quarta-feira, 17 de junho de 2015

Bananicultura brasileira busca tecnologia para expansão de mercado


Representantes de 25 estados participaram da oitava edição do Simpósio Brasileiro de Bananicultura (Sibanana) e da 1ª Feira de Fruticultura do Norte de Minas (Frutinorte), em Montes Claros. Os eventos, que contaram com cerca de 400 participantes, terminam nesta sexta-feira, 12, com as visitas técnicas em bananais irrigados em Jaíba e Capitão Enéas.
Durante o Sibanana, especialistas apresentaram em 18 palestras, abordando sistemas eficientes de irrigação, controle de importantes doenças da cultura como o mal-do-Panamá e as Sigatokas, dentre outros relevantes temas para o setor. “É um setor ávido por conhecimento, que a cada encontro traz mais informações para o desenvolvimento da cultura e mais qualidade para a fruta produzida no Brasil, que pode ser expandida para o mercado europeu, a partir das tecnologias que estão sendo desenvolvidas pela pesquisa em rede.”, conclui a coordenadora desta oitava edição, Maria Geralda Vilela Rodrigues, que é pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
De acordo com Victor Gálan Saúco, das Ilhas Canárias, na Espanha, que ministrou palestra sobre produção em campos protegidos, o evento proporcionou importante troca de conhecimento. “Em meu país o clima é subtropical. Eu trouxe informações de como o cultivo cresce neste ambiente distinto e também o cultivo da fruta em estufa. Levo daqui conhecimento sobre o crescimento da planta, as técnicas de cultivo em áreas secas, com o desafio do controle de enfermidades, como o mal-do-Panamá, que é frequente na região do 
semiárido”, analisa.

Segundo o coordenador técnico Estadual de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, esses conhecimentos serão disseminados nas unidades da Emater. “O cultivo da banana é expressivo no Estado. O Norte de Minas está em primeiro lugar, o Sul em segundo, fora a região central do Estado, que está avançando na plantação dessa fruta. Um evento desse porte contribui, significativamente, para troca de experiências, por exemplo, sobre o Trichoderma, fungo de solo benéfico para fortalecer o cultivo e pouco utilizado pelos produtores, um manejo de baixo custo e que privilegia a linha agroecológica”, destaca.

O bananicultor Rodolpho Veloso Rebello, que cultiva a fruta em uma área de 160 hectares, em Pedras de Maria da Cruz (MG), destaca o alto grau de conhecimento disseminado neste Simpósio. “O evento apresentou novidades na área de cultivo e manejo, que levarei para o dia a dia da minha produção. A Frutinorte, com produtos para cultivo, com tecnologia de porte, também foi um diferencial nessas oito edições do Sibanana”, afirma.

Para o pesquisador aposentado do Instituto Agronômico de Campinas, Raul Moreira, que pesquisa banana desde o início da década de 1960, o setor tem interesse, tecnologia, boas áreas de produção e mercado. “Existem diversas variedades comerciais dos grupos prata, nanica, terra e ouro para atender o gosto do consumidor. As bananas do tipo prata são as mais comercializadas, mas a melhor que existe é aquela madura na mão da gente”, sorri. Raul foi o grande homenageado desta oitava edição do Sibanana.

O Simpósio Brasileiro de Bananicultura foi uma realização da Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF), com organização técnico-científica da Epamig. Entre as instituições parceiras estão a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG) e do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) , IFNMinas, IF Baiano/ Campus de Guanambi, Embrapa Mandioca e Fruticultura, Emater/MG, Abanorte e Mundo de Idéias.

Biotecnologia

A propagação de mudas de banana a partir de semente sintética foi uma tecnologia inovadora apresentada durante o Sibanana, no ônibus itinerante Ciência Móvel da Epamig. No ano passado a pesquisadora da EPAMIG, Luciana Londe, também coordenadora do laboratório de Biotecnologia da Epamig Norte de Minas, maior da região, iniciou estudo pioneiro para criopreservação de material biológico da bananeira.

A técnica consiste na conservação de material biológico a temperaturas ultrabaixas, em botijão criogênico, em nitrogênio líquido a - 121ºC. Segundo a bióloga, é uma técnica pioneira para propagação de semente sintética, da variedade Prata Gorutuba, muita cultivada na região Norte de Minas. “Essa tecnologia pode democratizar a produção de mudas, a partir da cultura de tecidos e ampliar a oferta de materiais geneticamente melhorados e livres de patógenos”, conclui.

A pesquisa em andamento, fomentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), busca conservar o material biológico por mais de um ano, assim como já acontece com semens humano e bovino.

Premiação

Foram premiados os quatro melhores trabalhos dos 112 aceitos pela Comissão Técnico-Científica do Simpósio, que estiveram expostos na seção de pôsteres do Sibanana. A premiação foi uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF), com duas assinaturas de anuidade da SBF, na categoria profissional e prêmios em dinheiro para a categoria acadêmica.

De acordo com o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Paulo Sérgio Nascimento Lopes, coordenador da Comissão, os trabalhos passaram por oito áreas de conhecimento e foram enviados de 12 estados brasileiros. “O maior enfoque foi fitossanidade, em função da grande incidência de doenças nesta cultura e da preocupação com a chegada de novos patógenos”, disse.


Fonte: Seapa / MG


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