segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Aumento da fertilidade do solo e adoção de práticas conservacionistas são estratégias em cenário de seca


Construir a fertilidade dos solos, possibilitando aumento radicular das culturas e consequente acesso aos nutrientes e água, é uma das necessidades no cenário vivido hoje principalmente por agricultores das regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde as altas temperaturas e os períodos de estiagem estão mais frequentes. Segundo pesquisadores da Embrapa, um solo fisicamente adequado apresenta condições favoráveis ao crescimento radicular, com boa infiltração de água para evitar o escorrimento superficial e que não atinja altas temperaturas.

Emerson Borghi, do Núcleo de Desenvolvimento de Sistemas de Produção da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), explica que quanto mais altas as temperaturas maiores são as taxas de evaporação de água no solo e de transpiração da planta, o que resulta em degradação de raízes e morte de microrganismos. "Sem ar e água, a raiz não realiza suas funções. O modelo de produção adotado pode contribuir para degradar ou conservar. Daí a importância da presença da matéria orgânica", afirma.

Segundo ele, o grande benefício desse composto é a retenção de água. O Sistema de Plantio Direto, por exemplo, impede que as temperaturas subam muito na superfície, reduz as perdas de água e estimula a atividade microbiana. "A simples presença de palha reduz em até 19 ºC a temperatura na superfície do solo. A cobertura diminui a temperatura tanto ao longo do dia quanto nos meses mais quentes do ano. O segredo é a rotação de culturas, diversificando espécies, e não a sucessão, simplesmente", apresenta.
 
Solo: alicerce do sistema produtivo

A intensificação de cultivos no solo proporcionada pela rotação de culturas é fonte de nutrientes e de energia. A presença da palhada possibilitada por técnicas como o Plantio Direto ou a Integração Lavoura-Pecuária aumenta a porosidade, intensificando as trocas gasosas e a retenção de água. Resultados de experimentos conduzidos em 2015 na Embrapa Milho e Sorgo em áreas de ILP mostram que um esquema de rotação de lavouras é boa estratégia tanto para incrementar a produtividade vegetal e animal quanto para possibilitar colheitas "pelo menos razoáveis diante da ocorrência de veranico, que é um problema cada vez mais perceptível". "O solo é o alicerce do sistema produtivo. Quanto maior o tempo de adoção de práticas conservacionistas, maiores serão os benefícios", mostra o pesquisador.
 
Gestão e técnicas conservacionistas são estratégias

"Nesse contexto de escassez hídrica, a solução é a gestão, que deve ser permanente", complementa o pesquisador João Herbert Moreira Viana, do Núcleo de Água, Solo e Sustentabilidade Ambiental da mesma Unidade da Embrapa. Ele defende que o desafio para a pesquisa é saber quando ocorrerão as mudanças e interpretar essas tendências. Na região Central de Minas Gerais, onde está localizada a Embrapa Milho e Sorgo, a média de precipitação anual é de 1.347 mm, sendo que a série histórica indica que existem anos mais secos. "A partir disso, temos que trabalhar com riscos, tanto para mais quanto para menos", afirma.

O pesquisador acredita que para evitar os riscos já conhecidos provocados por técnicas inapropriadas de uso do solo, o agricultor deve ter seu foco voltado para a implantação de medidas preventivas de conservação. "O custo de não conservar é muito maior. A partir de um diagnóstico local, temos que implantar técnicas que possibilitem a perda de água por escoamento, que também provoca a perda do solo e dos seus nutrientes por erosão", explica. "A água que você deixa de usar é um prejuízo que você não enxerga. A crise hídrica serve como alerta para que bons gestores se sobressaiam", conclui o pesquisador.


Fonte: Embrapa


Embrapa apresenta alternativas de alimentação do rebanho no período da seca

O Encontro regional sobre pecuária leiteira aconteceu na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas-MG, em 28 de maio, durante a Semana de Integração Tecnológica - 8ª SIT 2015. O objetivo do encontro foi mostrar para os produtores a importância do planejamento em todas as fases de produção do leite e, principalmente, mostrar as alternativas de alimentação do rebanho e soluções para período da seca.

Este encontro foi dividido em duas partes: um seminário, realizado no auditório da Embrapa e uma visita técnica às estações da Vitrine de Tecnologias. As atividades foram coordenadas pelo pesquisador do setor de transferência de tecnologia da Embrapa, Ivênio Rubens de Oliveira.

No primeiro debate do seminário, o coordenador técnico estadual da área de bovinocultura, da Emater-MG, Feliciano Nogueira de Oliveira, apresentou o "Cenário atual da pecuária leiteira no contexto mundial". Ele ressaltou os desafios a serem superados pelos produtores e as oportunidades sinalizadas atualmente pelo mercado no contexto apresentado: "No caso do leite, trata-se de um gênero produzido, demandado e comercializado no mundo inteiro. Como desafios é importante ficarmos atentos a pontos cruciais que nos assegurem espaço no mercado, tais como: produção de leite e de bezerros de qualidade, para o abastecimento das respectivas cadeias produtivas - leite e corte, com matéria-prima de boa qualidade; gestão da atividade para a tomada de decisões e a adoção de tecnologias já disponíveis, como a recuperação de pastagens degradadas por meio da técnica de integração lavoura e pecuária, coerentes ao desafio maior da agropecuária de contribuir na redução dos impactos ambientais geradores de mudanças climáticas e da escassez hídrica".

"Em 2014, a produção mundial de leite foi de 582.581 mil toneladas de leite. Trata-se de um produto de alto valor nutritivo e biológico, produzido e consumido no mundo inteiro. E isso é uma grande oportunidade de mercado, tendo em vista a grande variedade de produtos processados e industrializados advindos do leite", disse Feliciano Oliveira.

Feliciano Oliveira informou também que o Brasil produz aproximadamente 35 bilhões de litros de leite por ano, para uma população de 204 milhões de habitantes. Porém, apesar de ser o 5º produtor mundial de leite, existe ainda no país um déficit de, aproximadamente, 8 milhões de litros de leite, pois, de acordo com o Ministério da Saúde, a recomendação de consumo por habitante/ano é, em média, de 207 litros.

Para contribuir e aproveitar esse cenário, o produtor precisa se preparar e ficar atento para cumprir as normas de produção e atender ao mercado consumidor. "No Brasil, vigora a Instrução Normativa (IN) 62, do Ministério da Agricultura, que estabelece os parâmetros de qualidade para o leite e que precisa ser conhecida e cumprida por todos", afirmou Feliciano. Ele ressalta que "para que o setor seja competitivo na produção, industrialização e na comercialização de produtos lácteos, é preciso que o produtor e todos os demais envolvidos conheçam e façam valer esse normativo, pois do contrário haverá menos qualidade da matéria-prima, menor remuneração pelo produto, menos rendimento industrial e maior risco à saúde pública, gerando, como consequência, menor competitividade, menor ganho financeiro e perda de mercado interno e externo".

Produção de leite a pasto

O segundo tema abordado no seminário foi apresentado pelo pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Leovegildo Mattos, especialista em nutrição de ruminantes. Ele falou sobre produção de leite a pasto, com ênfase para as opções de sistemas de produção que priorizem o manejo das pastagens, para que os produtores colham sua própria forragem, com redução de custos de mão de obra e economia na aquisição, manutenção e utilização de equipamentos e combustíveis onerosos.

De acordo com Leovegildo Mattos, nas regiões tropicais existe a vantagem de se trabalhar com gramíneas tropicais, muito eficientes no processo de fotossíntese e com elevadíssimo potencial de acúmulo de biomassa. Essa biomassa produzida pelas forrageiras tropicais, se bem manejadas, podem suprir nutrientes para produção de 12 a 13 kg de leite por vaca, por dia, sem a necessidade de utilização de rações concentradas mais caras, pelo menos durante o período chuvoso do ano, ou até durante o período seco, com irrigação. Essa proposta visa, ainda, reduzir os custos de alimentação durante o período seco do ano, com irrigação ou com uma área cultivada com cana-de-açúcar", afirmou.

O pesquisador ressalta que a cana-de-açúcar proporciona alta produção de sacarose por hectare, quando utilizadas variedades industriais da cultura, pois trata-se de um volumoso mais barato por quilograma de massa. E toda essa produção eficiente de volumosos de cana-de-açúcar e de pasto depende de uma adubação adequada e manejo de corte do canavial na época correta. "Essas ações permitem produzir leite a baixo custo e superar os períodos cíclicos de preços reduzidos, pagos pelo leite ao produtor. Durante o ano os preços oscilam e o produtor deve estar preparado para produzir com custos abaixo do preço recebido (preço do leite na porteira)", orientou.

Leovegildo Mattos disse que, infelizmente, as atitudes de boa parte dos nossos produtores não priorizam a produção de alimentos e a redução dos custos de produção. Para a maioria, o foco é direcionado para a compra de novilhas ou vacas, a preços que nunca podem ser amortizados com a produção leiteira.

Alternativas para alimentação do rebanho

"Nos três últimos anos, houve grande influência climática nas produções agropecuárias de Minas Gerais, em razão, principalmente, das poucas chuvas ocorridas no período de safra. Este fato acarretou a diminuição na produção de cereais e de forragens para a alimentação de bovinos leiteiros". A afirmativa é do pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Epamig, Clenderson Corradi de Mattos Gonçalves, que apresentou o tema "Alternativas para alimentação do rebanho leiteiro na época seca do ano" no seminário da SIT 2015, na Embrapa Milho e Sorgo.

De acordo com o pesquisador, pelos dados coletados na estação meteorológica do INMET, em Sete Lagoas, foi possível observar que a quantidade de chuvas de outubro a março nas safras 2012/2013, 2013/2014 e 2014/2015 foram 51%, 60% e 74%, menores que a média das quatro safras anteriores na região. "Esta falta de chuva acarretou a diminuição na produção de cereais e de forragens para alimentação de bovinos leiteiros, influenciando diretamente na produção de leite", disse.

Clenderson Gonçalves ressaltou que um bom planejamento para produção e armazenamento de volumoso no período seco é de extrema importância na produção leiteira regional. "Sabemos que em Minas Gerais temos duas épocas bem definidas, sendo uma chamada de período das águas, em que temos chuva e temperatura para bom desenvolvimento das forrageiras, e o período seco, com baixas temperaturas, luminosidades e poucas chuvas, provocando diminuição no desenvolvimento das forragens em torno de 80%. Portanto, além de se preocupar com a forragem, o produtor precisa se preparar para não depender muito do pasto. E o pasto deve estar muito bem preparado e manejado para o período da seca", pontuou.

Clenderson ressaltou que a utilização da silagem de milho e sorgo, com ênfase para o aproveitamento do amido e para a diminuição da perda de grãos nas fezes dos animais, é uma boa alternativa de alimentos.

"A técnica do milho reidratado pode ser utilizada para armazenamento do milho grão na própria fazenda. Esta tecnologia foi desenvolvida recentemente pelo professor Marcos Neves Pereira, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), e pela pesquisadora da EPAMIG, Renata Apocalypse N. Pereira. Trata-se da conservação de milho, na fazenda, pela reidratação e ensilagem para utilização na alimentação dos animais no período seco em substituição ao milho moído", comentou.

Clenderson ressaltou também que a utilização da silagem de cana-de-açúcar é bastante benéfica para o rebanho, principalmente pelo grande potencial de produção de matérica seca da cana-de-açúcar por hectare. "É uma ferramenta indispensável quando se pensa em anos menos chuvosos", disse. Outra opção recomendada pelo pesquisador é usar a silagem de capim e algumas tecnologias que podem aumentar seu valor nutricional para melhor desempenho dos animais. "É uma alternativa interessante quando temos deficiência de espaço e pouca chuva", afirmou.

Programa Regional de melhoria da alimentação do rebanho leiteiro e premiação das melhores experiências de 2014/2015

O "Programa regional de melhoria da alimentação do rebanho leiteiro e a premiação das melhores experiências de 2014/2015" também foram apresentados no Encontro regional sobre pecuária leiteira, na Embrapa Milho e Sorgo. Nesta etapa, o gerente da Embrapa Produtos e Mercados, escritório de Sete Lagoas, Reginaldo Rezende Coelho, e o Coordenador Técnico Regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Walfrido Machado Albernaz, apresentaram o projeto que trata da promoção e desenvolvimento de cultivares de milho e de sorgo para a produção de silagem na bacia leiteira da região de Sete Lagoas-MG.

Walfrido Albernaz ressaltou que o foco principal deste trabalho na safra de 2014/2015 foi melhorar a produção de silagem e a recuperação de pastagens. "Foram beneficiados 58 produtores em 16 municípios da região de Sete Lagoas. Os produtores receberam insumos e apoio técnico, para testar as cultivares de milho e sorgo da Embrapa", disse.
Reginaldo Coelho explicou que foram escolhidas 4 cultivares de milho e 3 de sorgo. As cultivares foram inseridas no sistema de produção para que os produtores pudessem avaliar o desenvolvimento da cultivar em uma determinada época de plantio em sua região e observar o comportamento dela. "Com base nessa avaliação, foi verificado o potencial da cultivar para a produção de silagem. Dessa forma a Embrapa poderá posicionar a cultivar para uso ideal na região onde foi testada" disse.

O projeto visa também colocar as empresas produtoras de sementes, licenciadas pela Embrapa, para atender as demandas que surgirem em função dessa indicação. "A primeira etapa do trabalho foi avaliar o rendimento de silagem e a segunda etapa será avaliar a qualidade da silagem no momento da abertura dos silos. Essa qualidade é verificada por meio de análise bromatológica, feita nos laboratórios da Embrapa Gado de Leite (Coronel Pacheco-MG)", afirmou Reginaldo Coelho.

"As primeiras conclusões já foram colhidas. Percebemos que algumas cultivares já apresentaram resultados positivos, como o milho BRS 1055 e o sorgo BRS 655. Um outro ponto positivo que percebemos foi o comportamento do sorgo na condição de escassez de chuva. O sorgo, mesmo com o veranico, se recuperou com a chegada das chuvas e teve uma boa produção, além de possibilitar a colheita da rebrota", afirmou o gerente da Embrapa Produtos e Mercados.

Foi desenvolvido um programa regional para melhorar a qualidade e a quantidade de alimentos volumosos, produzidos nas propriedades leiteiras. "Os produtores puderam avaliar o desempenho de cultivares de alto potencial produtivo e recuperar áreas utilizando o sistema de produção Integração-Lavoura-Pecuária (ILP). A produção de silagem obtida terá importância fundamental para a alimentação do rebanho no período da seca. Algumas unidades demonstrativas foram utilizadas para a realização de dias de campo e visitas técnicas, onde os produtores vizinhos puderam conhecer as tecnologias de melhoria da alimentação do gado leiteiro", ressaltou Albernaz.

O produtor rural Celso Aparecido de Oliveira, de Santana do Pirapama-MG, participou do projeto e teve bons resultados em sua fazenda, onde tem uma criação de gado de leite. Ele planta milho e sorgo para produzir silagem para alimentar o rebanho, além de manter uma pastagem irrigada e de sequeiro. "Gostei muito do acompanhamento dos técnicos da Embrapa e da Emater, que estavam sempre nos dando apoio na propriedade. A produção de leite da fazenda aumentou para cerca de 250 litros por dia, e já tem destino garantido para uma cooperativa", afirmou.

O projeto foi realizado pela Embrapa, em parceria com a Emater, Epamig, cooperativas de leite Itambé, Cooperativa de Abaeté (Cooperabaeté) e Cooperativa dos Produtores de Pompéu (COOPEL), as licenciadas Riber KWS Sementes e Limagrain Guerra Sementes e empresas do setor agropecuário regional (Agronelli, Treviso, Biogene, Sementes Faria, Pigminas e Adubos Vanguard).

A proposta abrange atualmente 38 produtores em 21 municípios: Papagaios, Baldim, Fortuna de Minas, Maravilhas, Florestal, Santana do Pirapama, Cachoeira da Prata, Esmeraldas, Mateus Leme, Funilândia, Capim Branco, Inhaúma, Pedro Leopoldo, Pequi, Lagoa Santa, São José da Varginha, Sete Lagoas, Bom Despacho, Pompéu, Abaeté e Coronel Pacheco.

Circuito tecnológico

Na vitrine de tecnologias da Embrapa Milho e Sorgo, os participantes do Encontro regional sobre pecuária leiteira visitaram 4 estações.

Estação 1: Tecnologias utilizadas para aumentar a matéria orgânica do solo

Walfrido Albernaz, da Emater, explicou aos visitantes que para aumentar a cobertura do solo podem ser utilizadas práticas vegetativas como o plantio direto; o sistema Integração-Lavoura-Pecuária, em que se utiliza o consórcio de culturas de milho ou sorgo com braquiária; a adubação verde, com feijão-guandu; e a utilização de resíduos orgânicos (cama de frango, compostos orgânicos com componentes variados, tais como casca e ramos de arroz, de feijão, restos de frutas, estercos, serragem, restos de alimentos).

O pesquisador da Epamig, Francisco Morel Freire, ressaltou que o solo mantém um constante processo de decomposição e que o comportamento da matéria orgânica do solo influencia no sistema de manejo escolhido pelo produtor. "Alguns fatores são importantes e precisam ser observados continuamente para manter a matéria orgânica no solo, entre eles o clima e o tipo de solo. Em geral, as taxas de decomposição são maiores com o aumento da umidade do solo e da temperatura, e os solos arenosos não ofertam boas condições para acumular a matéria orgânica. A acidez do solo é um outro fator que também influencia na velocidade de decomposição de matéria orgânica", explicou.

Estação 2: Gessagem e fosfatagem do solo

O gesso agrícola é aplicado para corrigir a acidez na camada subsuperficial do solo, abaixo dos 20 centímetros de profundidade. O representante da Agronelli - Insumos Agrícolas, João Donizette do Amaral Júnior, ressaltou que o gesso é um fertilizante condicionador de solos, fonte eficiente de cálcio e enxofre que, além de promover maior desenvolvimento radicular em profundidade, permite a redução da saturação por alumínio. "O gesso agrícola aumenta a eficiência agronômica no aproveitamento dos fertilizantes, promove maior resistência da planta à seca e maior acesso ao volume de água e nutrientes disponíveis no solo", disse.

Cristiano Moura, agrônomo da Adubos Vanguard, ressaltou a necessidade de se fazer a correção do solo e a adubação adequada para cada tipo de cultura. "O fósforo é um macroelemento mais caro e deve ser colocado bem no fundo da cova, antes do plantio. Mas primeiro é preciso fazer a correção do solo, para não haver perda do fósforo da planta para o solo", explicou.

Estação 3 -Seleção de culturas para produção de forragem

Nesta estação, os agrônomos da Embrapa Produtos e Mercados, escritório de Sete Lagoas, Reginaldo Coelho e Sinval Resende Lopes, trouxeram exemplos de plantios de milho e de sorgo para a produção de forragem, no período da seca. Um deles foi apresentado pelo coordenador de Captação de Leite da Cooperativa Itambé, João Paulo Morais.

De acordo com Morais, na Unidade Demonstrativa da Itambé, o plantio de 5 hectares de sorgo foi essencial para garantir a produção de silagem para os touros no período de seca. "O sorgo sofreu com a falta de chuvas, mas teve bom rendimento na safra. E, mesmo não fazendo investimento de insumos para a rebrota, conseguimos colher 40 toneladas.

O representante da Sementes Faria, Erlan Faria, apresentou o milheto como opção de produção de forragem e de silagem. Ele ressaltou que o milheto é uma cultura ideal para fazer a cobertura do solo. "O milheto é muito resistente à seca, e é um excelente descompactador de solo, pois sua raiz chega a 3,5 metros de profundidade".

Estação 4 - Produção de silagem de qualidade

Nesta estação, o representante comercial da Biogene, Enio Gomes, falou sobre o processo de produção de silagem de qualidade. Ele ressaltou que para produzir uma silagem de qualidade o produtor precisa ficar atento ao momento certo da colheita do grão e fazer a compactação de forma ideal.

O gerente de vendas da Treviso Máquinas, Edmilson Wagner Costa Junior, explicou sobre as linhas de potência dos tratores para corte e trato das culturas, principalmente para milho, sorgo e pastagens. Ele apresentou máquinas e tratores que possibilitam melhores condições de preparação do solo para o plantio e colheita de grãos para silagem.


Fonte: Embrapa



Banana-prata produzida no Norte de Minas é líder de vendas no mercado de frutas

A banana-prata produzida no Norte de Minas é líder de vendas no mercado de frutas e tem conquistado a preferência do consumidor no dia a dia. A cultura é predominante na região, que tem condições climáticas favoráveis, com solo fértil e irrigação controlada que favorecem a produção de mais de 5,4 mil toneladas de banana por semana. Rica em fibras, potássio e vitaminas e de fácil digestão, a fruta vem se destacando por seu maior tempo de prateleira, mais saborosa e fundamental para a saúde humana. Para agregar valor à produção, produtores de sete municípios criaram, em parceria com o Sebrae, a marca Região Jaíba, que permite que o consumidor possa rastrear o produto e saber onde, quando, como e por quem ele foi produzido.

O objetivo, segundo o analista técnico de agronegócios do Sebrae Minas Cláudio Wagner de Castro, é proteger a qualidade dos produtos e garantir ao consumidor produtos confiáveis, que são produzidos dentro das normas de segurança. “Estar inserido em uma região sustentável, com produção diferenciada, e levar a história daquele produto faz com que o consumidor dê mais valor a esse produto que é diferenciado, tem mais qualidade”, afirma.

Para Saulo Bresinski, da Abanorte, levar ao consumidor a garantia de origem e permitir a rastreabilidade proporciona ganhos reais acima de 20% na comparação das frutas premium com as frutas chamadas de segunda linha. “Enquanto a gente vende o quilo da fruta melhor por R$ 1,10, o da segunda linha, que não é de má qualidade, costuma ser vendido por R$ 0,90”, explica. (FM)


IMA treina vacinadores para atender ao rebanho de regiões carentes de Minas


O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Minas) e o Instituto Antonio Ernesto de Salvo (Inaes), promove periodicamente, em diversas regiões do estado, cursos voltados para o treinamento de vacinadores autônomos, de forma a reforçar os trabalhos no combate à brucelose e na prevenção da febre aftosa no rebanho bovino mineiro.

Esse treinamento é realizado por meio do Programa de Apoio à Saúde Agropecuária (Pasa), iniciativa do Instituto com o Senar Minas e o Inaes, e que deve formar, neste ano, 480 novos vacinadores em 40 turmas que terão aulas teóricas e módulos práticos no campo. Os interessados em participar desse treinamento, especialmente produtores rurais, precisam ser alfabetizados e ter mais de 18 anos.

A agenda de cursos de 2015  já teve início com as primeiras turmas no município de Guanhães, região do Vale do Rio Doce, em julho deste ano. Desde que foram criados os primeiros cursos, em 2002, já foram formados 1.800 vacinadores.

O treinamento realizado pelo Pasa capacita o produtor rural para as boas práticas na aplicação das vacinas e para o reconhecimento dos sintomas destas doenças quando atacam os animais. A aplicação correta das vacinas garante a sua eficiência nos animais, enquanto o reconhecimento das doenças é importante porque auxilia o atendimento do Serviço Oficial. 

“Ao levar essas informações aos produtores rurais, buscamos contribuir para aumentar os índices vacinais rumo à erradicação da brucelose, vacinando todas as bezerras com idade entre 3 e 8 meses. No caso da aftosa, o objetivo é prevenir a doença em bovinos e bubalinos,  uma vez que o estado de Minas é considerado livre de aftosa com vacinação”, explica a médica veterinária e fiscal agropecuária do IMA, Lucilla Azeredo.

Um dos destaques do curso é o treinamento específico sobre os procedimentos da vacinação contra a brucelose, cuja aplicação requer mais cuidados por parte do vacinador.

“A vacina contra esta doença é viva, ou seja, a bactéria pode contaminar o vacinador caso ele não adote as boas práticas de aplicação que visam evitar o acidente vacinal quando em contato com o material biológico. Já as vacinas contra raiva e aftosa são inativadas, não representando riscos de contágio no momento da sua aplicação no animal”, esclarece Lucilla Azeredo.

A veterinária do IMA  lembra  que o produtor rural é obrigado a declarar a vacinação contra a brucelose no mínimo uma vez a cada semestre.

Inclusão social
 
Lucilla Azeredo argumenta que Minas Gerais possui grande extensão territorial, necessitando de vacinadores treinados para assistir pequenas propriedades e regiões carentes de médicos veterinários. Por isso, o serviço de defesa oficial do estado assume a responsabilidade da vacinação em áreas onde não há médicos veterinários cadastrados ou em regiões onde eles não possam atender plenamente à demanda do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT).

“O IMA assume a responsabilidade técnica ou mesmo a execução direta da vacinação nestas regiões carentes de médicos veterinários. É um trabalho de inclusão social para os produtores rurais e de complementação de renda para o vacinador, que recebe uma remuneração por esta prestação de serviço”, observa Lucilla.

O Pasa registra maior participação nas regiões Norte, Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce, regiões com maior escassez de médicos veterinários. Lucilla Azeredo ressalta que é importante frisar que o vacinador treinado pelo IMA não tem vínculo empregatício com o Instituto.