segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Programa de apoio à agroindústria familiar impulsiona fabricação de mel no Jequitinhonha

Situada no município de Jequitinhonha, na área de abrangência da Coordenadoria Regional de Almenara do IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), a agroindústria Mel Babilônia, após aderir ao Programa de Apoio à Agroindústria Familiar de Pequeno Porte, aumentou em mais de quatro vezes a sua produção, que passou de 400 quilos de mel para 1,88 tonelada por ano.
 
Hoje, a empresa comercializa seus produtos em Belo Horizonte, além de Jequitinhonha e Joaíma, na região do Jequitinhonha. “Atribuo o sucesso de vendas da Mel Babilônia à maior credibilidade e confiança por parte do consumidor após me cadastrar junto ao IMA”, disse o proprietário Santos Martins Prates, que conta com a assistência do instituto desde 2013.
 
O representante de Educação Sanitária e Apoio à Agricultura Familiar (Resaf) Paulo Roberto Gama, da Coordenadoria Regional de Almenara, informa que a Mel Babilônia está no oitavo mês do termo de compromisso com o IMA. “Quando fiz a primeira visita, a Mel Babilônia nem possuía a casa do mel, onde o produto é beneficiado”, comenta.
 
Segundo Gama, no início do programa o IMA realizou um diagnóstico junto a todas as agroindústrias familiares no Estado em parceria com o MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário). “Foi preciso mostrar aos agricultores, por exemplo, os pontos de contaminação no processo produtivo,  trabalhando de acordo com as normas da Portaria 1252 do IMA que aprova as normas técnicas para estabelecimentos rurais de pequeno porte. Ressaltamos, entre outros procedimentos, a importância de cercar a área de produção para evitar a entrada de animais no empreendimento”, observa.
 
Adequada às normas sanitárias, hoje a Mel Babilônia comercializa também por meio do Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e vende para uma escola estadual da cidade de  Jequitinhonha.
 
Segundo Paulo Roberto, entre as adequações que a Mel Babilônia necessitou fazer para atender às normas sanitárias previstas na legislação está, por exemplo, a aquisição de equipamentos para atender as recomendações do Programa. A agroindústria de mel, assim como todas as agroindústrias cadastradas no IMA e que comercializam outros produtos, têm que atender às mesmas exigências da Portaria 1252 em relação à localização, construção, equipamentos e utensílios utilizados no processo de produção. “A diferença é que no caso do mel o produto já embalado pode ser estocado em temperatura ambiente, diferentemente dos laticínios que necessitam refrigeração em uma câmara fria”, explica.
 
Gama destaca a importância das parcerias com diversas entidades para a condução e os bons resultados do Programa, citando o SISTEMA FAEMG e as instituições a ela ligadas, o INAES e o SENAR MINAS. Importante também a parceria da Seda (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário) que, inclusive, assinou recentemente um novo convênio com o IMA para dar suporte às ações de educação sanitária e apoio à agroindústria familiar.


Fonte: Sistema FAEMG

Mulheres do Norte de Minas garantem renda com remédios naturais

Claro dos Poções – Apontado como a caixa d'água do Brasil, por abrigar as nascentes de grandes bacias hidrográficas como o Rio São Francisco, o cerrado também concentra centenas de espécies medicinais.
A “farmácia vegetal” do bioma ajuda a movimentar o dinheiro em Claro dos Poções – município de 7,7 mil habitantes localizado no Norte de Minas. A localidade é humilde: sua renda per capita é baixa, da ordem de R$ 337,07 anuais. A mudança, no entanto, está em curso, promovida pela iniciativa de um grupo de mulheres.

O Essências do Cerrado produz e comercializa produtos da alimentação alternativa (como farinha enriquecida e granola), além de remédios caseiros (as antigas “garrafadas”), obtidos a partir da flora da região.

Quando há esforço coletivo e vontade, as pessoas podem crescer com as próprias pernas, aproveitando os poucos recursos disponíveis. É o que mostra o Essências do Cerrado. Focado no empreendedorismo solidário, o grupo se transformou em um case de sucesso. Tanto que já conquistou dois prêmios nacionais, levando seus produtos em feiras de Minas Gerais e de fora do estado.

O trabalho desempenhado em Claro dos Poções integra a terceira e última parte da série “Mulheres de fibra”, publicada pelo Estado de Minas, que narra também outras iniciativas empreendedoras de grupos femininos, que têm o objetivo de elevar a renda familiar com atividades que vão da colheita da sempre-viva à produção de artesanato em Diamantina.

Liderado por sete mulheres, o Essências do Cerrado nasceu em 2008. “Nosso principal foco é a economia solidária. Cada integrante desenvolve a atividade conforme sua vocação. Quem tem perfil para o trabalho no mato, se dedica mais à coleta das ervas. Quem gosta de vendas, lida com a comercialização.

A distribuição da renda obedece à divisão das tarefas. Todas nós temos as mesmas vantagens econômicas”, explica Sérgia Soares Fonseca, uma das líderes do grupo.

Em 2014, grupo conquistou o prêmio Usinas do Trabalho, promovido pelo Consulado da Mulher – ação social da Cônsul (fabricante de geladeiras e outros eletrodomésticos da linha branca) – e que oferece suporte a mulheres em vulnerabilidade social e econômica para que se organizem e que desenvolvam microempreendimentos para a geração de renda e transformação de vidas em comunidades.

Também recebeu o prêmio Boas Práticas em Economia Solidária”, promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e entregue durante a 11ª Feira Latino-Americana de Economia Solidária, em Santa Maria (RS), em julho do ano passado.

Um das mercadorias de destaque produzida pelo Essências do Cerrado é a farinha enriquecida, feita com fubá de milho, farelo de trigo e pó de folha de mandioca. Além de ser consumida por gestantes, idosos e crianças, o alimento – vendido a R$ 25 o quilo – faz sucesso entre os frequentadores de academias, por assegurar o ganho de massa muscular. Outro item do grupo é o composto “nutrição reforçada”, que conta com gergelim, linhaça, amendoim, mel de abelha, rapadura e outros ingredientes naturais.
TREINAMENTO Por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o núcleo de mulheres de Claro dos Poções recebeu um curso de capacitação sobre o uso das plantas medicinais do cerrado. As mulheres descobriram que a rica flora do bioma serve não somente para tratar inúmeras doenças, como pode gerar renda.

“A gente sempre pensava em resgatar os remédios caseiros, as “garrafadas” usadas pelo pessoal antigo da região, mas não sabia como fazer isso. Aí, procuramos o Senar”, relata Maria da Luz Marinho, presidente da Associação Essências do Cerrado. “Também fizemos pesquisas com pessoas antigas da região que sempre usaram os chás caseiros”, completa.

Maria da Luz explica que o grupo pesquisa e verifica a eficácia das plantas encontradas na região. As ervas são coletadas no mato pelas próprias mulheres e levadas para a sede do projeto, no prédio cedido pela Prefeitura de Claro dos Poções.

Com o curso do Senar, elas aprenderam a retirar o princípio ativo das plantas, também chamadas de “tinturas”, que correspondem às essências das ervas, daí o nome do grupo. Aprenderam ainda como preparar xaropes, gel e pomadas, assim como as dosagens e o modo de usar os “remédios”.

A presidente da associação conta que os prêmios nacionais conquistados contribuíram com o crescimento do empreendimento solidário. Na premiação do Consulado da Mulher, o grupo recebeu eletrodomésticos que são usados em suas atividades (uma geladeira, um freezer, dois fogões a gás e um purificador de água), além de R$ 5 mil em dinheiro. Como premiação do BNDES, recebeu R$ 20 mil, dos quais R$ 12 mil foram aplicados na compra de um terreno para a futura sede do empreendimento. Os outros R$ 8 mil passaram a ser usados como capital de giro.
 
Farmácia rica
 
Mais de 30 tipos de remédios naturais, usados para os mais diversos tipos de doença, como diabetes, pressão alta, artrose, artrite, bronquite, problemas de coluna e outros, são produzidos e comercializados pelas “raizeiras” do Essências do Cerrado. Um dos “carros-chefes” é um estimulante sexual chamado “braço forte”, produzido a partir de uma planta com o mesmo nome, encontrada na região. Os remédios e os ingredientes da alimentação alternativa são vendidos em feiras e também sob encomenda.

Em Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha, a ação coletiva para superar as dificuldades foi feita por mulheres que, a cada ano, são deixadas em casa pelos maridos, que saem para o trabalho no corte de cana no interior de São Paulo e na colheita de café no Sul de Minas. A Associação dos Artesãos de Chapada do Norte, criada em 2002, conta com 15 mulheres, que aproveitam a palha de milho e o couro para a produção de sacolas, porta-joias, namoradeiras e instrumentos musicais.

“Os homens saem para trabalhar no corte de cana e na colheita de café e as mulheres ficam sem renda. A gente tinha que arrumar alguma saída para viver”, diz Aleni de Fátima Pereira, presidente da associação de artesãos.



Campanha de vacinação protege avicultura de subsistência em Bandeira, no Vale Jequitinhonha

 
Um projeto que incentiva a prevenção de doenças graves em galinhas, muitas vezes fatais, vem desde abril reduzindo o índice de mortalidade dessas aves em algumas comunidades rurais de Bandeira, no Vale do Jequitinhonha. A informação vem do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG).  A empresa desenvolve, em parceria com o município, uma campanha de vacinação contra duas das principais doenças que podem acometer essas aves domésticas. 
 
 “Esse é um trabalho preventivo contra as doenças Bouba Aviária e Doença de Newcastle. A prefeitura fornece as vacinas para essas doenças e nós ensinamos como se faz a aplicação das doses. Reunimos um grupo de interesse na comunidade e damos um curso. Informamos sobre a doença, os sintomas, o tratamento. Após a palestra, fazemos uma demonstração com a vacina, imunizando as galinhas caipiras da comunidade”, explica o extensionista agropecuário da Emater-MG, Mateus Queiroz. 
 
A iniciativa, que também inclui a orientação técnica para o manejo e obtenção de uma produção com boa qualidade de carnes e ovos, já conseguiu imunizar cerca de 500 aves em cinco comunidades rurais, beneficiando entre 40 a 50 famílias locais, segundo Queiroz. “Vamos repetir as doses num prazo de seis meses. A meta é contemplar todas as 11 comunidades rurais de Bandeira até o final deste ano, fazendo a profilaxia de 1.100 aves”, afirma o extensionista agropecuário. O escritório da Emater-MG de Bandeira atende em média cerca de 900 agricultores familiares. 
 
De acordo Mateus Queiroz, embora a bovinocultura de leite e corte seja a principal atividade econômica do município, a avicultura cumpre importante papel social em Bandeira, pois é fonte de renda e alimentação da agricultura familiar. “O agricultor já tem o hábito de seguir as campanhas de vacinação de aftosa e de raiva bovina, então já sabe a importância deste trabalho preventivo, que pode ser expandido também para a avicultura de subsistência”, justifica. Segundo Mateus,  a ação está permitindo que não ocorram mortes de nenhuma ave nas comunidades atendidas.


Fonte: Emater-MG