quinta-feira, 17 de março de 2016

Pecuária: Momento é de se preparar para enfrentar os longos meses de estiagem

As chuvas do início do ano recuperaram boa parte das pastagens do Estado e ajudaram os pecuaristas a alimentar o rebanho. Mas o momento também é de preparo para enfrentar os meses de estiagem que não demoram a chegar. De acordo com o coordenador técnico de Bovinocultura da Emater-MG, José Alberto de Ávila, nesta época do ano a capacidade de produção pecuária é maior em razão do regime de pasto.
 
“O período de chuvas favorece o regime de pasto, com um custo de produção mais barato. A dúvida é daqui a 90 ou 120 dias, quando o pasto cai de qualidade e o produtor depende de suplementação com a utilização da silagem. Por isso é importante planejar a produção”, destacou, em nota.
 
A silagem é uma forragem – capim, milho, sorgo, etc – que é cortada, compactada, vedada e armazenada em silos para fermentação. Quando bem feita, o valor nutritivo da silagem é semelhante ao material de origem. Na época de seca, ela pode substituir o pasto e, por isto, é conhecida como suplementação volumosa.
 
Março é o mês que se intensifica a processo de silagem, com produção do material volumoso que foi plantado para esta finalidade. O processo de ensilagem vai do corte até a proteção do silo. Nessa fase, é preciso preservar ao máximo a qualidade da forragem produzida.
 
“Para preparo da ensilagem, o produtor precisa estar atento ao ponto de corte, pois a qualidade da silagem depende da correta determinação do momento de corte. No caso do milho, a planta deverá apresentar teor de matéria seca na faixa de 30% a 35%. Já no corte para ensilagem, a picadeira deve estar bem regulada e com as navalhas sempre em boas condições para proporcionar uma boa picagem do material. O tamanho da partícula ideal é de 0,5 a 1,5 cm”, explica o coordenador da Emater-MG.
 
Importância
 
De acordo com Ávila, a compactação da silagem é uma operação de grande importância. O objetivo é expulsar o ar do interior da massa verde que está sendo ensilada, conseguindo um ambiente anaeróbico (sem oxigênio). A ação visa obter fermentação desejável (alta produção de ácido láctico). Quando o material se apresenta no ponto ideal de ser ensilado, a compactação bem preparada proporciona uma densidade de silagem da ordem de 650 a 700 kg/m3.
 
Outras questões importantes são o tempo de enchimento, a vedação e a proteção do silo. “São etapas que impedem o retorno de ar na massa verde e a entrada de animais. Perfurações na lona dão oportunidade à entrada de ar ou de água de chuvas eventuais para o interior da massa ensilada e causam perda de qualidade”, observou.
 
Para obter silagem de alta quaSegundo Ávila, quando se trabalha com o sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) a primeira fase de produção começa entre maio e junho.



 

Produtores de cachaça buscam certificação para valorizar bebida


Em momento de alta nos custos, decorrente dos aumentos dos impostos que entraram em vigor no ano passado, produtores de cachaça procuram alternativas para valorizar suas bebidas. Uma das estratégias está na busca por certificações. Apenas selos mais básicos, seja do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que tem a chancela do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), ou do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), são capazes de agregar cerca de 20% no valor cobrado pela cachaça. E se a marca tiver os mais exclusivos, como o de indicação geográfica do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) para a produção de Salinas (Norte do estado) – conquistado em 2012 –, a valorização pode passar dos 30%. Prêmios obtidos ao redor do mundo representam ganhos ainda maiores para as bebidas.

 “O mercado reconhece e pede o selo”, afirma o presidente da Associação dos Produtores Artesanais da Cachaça de Salinas, Aldeir Xavier de Oliveira. Para ele, o reconhecimento e o aumento na procura são até maiores do que a alta do preço do produto certificado. “Aqui, temos até gente de outros países querendo a cachaça de Salinas”, afirma. No entanto, ele, que produz as marcas Sabiá e Flor de Salinas, lembra que não dá para só obter os certificados e deixar de lado a qualidade: “A cachaça tem de ser da boa mesmo”. E ele ainda reforça que, na região, há também uma concorrência pela melhor bebida, principalmente entre as 27 marcas que participam da associação. “Se uma faz uma boa, o vizinho corre pra tentar fazer uma melhor.” Os pequenos produtores de Salinas produzem cerca de 500 mil litros da bebida anualmente, sem contar com a Seleta, que chega a atingir 1,5 milhão de litros, segundo Xavier.


Fernando de Castro Furtado, que produz as cachaças Taruana e Kayana no distrito de Taruaçu em São João Nepomuceno, na Zona da Mata mineira, obteve a certificação do IMA há cerca de seis anos para a primeira marca. “Foi muito importante para conquistar fama e atestar a qualidade”, garante. Atualmente, sua produção média é de 30 mil litros anuais. E ele atesta que vende tudo, apesar de não estar na região de Salinas. “Agora, com a alta dos impostos, ficou mais difícil, porque tivemos que repassar o aumento. Ainda assim, não falta cliente”, afirma.

Leandro Dias, organizador do 1º Congresso Nacional da Cachaça (Concachaça) e um dos fundadores da Confraria Paulista da Cachaça, garante que a certificação é “extremamente importante”. Ele também produz a Middas, com flocos de ouro 23 quilates importado da Alemanha, em Dracena (SP), e acredita que os prêmios sejam outra forma de valorização. “Acabamos de conquistar a medalha de destilado do ano na China”, conta. Para ele, só o selo ou a indicação geográfica não são a prova da melhor qualidade. “Obter a certificação é algo básico, que dá a segurança para o consumidor e combate a informalidade. Mas é preciso mais.” O responsável pelo alambique sempre tem que ter o ambiente limpo, boas práticas, cana de qualidade, enfim, estar de olho em todo o processo.

EFICIÊNCIA O diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Lima, observa que a certificação possibilita também a melhoria de gestão. E uma produção mais eficiente reflete diretamente na redução dos custos. E no caso da indicação geográfica, ele acredita que seja também proteção de um ativo. Além de Salinas, outras regiões que têm o certificado do Inpi para a cachaça são Paraty (RJ) e Abaíra (BA). “Representa uma abertura positiva de mercado e evita que terceiros usem indevidamente a denominação”, reforça.

Segundo o superintendente de Interlocução e Agroindústria da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Milton Flávio Nunes, a busca pela certificação é uma iniciativa voluntária do empresário. E acaba que, em sua opinião, também representa uma segurança tanto para o dono do alambique quanto para seus clientes, principalmente dentro de um cenário em que a clandestinidade ainda é muito forte. Em Minas, há cerca de 800 alambiques legalizados.

Nunes lembra que os grandes provadores de bebidas buscam, acima de tudo, qualidade. E a exigência está mais refinada a cada dia. Para ele, os certificados já garantem uma chance de uma boa classificação para a cachaça. “E o cliente também paga mais. Há uma valorização e um caminho aberto para um público mais restrito”, diz. Apesar de sua observação, ele lembra que só o certificado não é suficiente para garantir que a cachaça tenha mais qualidade. É apenas mais um requisito que aponta nessa direção.

O número de ilegais em Minas pode ultrapassar os 20 mil, de acordo com especulações dos próprios empresários do setor. Xavier diz que os tributos já representam bem mais de 50% do valor da cachaça. Carlos Lima, do Ibrac, diz que podem passar de 80% do preço da garrafa. A alta só do Imposto sobre Produção Industrial (IPI) no ano passado foi de 160%. “E o efeito é em cascata”, observa. Por isso, pode alavancar o mercado informal. “Foi um convite à informalidade”, pondera Xavier. Apesar disso, Milton Nunes aposta ser possível inverter essa curva. “Temos a meta de legalizar o máximo de alambiques em Minas. Vamos visitar cerca de 300, em três anos, fazer auditorias que levam à notificação e termo de ajustamento de conduta (TAC)”, afirma. “O importante é a conscientização de que a legalização e a certificação são boas para o negócio”, reforça.

POTENCIAL O gerente de Certificação do IMA, Rogério Fernandes, conta que o sistema mineiro já conta com 66 alambiques e 136 marcas certificadas. O montante ainda é muito pequeno para um processo que teve início em 2008, mas tem grande potencial de crescimento. Ele diz que no país há 3.403 marcas de cachaça registradas, segundo o Mapa. Em Minas, as marcas somam 1.620.

“Para a certificação, só trabalhamos com os produtores registrados”, diz Fernandes. Ele explica que o processo é simples. Basta entrar no site do IMA (www.ima.mg.gov.br/certificacao/cachaca). Nele, há um check list de tudo que precisa ser feito para marcar a auditoria e obter a certificação. A taxa única de registro é de R$ 500 e mais R$ 300 das auditorias anuais. O selo, depois da aprovação de todo o processo, sai pelo custo de R$ 0,21 por garrafa. “É interessante, porque qualquer certificação privada sai por mais de R$ 5 mil”, observa Fernandes. E, segundo seus cálculos, é possível agregar, pelo menos, 20% no valor da bebida apenas com a obtenção do selo. “Isso sem contar com a melhoria do mercado e com a maior aceitação da marca.”

No site do IMA, também tem a relação com as marcas e alambiques certificados. “Qualquer um pode consultar, o que minimiza o risco de fraudes”, reforça Fernandes. Em sua opinião, o selo é sinônimo de confiança.

Pura e brasileira

Os governos do Brasil e do México concluíram em 22 de fevereiro o processo de negociação do Acordo para o Reconhecimento Mútuo da Cachaça e da Tequila como Indicações Geográficas e Produtos Distintivos do Brasil e do México. Enquanto a Tequila é protegida em mais de 46 países, incluindo a União Europeia, a cachaça está protegida em apenas dois (Estados Unidos e Colômbia). Com o reconhecimento, o México é o terceiro país a confirmar a bebida como um destilado exclusivo do Brasil.

Enquanto isso...

...etanol é mais uma opção


Milton Nunes, da Seapa, conta que o estado está desenvolvendo um programa de produção de etanol e cachaça. Isso para estimular a fabricação do álcool de cana-de-açúcar a partir dos subprodutos do alambique. A cabeça e a calda, que devem ser desprezadas, podem ser utilizadas no feitio do etanol. “Dessa forma, ganha o meio ambiente, que não recebe estes resíduos, e o consumidor, que também deixa de correr o risco de ter estes subprodutos de qualidade ruim misturados na cachaça boa”, explica. Segundo Nunes, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do estado (Emater-MG), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) são parceiros no desenvolvimento do programa. “O trabalho busca a forma legal para permitir o consumo do etanol artesanal”, conta o superintendente da Seapa.


Fonte: Jornal Estado de Minas

Referência mundial, Revista Nature publica artigo de pesquisadores da Unimontes


Os professores da Universidade Estadual de Montes Claros, Maria das Dores Magalhães Veloso, Mário Marcos do Espírito Santo e Yule Roberta Ferreira Nunes, estão entre os co-autores do trabalho internacional “Biomass resilience of Neotropical secondary forests”, publicado neste mês na Revista Nature.

A pesquisa, que tem como foco a regeneração natural de florestas em áreas tropicais, foi desenvolvida por mais de 60 cientistas de 32 países da América do Norte, América Latina e da Europa, que integram a Rede Internacional “Secondary Forests” (2ndFOR). O holandês Lourens Poorter é o coordenador desta rede.

A publicação mundial é sem precedentes para a Unimontes. A Nature é uma das mais importantes e mais influentes revistas científicas do mundo, cujos critérios para a análise e divulgação de pesquisas são dos mais rigorosos. O estudo foi publicado no último dia 11/2, nas edições eletrônica e impressa.

MATA SECA

A participação da Universidade Estadual de Montes Claros está associada aos estudos que os seus pesquisadores desenvolvem sobre Mata Seca há pelo menos dez anos – financiados pelo CNPq e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e integrado à Rede Internacional Tropi-Dry [que tem suporte do Instituto Interamericano para Pesquisa em Mudanças Globais (IAI)]. Os pesquisadores da Unimontes também fazem parte da Rede Matas Secas e do Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbiota-Brasil), dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Educação (MEC) e do Meio Ambiente (MMA), além da Capes, FNDCT e CNPq.
 

Inicialmente, os trabalhos começaram no município de Manga (Norte de Minas) e foram expandidos para outras três regiões com registros de Mata Seca: na margem direita do Rio São Francisco (municípios de Jaíba e de Matias Cardoso), na Serra do Cipó, na região central de Minas Gerais, e em Patos, município da Paraíba.

Biólogo, mestre e doutor em Ecologia, o professor Mário Marcos do Espírito Santo explica que a pesquisa coletiva “Biomass resilience of Neotropical secondary forests”, em resumo, apresenta números inéditos sobre a regeneração de florestas em 45 áreas do continente americano e o volume de biomassa recuperada acima do solo, que é associado à absorção (sequestro) de gás carbônico (CO²).

“São estudos extremamente importantes para a mitigação dos efeitos do lançamento do CO², como o efeito estufa, ressaltando a necessidade de proteger florestas que estão em regeneração”, acrescenta. Conforme protocolo da Rede Tropi-Dry, o monitoramento é realizado em diversas parcelas de 0,1 hectare e são obtidas diversas informações – para as análises estatísticas – como “se e quando a área foi desmatada, qual o porte médio das árvores e a densidade de sua madeira - para determinar o estágio de regeneração. Há florestas de diferentes idades”, justifica o pesquisador.

PRESTÍGIO

A Rede 2ndFOR foi formalizada no primeiro semestre de 2014, com a submissão dos textos e dados para o Conselho Editorial da Revista Nature em setembro de 2015. Após as observações para revisão de dados, o artigo foi publicado em 15 páginas, com gráficos, mapas, resumos e referências bibliográficas com dados sobre florestas monitoradas em períodos que variam entre 10 e 20 anos da Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, México, Panamá, Peru e Porto Rico.

“Uma produção publicada na [Revista] Nature torna-se algo de prestígio em nível mundial para qualquer pesquisador. Estamos muito orgulhosos em alcançar esta projeção, absolutamente difícil diante do processo complexo e do alto grau de exigência da Revista”, revelaram as biólogas Yule Roberta e Maria das Dores, mestres em Ecologia e Educação, respectivamente, e doutoras em Engenharia Florestal.
Os pesquisadores acreditam que a produção científica da Unimontes ganha mais visibilidade em nível internacional. “Definitivamente, com o esforço intenso, a Universidade torna-se referência mundial em estudos sobre a mata seca”, finaliza o professor Mário Marcos.


Fonte: Unimontes