terça-feira, 23 de outubro de 2012

RIO GORUTUBA: EM PLENA SECA, IRRIGAÇÃO E AGRONEGÓCIO DEIXAM SEM ÁGUA FAMÍLIAS QUE MAIS PRECISAM

Como se já não bastasse o grande período de estiagem que assola a região, o uso indiscriminado da água por fazendeiros e empresários está acabando com a água do Rio Gorutuba e deixando famílias que mais precisam sem água. Além do depoimento chocante das famílias agricultoras, os registros fotográficos comprovam a situação crítica. São inúmeras pessoas que estão sendo prejudicadas pelo aumento significativo e abusivo principalmente do plantio de bananais. É só percorrer o rio para ter uma noção da gravidade.

Irrigação, barragens, bombas d’água são algumas das formas de uso indiscriminado que estão comprometendo a saúde do rio. A contradição se dá pela presença da Barragem do Bico da Pedra que foi construída com um dos objetivos principais para perenizar o rio, mas numa época como essa de grande necessidade, esse investimento público tem servido para beneficiar os mais ricos e empresários do ramo que desfrutam com abundancia do bem natural.
 
A seca não é novidade no Norte de Minas, mas o contraditório é ver as grandes áreas verdes no perímetro de irrigação e em algumas grandes fazendas, e ao mesmo tempo sofrimento das famílias que estão a beira do maior rio da região. Nos últimos anos, o plantio de bananeiras aumentou significativamente. Segundo informações dos vizinhos, um único empresário possui cerca de 6 bombas puxando água do rio para molhar os mais de 100 hectares de banana. As famílias do Assentamento União nem sabem mais quem recorrer, pois tem água na barragem, no perímetro de irrigação e em outras fazendas, só falta é ser melhor distribuída, afirmam os assentados. Localizado às margens do rio Gorutuba, no município de Porteirinha, as famílias assentadas não tem nenhuma opção. Estão tendo água para beber graças a carros pipas do município vizinho de Pai Pedro, pois Porteirinha não disponibilizou. Inclusive, o prefeito da cidade é um dos fazendeiros que possuem barragem no rio que impede as águas de seguir seu leito.

As lideranças do Assentamento já recorreram a diversos órgãos e nenhuma resposta foi dada. O Ministério Público de Janaúba, os encaminhou para Porteirinha e no município, o presidente do Codema e funcionário da Prefeitura Municipal afirmou que não adianta nada, pois se trata de lutar contra os grandes, e que os assentados deveriam procurar assistência junto ao Igam. Porém, “se as famílias não tem nem água, quanto mais tempo e dinheiro para irem fazer a denuncia em Montes Claros”, sede do Instituto Mineiro, afirma uma das lideranças.

Pode até colocar fogo dentro do rio Gorutuba que não tem uma gota de água nem para remédio”, afirma outra liderança do Assentamento Califórnia, que fica no Quilombo do Gorutuba no município de Pai Pedro.

A tradicional festa em Jacaré Grande, no município de Janaúba também ficou prejudicada. Como era de costume há centenas de anos, quando o calor aperta no dia 07 de setembro, muitos participantes da festa iam para o Rio Gorutuba banhar. Nesse ano, o rio que é um importante sub-afluente do Rio São Francisco, não tinha nem uma gota de água.

Essa contradição já está causando revolta também nas redes sociais. Diversas fotos do rio em situação de calamidade estão sendo postadas pelos internautas para denunciar a sociedade esse descaso com o meio ambiente e com as famílias agricultoras que mais precisam. O fato da barragem e desses projetos serem criados com recursos públicos levanta ainda mais a discussão pois pelo que se vê, os maiores beneficiados tem sido os grandes empresários e fazendeiros. A população que sofre, não tem a quem recorrer e entrega a Deus que mande chuva, já que a água que tem armazenada com recurso público, eles não tem direito.

Fonte: Asa Minas

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Valor da produção agrícola em Minas deve atingir R$ 26,5 bilhões em 2012

Os números, com base em informações de setembro, fazem parte do relatório do Valor Bruto da Produção (VBP), divulgado pelo Ministério da Agricultura e analisado pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). 

O VBP se refere à renda dentro da propriedade e considera os preços recebidos pelos produtores das principais culturas agrícolas do país. Para o Brasil, a previsão é de uma soma de R$ 232,5 bilhões, variação positiva de 2,0% em relação ao valor registrado em 2011. Embora o café, principal produto do agronegócio mineiro, tenha apresentado retração, os dados da cana-de-açúcar, segundo no ranking, continuam favoráveis. Neste caso, o valor previsto é de R$ 4,4 bilhões, uma variação positiva de 11,5%.

Segundo o superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa, João Ricardo Albanez, a estimativa crescente do VBP da cana-de-açúcar em Minas deve ser atribuída à boa safra do produto no contexto de desempenho recorde da agricultura mineira. 

O cenário favorece também as estimativas de VBP do milho, que deve ter crescimento de 18,8%, alcançando o valor de R$ 3,5 bilhões. Para a soja está prevista uma variação percentual de 38,6% e o VBP de R$ 3,1 bilhões.  De acordo com Albanez, a soja e o milho estão valorizados no mercado interno e externo.

- A procura é crescente para atender ao aumento da produção de ração destinada aos criatórios de aves e suínos, explica.  Além disso, o superintendente destaca os reduzidos estoques desses grãos nos mercados mundiais.

A renda obtida com o valor pago aos produtores de feijão de Minas Gerais também teve correção favorável no novo levantamento do VBP para 2012. Neste caso, o crescimento previsto é de 55,2%, com um VBP de R$ 1,7 bilhão.

Para o VBP da banana, a estimativa é de um salto de 71,5%, com R$ 679 milhões. Está previsto também um expressivo crescimento (8,7%) para a batata inglesa, que deve alcançar o valor de R$ 823 milhões. O algodão também apresenta perspectivas favoráveis com um crescimento estimado de 18,3% no VBP, que deve alcançar R$ 245 milhões.

Já o café - que tem o maior peso entre todos os produtos agrícolas de Minas Gerais - deverá ter resultado negativo, com queda de 9% em relação ao ano passado e valor de R$ 10,8 bilhões. No entanto, conforme explica Albanez, este quadro poderá ser alterado nos próximos meses, desde que o mercado reaja positivamente quanto ao preço do produto.

- Com o início do inverno no Hemisfério Norte há expectativa de aumento da demanda e, como consequência, o aquecimento das cotações. Caso este prognóstico se confirme, o VBP mineiro poderá até superar a estimativa apresentada no relatório de setembro, finaliza o superintendente.

Números do Valor Bruto da Produção agrícola em Minas
VBP total: R$ 26,5 bi (+12,6%)
Cana-de-açúcar: R$ 4,4 bi (+11,5%)
Milho: R$ 3,5 bi (+18,8%)
Soja: R$ 3,1 bi (+38,6%)
Feijão: R$ 1,7 bi (+55,2%)
Banana: R$ 679 milhões (+71,5%)
Batata Inglesa: R$ 823 milhões (+8,7%)
Algodão: R$ 245 milhões (+18,3%)
Café: R$ 10,9 bi (-9%)