sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Municípios do Norte de Minas vão receber recursos para combater a seca

O secretário de Estado de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Gil Pereira, conseguiu a liberação de recursos junto ao governo federal para amenizar o problema da seca no Norte de Minas, diz o Hoje Em Dia. O secretário precisou comprovar a realidade das cidades para liberar o montante R$ 500 milhões.

"O recurso será destinado à construção de 600 sistemas simplificados de água. Também serão perfuradas 43 mil cisternas de 16 mil litros, com o intuito de guardar água por cerca de dois meses, e construídas 1.800 barraginhas e 1.150 barragens maiores", esclarece a reportagem.
 
Leia abaixo a reportagem na íntegra.



Fonte: Agência Minas


Estado registra redução de 57% de área queimada por incêndios florestais nas Unidades de Conservação em relação à média histórica

 
Parque Estadual Serra do Cabral, em Buenópolis
Evandro Rodney/Sisema

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) divulgou, nesta quarta-feira (27/11/13), o balanço dos incêndios florestais registrados nas Unidades de Conservação de Minas Gerais no período de janeiro a 12 de novembro deste ano, data que se encerrou o período crítico de seca no estado. Os dados revelam que 2013 apresentou redução de 57,4% de área queimada em relação à média histórica registrada nos últimos seis anos. Já em relação a 2012, a queda foi ainda mais significativa. Foram 78% menos hectares de área de preservação destruídos por incêndios.

Neste ano, a área queimada nas UCs estaduais foi de 13,6 mil hectares enquanto em 2012, considerando o mesmo período, 62 mil hectares de áreas de preservação foram atingidos por incêndios florestais. Em relação ao número de ocorrências, em 2013 foram 562 queimadas enquanto em 2012 foram 559. “Os números mostram a efetividade das ações de combate. Apesar de terem sido registradas mais ocorrências de incêndio do que no ano passado, a área queimada foi significativamente menor”, ressalta o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães.

De acordo com a subsecretária de Controle e Fiscalização Ambiental Integrada, Daniela Diniz, os resultados se devem às condições climáticas a às importantes ações desenvolvidas pelo Estado. “Foram contratados cerca de 250 brigadistas para as nossas Unidades de Conservação que reforçaram as ações de combate. Além disso, decidimos pelo emprego das aeronaves nas ações de combate e a Polícia Ambiental intensificou a fiscalização nas áreas de preservação mais críticas, a fim de coibir as ocorrências criminosas. Aliado a essas ações, tivemos forte apoio da Adjuntoria Ambiental do Corpo de Bombeiros que mobilizou militares especializados em combates a incêndios florestais, além da atuação de brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e também dos voluntários”, explicou Daniela.

As ações citadas associadas ao fortalecimento da Força Tarefa Previncêndio (FTP) e ao funcionamento durante 24 horas da Sala Situação, resultaram ainda na redução do tempo de resposta de combate. Nas 20 UCs estaduais consideradas as mais críticas em relação às queimadas, as médias do tempo de resposta entre a detecção do foco de incêndio até o início do combate e do início ao fim do combate caíram, em alguns casos, para menos da metade do tempo registrado em 2012.

De acordo com o diretor de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais e Eventos Críticos da Semad, Rodrigo Bueno Belo, com a diminuição do tempo de resposta, em cerca de 60% das ocorrências registradas este ano, ou seja, 312 delas, foram queimadas áreas menores do que 10 hectares. “Ao contrário do ano passado, quando registramos 13 grandes ocorrências de incêndios com mais de mil hectares de áreas queimada em cada uma delas, este ano não há registros de ocorrência na qual tenha queimado mais de mil hectares. Podemos afirmar que isso é resultado de um esforço conjunto. Os gerentes das UCs e suas equipes conseguiram identificar rapidamente o foco, informaram à Sala de Situação que gerenciou as informações e avaliou com precisão a necessidade do apoio de aeronaves ou de pessoal no combate, bem como de equipamentos de suporte”, destacou.

Proteção Integral

Nas unidades de conservação de proteção integral a área queimada em 2013 também foi inferior ao mesmo período do ano passado. Enquanto em 2012 queimaram 11,6 mil hectares, neste ano a queda foi de cerca de 75%, com 2,8 mil hectares atingidos por incêndios florestais. “No ano passado, nos propusemos uma meta de redução de 50% mas, com todas as ações desenvolvidas e o empenho das equipes da Semad, do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e de todos os outros órgãos que compõem a Força Tarefa Previncêndio conseguimos resultados ainda melhores”, comemora o secretário Adriano Magalhães.


Fonte: Semad


Minas Sem Fome beneficia famílias de Mantena, região Leste de Minas Gerais




Estimular a implantação de hortas e lavouras de milho. Esse é o objetivo da Emater-MG em parceria com a Prefeitura de Mantena, região Leste de Minas Gerais, com a distribuição de kits de horta e sementes de milho. A doação, que aconteceu no mês de novembro, beneficiou 530 famílias  e foi possível por meio do programa Minas Sem Fome. 

No total foram entregues 400 kits de horta com sementes de quiabo, cenoura, beterraba, alface, repolho e abóbora. Quatrocentas famílias receberam os kits. O material será utilizado para implantação de hortas individuais. Dessa forma, as famílias beneficiadas poderão reduzir despesas com a compra de hortaliças e consumir alimentos de qualidade diariamente.

“O objetivo é tornar o consumo de hortaliças cada vez mais frequente de maneira que não falte alimentos ricos em vitaminas na mesa do agricultor mineiro e, de preferência, plantado pelas próprias famílias”,  afirma a extensionista Tânia Carvalho Coleta.

Também foram distribuídos 1.300 quilos de sementes de milho para 130 famílias. Os grãos serão plantados no mês de novembro e deve ser colhido em fevereiro. O milho será utilizado para consumo das famílias e para a alimentação complementar do gado e suínos.

A extensionista da Emater-MG explica que a doação de sementes aconteceu em boa hora, pois o mês de novembro é tradicionalmente época de plantio de milho. “ Quem não plantar agora terá que esperar até março do ano que vem. Se não tivessem recebido as sementes este ano, os agricultores estariam gastando muito para plantar milho”, disse Tânia Carvalho Coleta.

Minas Sem Fome

O Minas Sem Fome é uma iniciativa do governo de Minas e executado pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, por meio da Emater–MG, com apoio das prefeituras. O objetivo é implementar ações que contribuam para a inclusão da população de baixa renda no processo produtivo, especialmente agricultores familiares. O programa incentiva a produção de alimentos, agregação de valor e geração de renda, visando a melhoria de suas condições de segurança alimentar e nutricional. A Emater–MG é responsável pela mobilização dos agricultores, assistência técnica, compra e distribuição dos insumos.



Fonte: EMATER/MG


Quilombola da Lapinha em Minas é força e vitória


Foto: Priscila Carvalho
José Teodorico Borges, conhecido como Doriquim e Dermira Ferreira Borges, conhecida como Deca, estão casados há 27 anos, vivem no Quilombo da Lapinha. Possuem quatro filhos Nilson, Nilton, Nelma, Noemia e cinco netos, Luidy, Davi, Emily e Ana Julia, está última mora com eles.

O Quilombo da Lapinha, situado no município de Matias Cardoso, norte de Minas Gerais, é constituído por cerca de cento e sessenta famílias e, é composto pelas comunidades Várzea da Manga, Lapinha, Saco, acampamento Rio São Francisco e Ilha da Ressaca. Esta comunidade quilombola ocupa o seu território, desde o século XVII. Deca e Doriquim explicam que Matias Cardoso era ponto de comercio e troca de mercadorias, e com seus senhores haviam sempre os escravos. A vila que virou cidade é mais velha do que Mariana e Outro Preto. Vários de seus ancestrais se rebelaram e fugiram formando os quilombos, principalmente vindos das fazendas da Bahia, e adentraram a chamada Mata da Jaíba, nos vales do Rio São Francisco, Verde Grande e Gorutuba.

Deca e Doriquim, como várias outras famílias quilombolas, viviam cercados por fazendeiros que se apropriaram das terras da região por volta de 1970. No período das grandes cheias a ilha inunda, e eles têm que procurar jeito de sobreviver na cidade. Quando mudaram para a ilha conheceram Jezuíto Gonçalves, que vive na comunidade próxima chamada Lapinha. Segundo o casal, Jezuíto descobriu em seu envolvimento com movimentos dos povos tradicionais que território é um direito garantido por lei para descendentes e remanescentes de comunidades quilombolas. Para garantir este direito recorreram ao apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ao Centro de Agricultura Alternativa (CAA) do antropólogo João Batista. E o ITER (Instituto de Terras) e a Unimontes (Universidade Estadual de Montes Claros), que disponibilizaram serviços de laudos, advogados, e ajuda nas viagens e mobilizações do quilombo.

Foto: Priscila Carvalho
Este esforço deu resultado, pois em 2005 conseguiram provar na justiça que são os membros das antigas famílias quilombolas. Contudo, o reconhecimento de que eles têm um território foi outra luta. Para isso, criaram a Associação do Quilombo da Lapinha, cujo atual presidente é Doriquim. E em 2006 retomaram por si próprios o território em que viveram seus antepassados e do qual foram expulsos com a chegada dos fazendeiros.  Eles contam que a terra em disputa, encontra-se há mais de vinte anos abandonada e é, portanto improdutiva, sendo ocupada apenas por caseiros que recebem para vigiar a propriedade.
 
Por isso, montaram o acampamento denominado de Rio São Francisco. A partir daí iniciou-se um processo de negociação entre os quilombolas, fazendeiro, INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e juiz. Depois de o caso ser disputado em várias instâncias, contabilizando, sete anos de luta, conquistaram o decreto de direito ao território e que provisoriamente tem posse de 22 hectares para permanência das famílias até que o INCRA realize a demarcação de todo o território.

Agora estão aguardando a demarcação, para concretizar a conquista da terra. No entanto, eles dizem que esta conquista não foi simples assim, pois desde que realizaram a retomada do território os policiais constantemente os visitavam armados para amedrontá-los. Deca, de forma convicta nos afirmou, “Aprendemos muito dos nossos direitos no intuito de defender nossas vidas. Aprendemos a mobilizar advogados, secretários, Ministério Público (MP). A gente não sabe como agradecer a Deus por ter passado vivo por todos estes conflitos com os policias armados, falsos oficiais de justiça ameaçando para assinar documentos”, diz Deca.

Os remanescentes das comunidades quilombolas destacam que a comunidade sempre unida para mutirões e trabalhos coletivos em todas as ações os levou a conquistar não só direito a terra, como também professoras e enfermeiras da própria comunidade melhorando o atendimento da saúde e educação, projetos de acesso à água para beber com as cisternas de placa de cimento e uma horta PAIS (produção agroecológica integrada e sustentável) através do CAA e CPT; criação de galinhas; padaria, fabriqueta de rapadura do Programa de Combate à Fome. E ainda, a contribuição de seu Francisco aposentado da Petrobras que conseguiu um sistema de tratamento de água para o assentamento São Francisco.

Deca e Doriquim finalizam dizendo da resistência e da persistência coletiva que tiveram para conseguir seus direitos tendo de enfrentar, polícia e o poder público de Matias Cardoso, Montes Claros e Brasília. “Já fechamos o INCRA por três dias, ficamos mais de 2 semanas em Brasília. O povo pergunta como conseguimos nossas terras tão rápido, mas a questão é que nunca paramos, esta luta é assim não para”, nos declarou Doriquim.


Fonte: ASA Minas


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Sai o pesticida, entra o pequiticida

Inseticida à base de sementes de pequi pode ajudar a reduzir os impactos de pesticidas químicos no meio ambiente



Vida de planta do Cerrado não é moleza: além de se defender do sol tropical, de garantir reservas d’água para longos períodos de seca e fincar raízes profundas para não ser arrastada pelas enxurradas de verão, ainda é preciso criar um arsenal químico de reserva em caso de ataque dos mais diversos parasitas e predadores. E tudo isso sem sair do lugar, sem deixar de crescer, florescer e frutificar.

Felizmente para nós, humanos, as estratégias das muitas plantas do Cerrado para vencer essas adversidades se traduzem numa imensa variedade de substâncias, proteínas e moléculas de grande interesse para a biotecnologia. Assim, as prospecções de espécies nativas do Cerrado com potencial de uso acabam sempre revelando boas surpresas, mesmo que os resultados finais não correspondam exatamente às expectativas esboçadas no início.

Uma pesquisa realizada por Tiago Gonçalves da Costa para sua dissertação de mestrado em Ciências Genômicas e Biotecnologia, na Universidade Católica de Brasília (UCB), ilustra bem isso. Ele começou estudando a atividade de extratos brutos de casca, folhas, flores e frutos de barbatimão (Stryphnodendron adstringens), baru (Dipteryx alata), erva-bugre (Casearia sylvestris), orelha-de-macaco (Enterolobium contortisiliquum), pau-terra-grande (Qualea grandiflora) e pequi (Caryocar brasiliense). Testou a atividade dos extratos contra bactérias e fungos patogênicos para o homem e para lavouras e contra insetos considerados pragas agrícolas.

“A amostra de melhor atividade foi o extrato bruto de flor de pequi contra bactérias e fungos hospitalares”, comenta a doutora em Biologia Molecular e orientadora do mestrado, Simoni Campos Dias, da UCB. A descoberta de novos princípios ativos antibacterianos e antifúngicos é de extrema importância no contexto hospitalar, pois as bactérias e os fungos patogênicos evoluem com muita rapidez e desenvolvem resistência aos antibióticos disponíveis, obrigando ao uso de doses maiores ou sujeitando os pacientes à septicemia. Assim, os resultados preliminares da pesquisa apontavam um caminho interessante a seguir.

Mas ao partir para a etapa seguinte, de purificação e quantificação da proteína com atividade, foi preciso mudar a direção. “Essas proteínas de reserva das plantas são produzidas em quantidades muito pequenas. Não é uma molécula que a planta vai usar rotineiramente, é um recurso de emergência para quando houver um ataque. E, no caso da flor do pequi, ainda precisamos considerar o fato de a árvore só florescer uma vez por ano e as flores só durarem cerca de uma semana”, prossegue Simoni. Sem contar que a frutificação depende da polinização das flores e, portanto, elas não poderiam ser colhidas antes de cair.

Foto: Christoph Diewald/Creative Commons

 A opção foi partir para outra atividade do pequi, contra insetos-praga, obtida com o extrato das sementes. Aí, sim, o estudo pode continuar, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, de onde vieram os insetos-praga criados em laboratório para os bioensaios. Em termos práticos, as sementes de pequi são muito mais fáceis de encontrar e seu uso é mais sustentável, pois hoje elas são descartadas pelas cooperativas de comercialização da polpa do pequi. Ou seja, produzir um inseticida à base de sementes de pequi não só ajudaria a reduzir os impactos de pesticidas químicos no meio ambiente e entre os insetos benéficos, como eliminaria os atuais resíduos dessa comercialização de polpa.

Após sucessivas etapas de purificação proteica do extrato de semente de pequi, Tiago Gonçalves da Costa chegou a uma albumina 2S, um tipo de proteína solúvel em água relativamente abundante em sementes. Esta albumina 2S do pequi é uma possível alternativa para o desenvolvimento de novas formas de combate a insetos, fungos e bactérias de importância agrícola. De acordo com a pesquisadora Simoni Dias, o inseticida à base de pequi tem atividade inclusive contra a broca-do-cartucho-do-milho (Spodoptera fugiperda) e a lagarta-desfolhadora-da-soja (Anticarsia gemmatalia).

Além do aluno de mestrado e sua orientadora, o estudo contou com outros dois pós-graduandos e dois pesquisadores da UCB e as equipes das instituições parceiras. Os recursos vieram de bolsas da própria Universidade Católica de Brasília e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).

E as superbactérias e os superfungos hospitalares?

“Ainda passo por um pequizeiro em flor e penso em continuar a purificação até chegar a uma molécula que possa ser sintetizada, pois assim não dependeríamos de extração da natureza”, confessa Simoni Campos Dias.


Fonte: Viajeaqui 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Agroindústria do imbuzeiro: maior renda para as comunidades


O técnico Nilton de Brito Cavalcanti, da Embrapa Semiárido, há mais de duas décadas realiza pesquisas com imbu, como prefere chamar a espécie nativa da caatinga. Neste tempo, reuniu um grande acervo de informações fruto de acompanhamento detalhado, ano a ano, do crescimento e produção das plantas. Afora esses dados, agregou outros recolhidos em estudos de cadeia produtiva e do potencial agroindustrial.

Com base nessa experiência, Nilton faz uma conta interessante e que usa costumeiramente nas palestras e cursos feitos para agricultores, agricultoras, profissionais de assistência técnica e extensão rural e secretários de Agricultura.

Segundo ele, uma planta de imbuzeiro adulta pode produzir cerca de 300 kg de frutos/ano. Se, como acontece com o extrativismo, são comercializados in natura ao valor de R$ 0,25/kg gera uma renda de R$ 75,00/planta/ano. Contudo, ao transformar em geléia, consegue processar quantidade equivalente a 720 potes de 125 g, que vendido a R$ 2,50 cada pote, a renda cresce para R$ 1.800,00.

Se a opção for fazer doce, é possível obter 210 kg polpa, ou 630 potes de 250 g de doce, que, vendidos a R$ 2,50/pote, gera R$ 1.575,00. Mas essa mesma quantidade de polpa resulta em 2.100 pacotes de 100 g/cada que pode ser vendida a R 1,05 e receber R$ 2.205,00. Estas são decisões que os produtores em associações podem tomar e obter maiores lucros.

Nilton chegou a esses dados após um estudo de cadeia produtiva do imbuzeiro onde acompanhou a valorização que o fruto vai recebendo do momento em que é colhido e vendido nas margens de estrada até os vários circuitos de comercialização (atravessadores, supermercados, ambulantes) e as formas de processamento porque passam em lanchonetes, delicatessens, restaurantes e hotéis.

Por isso defende que a agroindústria do imbuzeiro é uma das principais iniciativas de convivência com o semiárido. A possibilidade de instalação de pequenas estruturas de processamento em nível de comunidades e vinculadas a políticas públicas de âmbitos municipal, estadual ou federal, pode garantir fonte importante de renda e trabalho para os agricultores e suas famílias, durante todo ano.

Segundo Nilton, os frutos podem ser transformados em polpa e armazenados por mais de um ano. Deste modo, os agricultores dispõem de matéria prima para movimentar a pequena fábrica após o período da safra que acontece nos meses de chuva. Assim, “dispõem de fonte de renda mesmo na seca”, afirma.

A qualidade sanitária dos produtos pode ser obtida com recursos simples e baratos. No caso dos frutos é preciso usar concentrações de cloro que variam entre 10 a 70 ppm, com tempo de imersão de 15 a 30 minutos. “Frutos colhidos, ao invés de catadas no chão, onde as incrustrações em sua superfície são poucas, devem receber baixas concentrações com um tempo reduzido. Para frutos colhidos no chão, devem ser utilizadas as maiores concentrações de cloro, por maior tempo”, explica.

Outro fator importante no processamento de doce com polpa armazenada em temperatura ambiente é o controle do pH, o qual deve está sempre entre 2,5 a 3,5, cujo valor inibi o desenvolvimento de microorganismos patogênicos, entre estes,  a bactéria que provoca o botulismo.

Segundo Nilton, incentivar a agroindústria do imbuzeiro tem conseqüências importantes na conservação do Bioma Caatinga, que tem sido afetado por desmatamento indiscriminados e a reduzida incidência de plantas novas na vegetação nativa. “A percepção dos benefícios da preservação do umbuzeiro para as comunidades pode vir a estimular iniciativas como preparação de mudas enxertadas ou não com o objetivo de revegetar esse ambiente”, afirma Nilton de Brito. 


Fonte: Embrapa Semiárido

Semad dá início às fiscalizações durante Piracema

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), por meio da Diretoria de Fiscalização da Pesca, em parceria com a Polícia Militar do Meio Ambiente, promoverá, até o final 28 de fevereiro de 2014, período em que se encerra a Piracema, ações de fiscalização nos rios de todo o estado. O objetivo é coibir a pesca de espécies nativas, proibidas pelas portarias 154, 155 e 156, publicadas em 1° da novembro pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e que estabelecem, ainda, outros critérios para as atividades pesqueiras nas bacias mineiras durante a Piracema.

          A restrição à pesca no período da piracema é fundamental para a reposição das espécies que vivem nos rios

De acordo com o diretor de Fiscalização da Pesca da Semad, Marcelo Coutinho, a primeira ação teve início, preventivamente, no meio do mês de outubro, no rio São Francisco, na região de Três Marias, já que a Piracema teve início no dia 1º deste mês. “Fizemos uma parceria com o Ministério Público e a Polícia Militar de Meio Ambiente antes mesmo do período de defeso e a ação continua sem prazo para terminar. Nossa meta é impedir a pesca predatória e de espécies nativas neste período”, afirma. Nesta operação, cerca de 20 homens, entre fiscais da Secretaria e policiais militares percorrem trechos do São Francisco de barco e jet ski a fim de localizar e autuar possíveis infratores.

Ainda segundo o diretor, terminou na última terça-feira (5) o prazo para que os estabelecimentos que comercializam peixe apresentassem suas declarações de estoque. “Nessa declaração o comerciante informa se tem as espécies nativas em estoque. Dessa forma, nas nossas fiscalizações a estabelecimentos comerciais conseguiremos saber se os produtos da pesca encontrados foram adquiridos antes ou durante a Piracema”, esclarece Coutinho.

Durante a Piracema, que é o período de desova e reprodução dos peixes, ficam limitadas as atividades de pesca profissional, utilização de redes, tarrafas e outras armadilhas. A pesca amadora tem a quantidade de peixe limitada e só pode utilizar equipamentos simples como caniço ou vara com molinete. A restrição nesse período tem como objetivo garantir a preservação das espécies nos rios e lagoas. Além disso, todo pescador amador deve ter licença de pesca do IEF.

O período da Piracema é fundamental para a reposição das espécies que vivem nos rios, barragens e represas do estado. Os peixes de Piracema também são conhecidos como peixes migradores e chegam a nadar centenas de quilômetros em poucos dias.


Fonte: SEMAD

Agroindústria de polpa de frutas é alternativa de renda para produtoras em Salinas


   
Um grupo de mulheres do município de Salinas, Norte de Minas, descobriu na produção de polpa de frutas uma boa alternativa de renda. Com o apoio da Emater-MG, elas criaram uma agroindústria e hoje comercializam seus produtos em feiras e escolas.

O grupo Delícias do Jacurutu é formado por seis mulheres, que moram na comunidade Jacurutu. O local é conhecido, no município de Salinas, por seu potencial na produção de frutas. Apesar disso, a falta de oportunidades de comercialização gerava prejuízo para os agricultores familiares.

Em 2008 essa história mudou. O grupo, em parceria com a Emater-MG e o Conselho Comunitário Nova Esperança de Jacurutu, implantou uma agroindústria de polpa de frutas. O terreno para a construção da fábrica foi doado pela comunidade. O valor dos recursos para a implantação da agroindústria foi cerca de R$ 70 mil. Sessenta mil reais são provenientes do Programa estadual de Combate à Pobreza Rural (PCPR). O restante da verba veio do Conselho Comunitário Nova Esperança de Jacurutu. A Emater-MG ficou responsável pela elaboração do projeto técnico, que viabilizou a liberação dos recursos.

Na agroindústria são produzidas 12 variedades de polpa de frutas. O grupo foi capacitado pela Emater-MG. As produtoras receberam treinamento sobre processamento de frutas, boas práticas de fabricação e comercialização. Para o extensionista do escritório da Emater-MG em Salinas, Antônio Eustáquio Ferreira Duca, a agroindústria tem causado um impacto positivo na vida do grupo e da comunidade. “É uma alternativa importante para agregação de valor, geração de renda e oportunidade de trabalho no meio rural”.

Desde de 2010, por orientação da Emater-MG, o Delícias do Jacurutu participa do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A iniciativa garante espaço no mercado institucional. O grupo vende para as escolas cerca de 40% de sua produção. As atribuições da Empresa no programa são bem amplas e abrangem desde a assistência técnica, mobilização de agricultores, emissão da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), orientação e elaboração de projetos até a capacitação dos agricultores em boas práticas de produção.

Em 2013, a Emater-MG também orientou a participação do grupo no programa estadual Cultivar, Nutrir e Educar*. Por meio do programa, as produtoras são beneficiadas pelo subprojeto “Apoio a Habilitação Sanitária da Agroindústria Familiar”, que é voltado para a adequação e habilitação sanitária de estabelecimentos agroindustriais rurais de pequeno porte. A Emater-MG é responsável por diversas ações, como orientar os produtores sobre produção sustentável, processamento de alimentos, boas práticas de fabricação e habilitação sanitária, gestão e comercialização da produção.

“As capacitações são utilizadas como uma importante ferramenta para auxiliar o grupo no processo de planejamento, produção, organização e comercialização, resultando em um produto final de qualidade. Os benefícios das capacitações são inúmeros. Entre eles, o desenvolvimento pessoal dos agricultores que se sentem motivados”, explica a extensionista do escritório da Emater-MG em Salinas, Lorena Martins. 

Com os desafios iniciais superados, hoje, o Delícias do Jacurutu começa a ter bons resultados. Além de comercializar polpa de frutas para escolas, as produtoras também vendem parte da produção em feiras, no mercado municipal e no comércio local.

Programa Cultivar, Nutrir e Educar

O Programa visa garantir o direito humano à alimentação saudável, adequada e solidária, contemplando alunos das escolas públicas estaduais de educação básica. Além disso, o programa tem como objetivos fortalecer a agricultura familiar e promover a educação alimentar e nutricional. A iniciativa é voltada para alunos da rede pública de ensino, agricultores familiares, associações e cooperativas de agricultores, e profissionais de educação, saúde e agricultura. O Cultivar, Nutrir e Educar é um programa do Governo de Minas Gerais e desenvolvido em parceria pela Secretaria Geral de Governadoria, Secretaria de Agricultura e suas vinculadas, e as secretarias de Educação e Saúde.


Fonte: EMATER/MG

Participação no Programa de Aquisição de Alimentos ajuda na melhoria de renda dos agricultores familiares de Ouro Verde de Minas

Agricultores familiares de Ouro Verde de Minas, região Nordeste do Estado, estão melhorando a renda familiar com a venda de seus produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). O principal incentivo para a participação deles no programa veio da Emater-MG em parceria com a  prefeitura. Além de beneficiar os produtores, a iniciativa tem contribuído para melhorar a alimentação nas escolas e instituições assistenciais.
 
O PAA é uma iniciativa do governo Federal e coordenado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Por meio do Programa, os alimentos produzidos pela agricultura familiar são comprados e doados a escolas públicas, creches, asilos e instituições assistenciais. O PAA é dividido em cinco modalidades. A Emater–MG atua na Compra para Doação Simultânea.
O papel da Empresa é mobilizar e cadastrar entidades beneficiárias e agricultores familiares com potencial para comercializar; elaborar estratégias; emitir Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) e Declaração de Aptidão ao Programa de Aquisição de Alimentos, prestar assistência na produção e comercialização dos produtos e orientar a gestão do Programa na organização de agricultores.

Desde de 2007, o município de Ouro Verde de Minas implantou o PAA. A iniciativa foi da prefeitura em parceria com a Emater–MG e está garantindo mercado aos agricultores familiares. Atualmente, 88* produtores são beneficiados. Em média, pelo contrato com a Conab, cada um recebe R$ 4.150,00 por ano.

Para a extensionista da Emater–MG, Fernanda Alves de Oliveira, o Programa é uma garantia de espaço no mercado para aos agricultores. “O programa é de grande importância para a geração de renda e trabalho para agricultores familiares de Ouro Verde de Minas. É um complemento na renda do agricultor, estimula a produção e abre caminho para a comercialização em mercados locais como Ceasa e  feiras” , afirma. 
 
Os alimentos adquiridos da agricultura familiar por meio do PAA são doados a 42 entidades cadastradas. Os produtores fornecem hortaliças, frutas, doces e quitandas. O produtos são entregues no Banco de Alimentos da Prefeitura de Ouro Verde de Minas, que depois os repassa às entidades beneficiadas.

Izabel Rosa de Souza é uma das produtoras que participam do Programa. Ela fornece para o PAA cenoura, farinha e cheiro verde. A entrega dos alimentos acontece toda semana. Izabel de Souza comemora o aumento da renda da renda familiar. “Melhorou muito. Nós fornecemos alimentos para o banco. A gente produz com mais vontade porque sabe onde vai vender”, disse.

A Casa de Apoio Lar Unidos é uma das instituições beneficiadas. Fundada há cinco anos, a Casa abriga pessoas da terceira idade e com necessidades especiais. Por dia são servidas quatro refeições. Por meio do PAA a instituição recebe verduras, legumes, frutas, feijão, rapadurinha e bananada.

Os bons resultados do PAA em Ouro Verde de Minas têm estimulado a participação de mais produtores a cada ano. De acordo com a Emater–MG, no ano que vem, o número de produtores beneficiados deve chegar a cerca de 100.


Fonte: EMATER/MG

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Adoção do sorgo na dieta dos brasileiros é tema de simpósio


O sorgo é um cereal rico em proteína e minerais. No Brasil, é amplamente utilizado na alimentação animal. A população ainda não tem entre seus hábitos de consumo produtos derivados do sorgo, mas resultados de pesquisa podem reverter esse quadro. Estudos demonstram que o cereal tem alta concentração de antocianina, uma substância encontrada em poucos alimentos e que apresenta elevada atividade antioxidante.

Um importante diferencial do sorgo é a ausência de glúten. Por isso, sua farinha pode ser usada na dieta de pessoas portadoras de doença celíaca. Para pessoas com diabetes, o sorgo apresenta outra vantagem, pois produtos feitos com a farinha de cultivares com tanino são digeridos mais lentamente, o que contribui para um período maior de saciedade em comparação com outros cereais.

A Embrapa tem realizado testes sensoriais para saber a opinião de potenciais consumidores sobre produtos que têm como matéria-prima o sorgo. Barras de cereais, pipoca, biscoitos e bolos apresentam potencial para serem usados diariamente. A farinha de sorgo, após passar por um processo de extrusão, pode ser usada também como cereal matinal.

Para avaliar o processo e os potenciais impactos da inserção e adoção do uso do sorgo na alimentação humana no Brasil, será realizado em Sete Lagoas-MG um simpósio que reunirá pesquisadores, professores, produtores e representantes do setor agroindustrial. O evento ocorre de 29 a 31 de outubro na Embrapa Milho e Sorgo e tem os seguintes objetivos:

- Analisar os aspectos estratégicos, econômicos, tecnológicos e sociais da utilização dos grãos de sorgo na alimentação humana no Brasil;

- Integrar os principais atores do processo ligados à pesquisa, produção, comercialização e utilização dos grãos de sorgo como pesquisadores, estudantes, produtores de sementes e de grãos, empresários de indústrias de alimentos e comerciantes de produtos sem glúten;

- Discutir os principais resultados alcançados nos trabalhos realizados no tema até o momento;

- Avaliar os desafios relacionados à logística para adoção da prática e propor melhorias para o atual sistema;

- Analisar estratégias para garantir a disponibilidade do cereal no mercado, para uso na alimentação humana;

- Definir grupos de estudos para dar continuidade aos próximos trabalhos;

- Gerar e publicar um documento orientador, com base científica, baseado nos resultados do evento.




Inimutaba quer regularizar garimpo de cristais

Moradores e autoridades defendem legalização da principal atividade econômica do município da Região Central do Estado.

Foto: Willian Dias
A legalização do garimpo em Inimutaba (Região Central do Estado) foi a principal demanda apresentada por moradores e autoridades que participaram de audiência pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada na cidade nesta sexta-feira (4/5/13). O presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e autor do requerimento, deputado Célio Moreira (PSDB), conduziu a reunião da Comissão de Minas e Energia. A exploração do cristal é a principal atividade econômica do município.
 
De acordo com o presidente da Cooperativa Regional Garimpeira de Corinto (Coopergac), Enilson de Souza, 80% do Produto Interno Bruto (PIB) de Inimutaba vem do garimpo de cristal e entre 40% e 50% da população da cidade está ligada direta ou indiretamente com a atividade. Segundo ele, o cristal representa 25% do PIB gerado pela mineração em Minas Gerais. O Estado é responsável por 51% da produção mineral do País, conforme informou o representante do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Cícero Barbosa.
 
A principal reclamação da população local é com a dificuldade de legalização da atividade. Enilson de Souza afirmou que a documentação no DNPM pode demorar até quatro anos para ser liberada. “Se não arrumar um padrinho, não consegue a documentação”, denunciou o presidente da Associação Mineral do Centro de Minas, José de Jesus Facury. Ele também reclamou da alta carga tributária e da marginalização da profissão, que ainda não é regulamentada no Brasil.

“De barriga vazia, ninguém consegue esperar tantos anos pela regularização”, disse o presidente da Câmara Municipal de Inimutaba, vereador José Alves Martins. Para ele, a morosidade estimula a atuação ilegal dos garimpeiros.

Foto: Willian Dias
Na cidade, a maioria dos garimpeiros atua de forma ilegal. “Há mais de 40 anos estamos explorando a região e nunca nos disseram que não podia”, disse Enilson de Souza. Recentemente, a Polícia Federal realizou prisões e apreensão do produto durante a operação “Louco verde”, em alusão a um dos mais cobiçados cristais da cidade, que tem uma coloração esverdeada. “São (os garimpeiros) pais de família que tiram do cristal o seu sustento”, reclamou o prefeito, Rafael Dotti de Carvalho. Ele disse que o fato deixou a população apreensiva e assustada.

O deputado Célio Moreira (PSDB) reconheceu que muitas famílias de Inimutaba dependem da extração do cristal. Ponderou, no entanto, que é fundamental que as leis sejam respeitadas porque o garimpo pode causar danos irreparáveis ao meio ambiente e ao homem. “A legalização reduz os riscos para o próprio garimpeiro e pode proporcionar melhores condições de competitividade no mercado”, explicou. Ele defendeu que o poder público ofereça mais apoio para que os garimpeiros saiam da informalidade. “É preciso que essa nossa principal riqueza seja tratada com responsabilidade”.

Ilegalidade gera conflitos

Como a maior parte das áreas minerárias de Inimutaba não está regularizada, a atividade dos garimpeiros é feita de maneira manual e em propriedades particulares. O comandante da 14ª Companhia de Meio Ambiente e Trânsito da Polícia Militar, major Baracho, disse que fazendeiros locais reclamam muito de invasões e derrubadas de cerca por pessoas em busca dos cristais.

A delegada-chefe da Delegacia de Crimes Ambientais e Patrimônio Histórico da Polícia Federal, Cristina Amaral Passos Figueiredo, explicou que a corporação não é contra os garimpeiros, mas precisa agir diante da ilegalidade. Ela lembrou que não basta pertencer a alguma cooperativa; é necessário que a instituição também esteja legalizada. “Não queremos prender ninguém, mas precisamos cumprir a lei”, explicou.

Segundo o vereador Wanderson Santana Ribeiro, os cristais de Inimutaba são vendidos, ilegalmente, a atravessadores que, por sua vez, os repassam a chineses que vão à cidade em busca do mineral. Naquele país oriental, a pedra é utilizada de várias formas, inclusive como componente de equipamentos tecnológicos que são importados por valores muito superiores pelo próprio Brasil. “Vendemos barato e compramos muito caro”, lamentou o parlamentar.

Falta de estrutura prejudica legalização

Foto: Willian Dias
O representante do DNPM, Cícero Barbosa, afirmou que a demora na liberação da documentação se deve, principalmente, à falta de estrutura do órgão. Segundo ele, o departamento conta com apenas 25 técnicos para fazer todas as análises de licenciamento em Minas Gerais. “Faltam recursos humanos e tecnológicos”, reclamou.

Ele acredita que a solução é a implantação de uma agência reguladora para fortalecer o trabalho do órgão. O assunto, segundo Cícero, já está sendo discutido pelo Congresso.

O primeiro passo para legalizar a atividade é adquirir o direito para exploração no DNPM, como lembrou a superintendente regional de Regularização Ambiental, Eliana Piedade Alves Machado. Somente depois de adquirir esse título, o garimpeiro poderá solicitar as autorizações e licenças ambientais.

Para os pequenos produtores, segundo ela, a regularização é mais simplificada. Por outro lado, ela reclamou que o principal problema na região é o desrespeito ao meio ambiente. De fato, em propriedades particulares por toda a cidade é comum ver valas abertas por garimpeiros que retiraram o mineral, mas não se preocuparam em recompor a área.

“O ciclo produtivo do cristal é curto, o que leva os garimpeiros a se deslocarem sempre em busca de novos veios”, afirmou o deputado Célio Moreira, para explicar a degradação da área. Ele admite que muitos agem por não conhecerem as exigências legais ou não conseguirem cumprir a legislação, que é muito rígida.


Fonte: Assembleia de Minas

Novas tecnologias reforçam o atendimento de urgência no Norte de Minas

Projetos Ecos dos Gerais e Minas Telecárdio darão mais agilidade ao diagnóstico de ultrassonografia e eletrocardiograma

                                                                                                                              Jerúsia Arruda/SES-MG
As tecnologias ajudam no atendimento à população

A incorporação de novas tecnologias aos serviços de saúde prestados na rede de Urgência e Emergência do Norte de Minas, através dos projetos Ecos dos Gerais e Minas Telecárdio, está redimensionando o diagnóstico e atendimento na região, principalmente de pacientes em situação crítica de saúde. Com o projeto Ecos dos Gerais, todas as portas de entrada de urgência e emergência dos municípios de Montes Claros, Brasília de Minas, Pirapora, Taiobeiras e Janaúba, unidades atenção primária do município de Manga e unidades de suporte avançado do SAMU Macro Norte estão recebendo a ultrassonografia point-of-care, que vai permitir que o médico, mesmo não sendo especialista, realize exame de ultrassom emergencial à distância e, em tempo real, se comunique com profissionais de uma central que realizarão um diagnóstico mais seguro e indicarão, de forma rápida e compartilhada, o melhor tratamento do paciente.

O Ecos dos Gerais, lançado pioneiramente no Norte de Minas em junho de 2012, é uma parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e o grupo World Interactive Network Focused on Critical Ultrasound (Winfocus) e tem como objetivo estabelecer um sistema de telemedicina para apoiar as áreas rurais, unidades móveis de saúde e a rede hospitalar. O método da ultrassonografia point-of-care, criado pelo grupo de médicos do Winfocus, utiliza a mesma tecnologia de transmissão de imagens utilizada pela NASA, e está sendo empregado em caráter inédito no Brasil pelo Governo de Minas, envolvendo a capacitação de 200 médicos que atuam em hospitais, unidades básicas de saúde e no Serviço Móvel de Urgência e Emergência da região Norte de Estado.  O projeto envolve investimento aproximado de R$ 6 milhões e, até o final deste ano, terá instalado 30 equipamentos nas unidades de saúde dos municípios contemplados.

Já o projeto Minas Telecárdio está acompanhando, desde o mês de junho de 2013, pacientes com suspeita ou diagnóstico de doenças cardiovasculares atendidos pelas unidades do SAMU e nas portas de entrada de urgência e emergência de Montes Claros, com objetivo de implantar e avaliar a linha de cuidados do infarto agudo do miocárdio (IAM) no Norte de Minas.

Desenvolvido pela SES-MG, em parceria com a Rede de Teleassistência de Minas Gerais, com o Minas Telecárdio serão instalados um tablet e um aparelho de eletrocardiograma (ECG) digital em cada ambulância do SAMU e nas portas de entrada dos hospitais para funcionamento do serviço de telecardiologia da região. Utilizando métodos de telemedicina, a imagem do ECG será enviada à Central de Regulação do SAMU para avaliação e orientação quanto à conduta apropriada.

Desde o mês de junho, a equipe do projeto, que também inclui acadêmicos de medicina de faculdades de Montes Claros, está registrando todos os pacientes com quadro de IAM atendidos nas unidades de emergência do SAMU e nas portas e entrada de urgência e emergência, desde o início dos sintomas e chamado ou procura pelo atendimento até o desfecho de cada caso, incluindo o registro dos procedimentos realizados, duração da internação, presença de complicações, e óbito, quando for o caso. Durante esse período, o trabalho da equipe técnica e clínica recebe suporte, treinamento e acompanhamento pela Rede de Teleassistência de Minas Gerais.

O coordenador médico do SAMU Macro Norte, Enius Freire Versiani, diz que a expectativa é reduzir sensivelmente a morbidade e mortalidade por doenças cardíacas na região. “Essas doenças respondem por um terço dos chamados para casos clínicos registrados pela Central de Regulação do SAMU e o Minas Telecárdio vai dar mais agilidade ao atendimento. Já a ultrassonografia point-of-care vai dar mais precisão ao diagnóstico e os pacientes serão encaminhados para o local mais adequado, que é a lógica da Rede, evitando a sobrecarga dos hospitais de maior porte”, ressalta o médico. A previsão é que os projetos estejam funcionando efetivamente no início de 2014.


Fapemig contempla pesquisa sobre saúde do adolescente no Quilombo da Lapinha


Quilombo da Lapinha em Matias Cardoso (Foto: Divulgação)
A Universidade Estadual de Montes Claros é uma das instituições contempladas pelo Edital/07-2013- "Apoio a projetos de Extensão em interface com a Pesquisa" da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Foi aprovada a proposta “Trajetórias de adolescentes no Quilombo da Lapinha”, do departamento de Saúde Mental e Saúde Coletiva.
Ao todo, 56 projetos foram aprovados, o que representa um investimento de R$ 2 milhões. O projeto da Unimontes foi beneficiado com recursos da ordem de R$ 34.545,63.

Professora Cristina Sampaio (Foto: Arquivo pessoal)
A professora Cristina Sampaio, coordenadora do Departamento de Saúde Mental e Saúde Coletiva salientou que o projeto “Trajetórias de adolescentes no quilombo da Lapinha” será desenvolvido ao longo de 18 meses e tem como objetivo principal realizar atividades de extensão e pesquisa junto à população tradicional do Quilombo da Lapinha, no município de Matias Cardoso, no Norte de Minas Gerais.

Além da professora Cristina Sampaio estão envolvidos na pesquisa os professores Maísa Tavares de Souza, do departamento de Enfermagem, Igor Caldeira Soares, do departamento de Saúde Mental e Saúde Coletiva e três acadêmicos do curso de Medicina da Unimontes.
De acordo com a proposta aprovada, serão levantadas as especificidades culturais dos quilombolas no que se refere ao conjunto de crenças sobre as práticas e cuidados relacionados à gravidez na adolescência e no parto. “Serão ministradas capacitações e oficinas envolvendo adolescentes quilombolas, acerca de gravidez, parto e sexualidade. Ações que resultarão na produção de materiais informativos e cartilhas de educação em saúde, qualificando os participantes a atuarem como agentes multiplicadores na discussão da saúde da adolescente” observou a coordenadora.

A pesquisa irá propor novos desafios para o Quilombo, ao mesmo tempo em que estará registrando as representações das adolescentes quilombolas sobre a gravidez e o parto, mediante as narrativas sobre histórias relacionadas às práticas e cuidados familiares de suas mães e avós. “Com esse registro, estaremos conhecendo a realidade social e ambiental do cotidiano da população local”, concluiu Cristina Sampaio.
O projeto está no grupo de pesquisa do CNPq “Saúde Coletiva e Atenção Primária à Saúde”. 


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Águas do Cerrado: questão estratégica para o País

Segundo maior Bioma brasileiro em extensão, com mais de dois milhões de quilômetros quadrados, o Cerrado tem a sua maior parte localizada no Planalto Central do Brasil. O espaço geográfico ocupado por este Bioma desempenha papel fundamental no processo de distribuição dos recursos hídricos pelo país. "Por estar em área alta e central, o Cerrado é a origem das grandes regiões hidrográficas brasileiras e do continente sul-americano, fenômeno apelidado de Efeito Guarda-Chuva”, destaca um dos pesquisadores da área de hidrologia da Embrapa Cerrados, Jorge Werneck.


Por conta dessa característica, o Cerrado é considerado o berço das águas do Brasil. Nascentes de oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras estão localizadas neste Bioma. “Os recursos hídricos do Cerrado possuem uma importância que extrapola em muito as dimensões do bioma”, afirma Werneck. Segundo ele, sob a perspectiva da manutenção desses processos de produção e distribuição de águas pelos rios do Brasil, e não apenas os do bioma, torna-se ainda mais importante a adequada gestão dos solos e dos recursos hídricos do Cerrado e a preservação de suas nascentes. Por ser um recurso finito, a água precisa ser usada da forma mais correta possível.

Nesse sentido, umas das linhas de pesquisa da Embrapa Cerrados, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sendo um centro de pesquisa ecorregional com foco na sustentabilidade da agricultura no Bioma Cerrado, é o desenvolvimento de tecnologias e estudos que favoreçam o manejo e a conservação de solo e de água. São estudadas técnicas que possibilitam o uso racional dos recursos naturais como forma de otimizar seu aproveitamento, minimizando os conflitos e os impactos ambientais decorrentes das atividades antrópicas, especialmente da agricultura.

Dentre esses estudos que buscam estimular o uso racional dos recursos hídricos na agricultura, destacam-se aqueles relacionados à questão do manejo de irrigação. A irrigação é uma prática importante para garantir a produtividade e a estabilidade da produção agrícola na região, uma vez que as chuvas no Cerrado não ocorrem durante todo o ano. Estimativas dão conta de que o Cerrado possui cerca de 10 milhões de hectares aptos à irrigação. “Atualmente, no entanto, apenas por volta de um milhão de hectares são efetivamente utilizados para esse fim. Isso indica que a prática da irrigação ainda tem grande potencial de expansão nesse bioma”, afirma o pesquisador Jorge Werneck.

Mas, mesmo ainda longe de alcançar seu potencial máximo, são frequentes os conflitos pelo uso da água por causa da sua utilização relacionada à irrigação. “Isso se deve, principalmente, à falta de um planejamento adequado do uso do solo e dos recursos hídricos no decorrer do processo acelerado de ocupação do Bioma Cerrado, o que acabou resultando na grande concentração de irrigantes em determinadas regiões”, destacou o pesquisador. O estudioso defende ser fundamental que o estabelecimento de novas áreas irrigadas considere a capacidade de suporte das bacias hidrográficas, o que também vem sendo estudado pela Embrapa para a orientação de políticas públicas relacionadas ao tema.

Além das questões relativas ao planejamento da ocupação do solo, os conflitos pelo uso da água em áreas com agricultura irrigada são ampliados pela não utilização das técnicas de manejo da irrigação existentes, apesar de serem há muito tempo conhecidas pelos profissionais da área. “A partir do monitoramento do clima, da umidade do solo ou do potencial da água nas folhas, é possível determinar o momento certo de se irrigar e o quanto de água aplicar nas áreas cultivadas, atendendo às demandas das plantas. Se esse monitoramento não é feito, ou é feito de forma incorreta, o produtor pode acabar utilizando mais ou menos água do que seria realmente necessário, o que pode prejudicar o cultivo e, por fim, seu lucro”, explica Werneck.

Gestão integrada

A Embrapa participa ativamente de diversos Comitês de Bacias Hidrográficas e de outros colegiados formados com o intuito de discutir e deliberar questões relacionadas à adequada gestão dos recursos hídricos. Além de representantes do poder público, esses grupos também são formados por representantes dos usuários das águas e da sociedade civil. “O comitê representa uma grande descentralização do poder em relação às instituições relacionadas ao tema recursos hídricos, na medida em que traz a sociedade para a discussão”, avalia o pesquisador da Embrapa Cerrados. Segundo ele, espera-se que, em breve, com o avanço da implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97), que vem ocorrendo em quase todo o território nacional, a gestão integrada do uso do solo e da água, bem como a adoção de boas práticas, no meio rural e urbano, possa continuar gerando bens e riquezas ao país.