quarta-feira, 14 de maio de 2014

Operação fiscaliza áreas desmatadas

As equipes de fiscalização contra o desmatamento na Mata Atlântica na região do vale do rio Mucuri concentram suas ações nos municípios de Itaipé, Novo Cruzeiro e Ladainha. A Operação Macaco Muriqui, iniciada nesta quarta (23/04), busca identificar e punir pessoas e empreendimentos que suprimem irregularmente vegetação nativa da região.

A operação investiga áreas de desmatamento indicadas pelo monitoramento por satélite, bem como caminhões de carvão, comércio e empresas empacotadoras. Também está sendo verificada a situação de empreendimentos embargados em operações anteriores. O trabalho é coordenado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente Desenvolvimento Sustentável (Semad) e tem o apoio das polícias Civil e Militar e do Ministério Público Estadual. 

Durante as buscas no município de Ladainha, nessa quinta (24/04), os técnicos de uma das equipes identificaram dois pontos de supressão de vegetação que não constavam da listagem originalmente elaborada de locais a serem investigados. Nos locais, que totalizam 14 hectares, foram encontrados fornos, carvão proveniente de vegetação nativa e lenha. A maior parte da madeira, no entanto, já havia sido retirada. A multa para os responsáveis pode chegar a R$ 70 mil.
 
Tática

Segundo o diretor de Fiscalização dos Recursos Florestais e Biodiversidade da Semad, Bruno Zuffo, as equipe partem para campo com locais de desmate previamente identificados por satélite. “No decorrer do trabalho, os técnicos e policiais estão orientados para investigar qualquer possível irregularidade”, explica

Os pontos foram indicados pela vigilância realizada pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema) e pela organização não governamental SOS Mata Atlântica que, anualmente, divulga o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica.  Segundo ambos os estudos, a região é uma das que mais concentra desmatamentos irregulares em Minas Gerais.

Bruno Zuffo explica que muitos dos pontos de desmatamento da região estão inseridos na Área de Proteção Ambiental Alto Mucuri o que agrava os crimes ambientais cometidos contra o bioma Mata Atlântica. A unidade de conservação possui  325 mil hectares, foi criada em 2011, e está localizada nos municípios de Caraí, Catuji, Itaipé, Ladainha, Novo Cruzeiro, Malacacheta, Poté e Teófilo Otoni.

As equipe que participam da Operação Macaco Muriqui permanecem na região, pelo menos, até a próxima semana. Cerca de 60 pessoas participam do trabalho que tem o apoio de duas aeronaves.


Fonte: SEMAD

Safra mineira de feijão deve alcançar 598,9 mil toneladas

Minas Gerais deve colher 598,9 mil toneladas de feijão na safra 2013/14, conforme levantamento realizado pela Conab em maio, considerando os dados da terceira safra com base nos registrados no período 2012/13. De acordo com avaliação da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o volume previsto é 6% maior que o registrado na safra anterior. Além disso, a estimativa mostra que as lavouras mineiras respondem por 72% da produção de feijão da Região Sudeste e por 16,8% da safra nacional.

Segundo o secretário de Agricultura, André Merlo, “Minas ocupa a segunda posição no ranking brasileiro de feijão, atrás do Paraná, que responde por 890,5 mil toneladas e os dados da Conab evidenciam o empenho dos agricultores mineiros em aumentar a oferta do produto”. O levantamento mostra uma produtividade média de 1,6 tonelada por hectare nas lavouras de feijão do Estado, expansão de 15,8% em relação à safra 2012/2013.

“A utilização de tecnologia e as boas práticas de produção possibilitam a expansão do rendimento, apesar do recuo da área plantada de 419,7 mil hectares para 384,3 mil hectares”, ressalta.

O maior volume da safra mineira de feijão, segundo o IBGE, é colhido nas seguintes regiões: Noroeste (27,3%), Sul (16,6%), Alto Paranaíba (10,3%) e Norte (9,1%). No ranking da produção municipal, o primeiro colocado é Unaí, no Noroeste, com 99,1 mil toneladas. Os quatro seguintes estão localizados também na região: Paracatu (41,76 mil toneladas), Guarda-Mor (21,1 mil toneladas), Buritis (19,3 mil toneladas) e Bonfinópolis de Minas (14,9 mil toneladas).

Sorgo em expansão

As estimativas da safra 2013/14 são favoráveis também ao sorgo, que deve alcançar 547,3 mil toneladas, volume 16% superior ao registrado no período 2012/13. Segundo o secretário, no caso dessa cultura também se observa o crescimento da produtividade, que alcança 3,1 toneladas por hectare ante as 2,8 toneladas da safra anterior. “Houve ainda o crescimento de 7% da área de cultivo, que alcança 175,2 mil hectares.”

A utilização do sorgo como complemento do milho no preparo da ração para aves e suínos tem estimulado o cultivo em Minas Gerais. Além disso, essa cultura é mais resistente aos efeitos da estiagem. O grupo de municípios líderes da produção no Estado é formado por Unaí, na região Noroeste (90 mil toneladas), Sacramento, no Alto Paranaíba (40 mil toneladas), Conceição das Alagoas, Capinópolis e Uberlândia, no Triângulo (35 mil, 31,8 mil e 30 mil toneladas, respectivamente). 

Produção MG 2013/14 x 2012/13

Feijão
598,9 mil t (+6%)
72% da safra do Sudeste
16,8% da produção nacional

Sorgo
547,3 mil toneladas (+16%) 
Maior produtor: Unaí (90 mil toneladas)


Fonte: SEAPA

terça-feira, 13 de maio de 2014

Capitão Enéas e Matias Cardoso têm situação de emergência homologada


Os municípios de Capitão Enéas e Matias Cardoso, no Norte de Minas Gerais, tiveram a situação de emergência reconhecida pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil do Ministério da Integração. As cidades estão entre as que sofrem com uma das piores estiagens dos últimos anos na região. A portaria foi publicada no Diário Oficial União no dia 24/04/2014.

De acordo com as informações da Defesa Civil de Minas Gerais, Capitão Enéas e Matias Cardoso estão entre os 81 municípios que decretaram situação emergência em 2014 no estado, devido à seca. 

Em Capitão Enéas muitas das plantações morreram por causa da má distribuição das chuvas, que apenas no mês de novembro chegaram a 177 milímetros, enquanto em janeiro, fevereiro e março, ficaram em 150 mm. 

Dos 1.500 hectares de milho plantados em Capitão Enéas, 90% foram perdidos, um prejuízo de mais de R$ 1 milhão. A colheita, que deveria ser de 2,4 toneladas por hectare, ficou em 240 quilos.

"A minha roça dá milho entre fevereiro e março, mas nos últimos três anos estou tendo muitos prejuízos", diz o agricultor José Roberto Soares.

De acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater), pelo menos 73 agricultores já estão recebendo a Bolsa Estiagem e 347 produtores serão contemplados com o Garantia-Safra, benefício destinado a quem sofre perdas devido a escassez ou excesso de chuvas. "Sem esses benefícios, os produtores não teriam renda", afirma Rogério Max Ferreira, da Emater.

Outra atividade que também sofre com os efeitos da estiagem é a pecuária leiteira, que teve a produção afetada pela metade; atualmente 10 mil litros são produzidos diariamente.

As dificuldades estão fazendo com que muitos produtores saiam do campo ou busquem outras formas de sustento.

"A nossa vida está ficando cada vez mais difícil, temos que sair das nossas propriedades para trabalhar em outros lugares, porque na roça não está dando mais", lamenta Edilson Oliveira. Para amenizar as consequências da seca, foram criadas 57 barragens de pequeno porte na região. "Como sofremos com a seca, essa água das barragens é utilizada para os animais e também para irrigar pequenas áreas", fala o Secretário de Agricultura, Carlos Roberto Ferreira. 

Dois carros-pipa garantem o abastecimento das comunidades rurais, e na zona urbana o abastecimento ainda está sendo feito normalmente. "Esse reconhecimento do Governo Federal nos dá esperanças. Precisamos de ajuda porque 70% das riquezas do município são da agropecuária."

Situação de Matias Cardoso

Apesar de ser banhada pelos Rios São Francisco e Verde Grande, Matias Cardoso também sofre com os efeitos da seca, o abastecimento das comunidades rurais está sendo feito com dois carros-pipa da Prefeitura initerruptamente desde 2013. Além disso, as perdas na agricultura chegam quase a R$ 4 milhões; o pasto disponível é suficiente para alimentar o gado somente até junho.

O Secretário de Administração, Maurélio Santos, diz que “o município enfrenta o quarto ano consecutivo de estiagem, por isso toda ajuda pode fazer a diferença. Com a situação homologada, teremos acesso a benefícios importantes e poderemos amenizar os efeitos da seca e o sofrimento da população.”

Cerca de 500 pequenos produtores rurais estão recebendo o Garantia-Safra. 77 barraginhas foram feitas e seis poços foram perfurados, mas muitos dos que são utilizados estão com os níveis baixos. Por enquanto o abastecimento da cidade ainda está normal.

“Estamos temerosos já que a agricultura e pecuária são fontes importantes de renda e geram grande parte dos empregos”, fala Maurélio Santos. Dados da Emater  apontam que de janeiro a março choveu 160 milímetros, o normal seriam 400.

“Muitos agricultores fazem as lavouras em novembro, em dezembro tivemos uma pluviosidade razoável, mas em janeiro e fevereiro não choveu quase nada, e a maioria das culturas plantadas morreram. As chuvas foram concentradas em dois meses e foram torrenciais, o solo não consegue absorver a água”, diz César Augusto  Dourado, da Emater.

O engenheiro agrônomo destaca os prejuízos das principais lavouras da região. “Perdemos 100% das lavouras de feijão e milho, 50% da lavoura de algodão, e a área plantada de mamona, que deveria ser 1.600 hectares, não passa de 300.” Os reflexos da queda de produção já podem ser sentidos nos preços; um saco de milho que custava em torno de R$ 24 está sendo vendido a R$ 45.

César Augusto Dourado também destaca que a seca prolongada por quatro anos fez com que a criação de frangos, porcos e gado também sofresse redução. "Como o pasto deve durar até o meio do ano, os produtores terão que vender o gado ou comprar ração".

Matias Cardoso faz parte também do Projeto de Jaíba, que sobrevive graças a irrigação. O município tem 20 mil hectares de área irrigada com as água do velho Chico, destinados principalmente à produção de frutas. Como o rio já está com o nível que só deveria estar no mês de agosto, período normal de estiagem, é possível que essas lavouras também sejam afetadas.