. De acordo com Fiorelli, apesar de ser aproveitado para a produção de energia por combustão, o bagaço de cana está disponível em grandes quantidades na região, o que estimulou o grupo a desenvolver as ecoembalagens.

O processo de transformação da matéria prima em caixas é feito da seguinte forma: primeiro, o bagaço de cana passa por uma secagem em estufas para posteriormente ser peneirado. Após serem removidas as partículas de menor tamanho, é feita a moagem do bagaço. A esse material se adiciona uma resina a base de óleo de mamona. A resina aglomera as partículas e forma uma mistura que, ao ser colocada em moldes, permite a confecção de painéis. Dos painéis de bagaço de cana são feitas as embalagens para o transporte de alimentos e bebidas.

Fiorelli explica que a remoção de partículas com tamanho inferior a 1 mm é necessária para facilitar a dispersão do adesivo, no caso, a resina poliuretana à base de óleo de mamona. Segundo ele, a resina foi escolhida por seu caráter natural e porque não libera formol durante sua produção.

Até o momento, a equipe criou modelos de embalagens para o transporte de garrafas, frutas médias e frutas pequenas. As caixas menores são ideais para transportar morangos e uvas e têm o diferencial de serem desmontáveis. “O objetivo é facilitar o retorno das embalagens vazias e diminuir o espaço ocupado por elas em veículos de carga.” Fiorelli afirma que também está nos planos do grupo criar paletes a partir dos painéis de bagaço de cana.

Sobre a resistência do material, o professor diz que já foram realizados testes mecânicos que comprovam a eficiência das caixas no transporte de frutas e hortaliças. “Mas é bom frisar que sua resistência é baixa quanto à exposição à chuva. E, por isso, estamos buscando alternativas para impermeabilizar os painéis.” A perspectiva é de que dentro de oito meses os pesquisadores caminhem para a produção industrial, com a busca de parceiros e o lançamento da tecnologia no mercado.

Papel semente e caneta biodegradável
 
Outras iniciativas ilustram a preocupação crescente com a geração de resíduos e a sustentabilidade. A Papel Semente, por exemplo, fabrica cartões, convites, crachás e envelopes que podem ser plantados após o uso. Andrea Carvalho, fundadora da empresa sediada no Rio de Janeiro, afirma que é só picar o papel, tomando o devido cuidado para não danificar as sementes, e depositá-lo na terra.


"Você pode até umedecer o papel antes e colocar um pouquinho de terra por cima. Daí é só continuar regando o local por 20 dias. Hoje, oferecemos papel semente de agrião, manjericão, papoula, rúcula, salsinha entre outros. E a garantia de germinação é de 90%", diz Andrea. A empresa ainda trabalha com cooperativas de catadores, que recolhem o papel e o papelão utilizados para fabricar o material reciclado que carrega as sementes. 

Arnaldo Di Giuseppe, diretor da Ekobio, também investe em práticas sustentáveis. Antes de fundar a empresa, ele trabalhava com canetas pláticas e acompanhou a decadência do mercado com a entrada de produtos chineses no Brasil. Segundo ele, hoje, dois modelos de caneta da marca são biodegradáveis. "Produzimos essas canetas com uma resina extraída do amido do milho. E quando elas são descartadas, em condições ideais de umidade e calor,  se decompõe em apenas seis meses." No caso de canetas de plástico, a decomposição pode levar até 400 anos. "No início, eu não sabia se a ideia daria certo ou não, mas resolvi arriscar. E tivemos sucesso."


Fonte: Globo Rural


Fotos capturadas ao longo de 3 mil km resultam no livro "Nas águas do Velho Chico"

Foram sete anos de trabalho, 3,6 mil cliques fotográficos, cerca de 3 mil quilômetros percorridos - e o resultado é o livro Nas Águas do Velho Chico, do fotógrafo francês naturalizado brasileiro Alain Dhomé, uma obra recém-lançada que contém 180 páginas, 120 fotografias e textos em português e inglês que mostram personagens, paisagem, cultura, arquitetura e fatos históricos que acompanham o curso d’água do “Velho Chico” em cinco estados brasileiros.

As imagens foram capturadas durante viagens feitas por Dhomé da foz à nascente do São Francisco, seguindo os percursos do rio em Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Antes de serem transformadas em livro, as fotografias foram expostas em Belo Horizonte, Brasília, Paris (França) e Bogotá (Colômbia). 

São registros que mostram o caminho que o descobridor daquelas águas exuberantes, o navegador italiano Américo Vespúcio, não fez e o que teria visto se as tivesse navegado. Por isso, explica o artista, traz uma proposta diferente, com narração que começa da foz, na fronteira de Alagoas com Sergipe, até a nascente na Serra da Canastra, em Minas Gerais.

Fotos e textos contam parte relevante da história do Brasil por meio das águas do “Velho Chico”, ressaltando a importância desse rio na conquista do solo brasileiro e como ele foi essencial para os desbravadores avançarem sertão adentro. Em diferentes nuances, a arte se mistura a fatos históricos e ao cotidiano do bravo povo ribeirinho.

Segundo Alain Dhomé, o livro, que foi viabilizado pela Lei Rouanet de Incentivo à Cultura com patrocínio da Cemig, busca mostrar a riqueza natural e cultural que surge a partir desse importante curso d’água e fazer um apelo para a conservação de um dos maiores símbolos do Brasil. 

“O povo brasileiro precisa conhecer melhor uma de suas maiores riquezas: o Rio São Francisco, considerado a coluna vertebral da conquista do território nacional. O livro é uma homenagem ao povo ribeirinho, que tanto ama o Velho Chico, e serve como um grande instrumento de educação e preservação do rio”, afirma Dhomé.
Os textos foram escritos por três estudiosos do assunto: Edilson Alkmim Cunha, professor, escritor, tradutor e lingüista da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Católica de Brasília; Denílson Meireles Barbosa e Nôila Ferreira Alencar, professores e pesquisadores do Núcleo de História e Cultura Regional da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

Nuances ribeirinhas

As fotos coloridas privilegiam os aspectos étnico e antropológico da paisagem, exibindo trabalho, lazer, religiosidade e outras singularidades da população ribeirinha (incluindo indígenas), com direito a passagem pelo Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, entre Januária e Itacarambi, no Norte de Minas, repleto de cavernas, sítios arqueológicos e pinturas rupestres.

Nas águas do Velho Chico nasceu de convite lançado a Dhomé para que ele viajasse da nascente à foz do São Francisco, em 1999. Até 2008, ele fotografou os cinco estados banhados pelo rio, os últimos registros já em digital - ainda que, à época, preferisse trabalhar com o bom e velho filme. “Gostei muito das viagens porque tudo era diferente para mim”, recorda o fotógrafo, encantado por cidades do Norte mineiro como Manga, São Francisco, Pirapora e Januária, além do Vale do Peruaçu, que classifica como “uma maravilha”.

Fonte: Codevasf

Fixadas novas regras de captura de organismos aquáticos

Medida não autoriza a captura de organismos de listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção.


O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) estabeleceu critérios e procedimentos para concessão de autorização de captura de exemplares selvagens de organismos aquáticos. A medida, publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (13), tem como objetivo constituir plantel de reprodutores em empreendimentos de aquicultura.

Com a decisão, fica facultado ao aquicultor capturar espécimes de organismos aquáticos para fins de formação de plantéis em empreendimentos de aquicultura. Para isso, ele depende da Autorização de Coleta, Captura e Transporte de Organismos Aquáticos Vivos, a ser expedida pela Secretaria de Monitoramento e Controle da Pesca e Aquicultura (SEMOC), do Ministério da Pesca e Aquicultura.


Caso o coletor não seja o próprio aquicultor, fica facultada a captura por funcionário vinculado ao quadro corporativo, o que será comprovado mediante a apresentação da Relação Anual de In- formações Sociais (RAIS).


A decisão ainda alerta que o MPA não autorizará a captura de organismos aquáticos vivos constantes de listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção. Para saber mais sobre o procedimento para a autorização, confira a decisão completa no DOU.

Comercialização

Em outra portaria do Diário Oficial da União desta quarta (13), o Ministério da Pesca e Aquicultura tratou sobre a licença de empresa que comercializa organismos aquáticos vivos. A decisão estabelece normas e procedimentos para a  inscrição e licenciamento de pessoa física ou jurídica no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), na categoria de Empresa que comercializa organismos aquáticos vivos. 


A medida define a comercialização de organismos aquáticos para fins de ornamentação e de aquariofilia fora de estabelecimentos comerciais legalmente instituídos para esta finalidade, como feiras, eventos e exposições terá restrições. A prática somente poderá ser realizada com a comprovação de inscrição da pessoa jurídica ou física comparada à jurídica no Registro Geral da Atividade Pesqueira, na categoria de Empresa que Comercializa de Organismos Aquáticos Vivos. 


A licença para a comercialização será requerida junto à Superintendência Federal da Pesca e Aquicultura (SFPA), na unidade da Federação na qual se localiza o empreendimento. A decisão completa pode ser vista no DOU.



 Fonte: Portal Brasil