Foram
sete anos de trabalho, 3,6 mil cliques fotográficos, cerca de 3 mil
quilômetros percorridos - e o resultado é o livro Nas
Águas do Velho Chico,
do fotógrafo francês naturalizado brasileiro Alain Dhomé, uma obra
recém-lançada que contém 180 páginas, 120 fotografias e textos em
português e inglês que mostram personagens, paisagem, cultura,
arquitetura e fatos históricos que acompanham o curso d’água do
“Velho Chico” em cinco estados brasileiros.
As
imagens foram capturadas durante viagens feitas por Dhomé da foz à
nascente do São Francisco, seguindo os percursos do rio em Minas
Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Antes de serem
transformadas em livro, as fotografias foram expostas em Belo
Horizonte, Brasília, Paris (França) e Bogotá (Colômbia).
São
registros que mostram o caminho que o descobridor daquelas águas
exuberantes, o navegador italiano Américo Vespúcio, não fez e o
que teria visto se as tivesse navegado. Por isso, explica o artista,
traz uma proposta diferente, com narração que começa da foz, na
fronteira de Alagoas com Sergipe, até a nascente na Serra da
Canastra, em Minas Gerais.
Fotos e textos contam parte
relevante da história do Brasil por meio das águas do “Velho
Chico”, ressaltando a importância desse rio na conquista do solo
brasileiro e como ele foi essencial para os desbravadores avançarem
sertão adentro. Em diferentes nuances, a arte se mistura a fatos
históricos e ao cotidiano do bravo povo ribeirinho.
Segundo
Alain Dhomé, o livro, que foi viabilizado pela Lei Rouanet de
Incentivo à Cultura com patrocínio da Cemig, busca mostrar a
riqueza natural e cultural que surge a partir desse importante curso
d’água e fazer um apelo para a conservação de um dos maiores
símbolos do Brasil.
“O
povo brasileiro precisa conhecer melhor uma de suas maiores riquezas:
o Rio São Francisco, considerado a coluna vertebral da conquista do
território nacional. O livro é uma homenagem ao povo ribeirinho,
que tanto ama o Velho Chico, e serve como um grande instrumento de
educação e preservação do rio”, afirma Dhomé.
Os textos
foram escritos por três estudiosos do assunto: Edilson Alkmim Cunha,
professor, escritor, tradutor e lingüista da Universidade de
Brasília (UnB) e da Universidade Católica de Brasília; Denílson
Meireles Barbosa e Nôila Ferreira Alencar, professores e
pesquisadores do Núcleo de História e Cultura Regional da
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
Nuances ribeirinhas
As
fotos coloridas privilegiam os aspectos étnico e antropológico da
paisagem, exibindo trabalho, lazer, religiosidade e outras
singularidades da população ribeirinha (incluindo indígenas), com
direito a passagem pelo Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, entre
Januária e Itacarambi, no Norte de Minas, repleto de cavernas,
sítios arqueológicos e pinturas rupestres.
Nas
águas do Velho Chico nasceu
de convite lançado a Dhomé para que ele viajasse da nascente à foz
do São Francisco, em 1999. Até 2008, ele fotografou os cinco
estados banhados pelo rio, os últimos registros já em digital -
ainda que, à época, preferisse trabalhar com o bom e velho filme.
“Gostei muito das viagens porque tudo era diferente para mim”,
recorda o fotógrafo, encantado por cidades do Norte mineiro como
Manga, São Francisco, Pirapora e Januária, além do Vale do
Peruaçu, que classifica como “uma maravilha”.
Fonte: Codevasf
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