terça-feira, 17 de maio de 2016

Norte mineiro cobra pesquisa em gramíneas transgênicas para o semiárido

Produtores rurais do norte de Minas aguardam, há quase uma década, o início de pesquisa prometida pela Epamig para o desenvolvimento de forragens e gramíneas resistentes à seca. Segundo o vice-presidente do SISTEMA FAEMG e presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Montes Claros, Ricardo Laughton, há mais de oito anos, o Sindicato cedeu terreno à Epamig para implantação da Fazenda Experimental, já em plena atividade. Como contrapartida, solicitou a priorização de pesquisa em transgenia para gramíneas mais resistentes, dando novo fôlego à pecuária extensiva, principal atividade do agronegócio no semiárido mineiro.
 
“Este trabalho ainda não foi iniciado e é o grande sonho dos produtores rurais da região. Não há outra alternativa, não adianta trazer mudas diferentes de diversas partes do mundo”. Ricardo Laughton lembra ainda que Minas e o Brasil têm avançado muito na área de transgenia, com grande sucesso na produção de soja, milho, feijão, e outros produtos: “Mas não há nenhum trabalho com gramíneas. Fizemos um estudo e sabemos que essa tecnologia tão necessária é absolutamente viável”.
 
Segundo o estudo, feito pela Fundetec (Fundação de Desenvolvimento Tecnológico e Científico da Agropecuária Norte Mineira), o desenvolvimento de uma gramínea transgênica de boa produtividade e alta resistência à seca, poderia ser obtido com a transferência dos genes de resistência à seca do capim búfalo (Cenchrus ciliares) para o já consagrado braquiarão (Brachiaria brizantha). O capim búfalo sobrevive com precipitação de 300 a 400 mm ao ano, mas exige solos muito férteis e não é capaz de conferir um bom ganho de peso durante os longos meses de seca que anualmente fragilizam o rebanho. Já a braquiária engorda bem o gado na seca e sobrevive em solos de baixa fertilidade, mas exige uma precipitação mínima de 1000mm/ano, bem distribuídos.
 
A proposta apresentada prevê a consolidação de uma força-tarefa entre Epamig, Universidade Federal de Viçosa (UFV), o INAES/FAEMG e o Sindicato de Produtores Rurais de Montes Claros. “A ideia é que Minas possa liderar o Brasil no resgate sócio econômico do semiárido norte mineiro e nordestino, região que se distribui por dez estados e que possui uma população de 23 milhões de brasileiros”, explica Ricardo Laughton.
 
Segundo ele, a UFV poderia coordenar o trabalho de isolamento do gen do capim búfalo, uma vez que possui pesquisadores do mais alto nível que já se dedicam ao trabalho com transgênicos, tendo já alcançado sucesso em isolar o gen de resistência à seca da soja.  Ricardo Laughton explica que a atuação da UFV possibilitaria, ainda, que o projeto fosse abordado em duas frentes independentes: “Na primeira, se isolaria o gen do capim búfalo para se utilizar na braquiária. Na segunda, para se ganhar tempo, já se iniciaria a transformação da braquiária com o gen da soja isolado pela UFV. Assim, já se teria, quase que imediatamente, uma espécie transgênica com que se enfrentar a adversidade constante do semiárido”.


Fonte: Sistema Faemg.


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