sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Alimentação de bovinos em períodos de seca


Independente da intensidade e da duração da época seca nos campos, o fornecimento de alimentação suplementar para o gado é sempre importante. Por isso, o produtor deve estar constantemente preparado e munido de um planejamento alimentar, para que seu rebanho tenha condições de enfrentar os períodos sem chuva.

Em tempos de seca, o capim não cresce com o mesmo vigor que apresenta em condições climáticas mais adequadas e tem seu valor nutricional reduzido, prejudicando a quantidade e a qualidade da forragem das pastagens que servem de alimento para os animais. Se depender apenas do pasto para fazer as refeições durante o período seco, o gado terá perda de peso, queda na produção de leite e na taxa de fertilidade, além de maior predisposição a contrair doenças e correr risco de morte.

Assim, em época de chuva escassa, o uso de suplementação alimentar é essencial para manter o gado saudável. Cana-de-açúcar e uréia, capim elefante, leguminosas forrageiras, diferimento de pastagens e silagem, são algumas alternativas práticas e economicamente viáveis para nutrir os animais enquanto o tempo seco permanecer.

O produtor também pode fazer uso racional de alimentos regionais, como subprodutos agroindustriais. Em geral, eles são de baixo custo e de fácil aquisição e transporte. Contudo, têm como limitações o desconhecimento de sua composição química e valor nutritivo, além de problemas de armazenamento, de conservação e de disponibilidade ao longo do ano.

Alternativas nutritivas

Entre as opções que podem contribuir para atender às necessidades dos rebanhos no período seco estão:

Cana-de-açúcar e uréia – destinada para o gado bovino, a mistura serve como fonte de energia e proteína. Para corrigir o baixo teor de proteína da cana, é indicada a adição de uréia, cujo uso na suplementação deve ocorrer somente nos níveis recomendados e com a adaptação dos animais.

Capim elefante – de fácil cultivo, elevada produção, bom valor nutritivo e resistente a pragas, o capim elefante é a forrageira mais usada na formação de capineiras, as quais devem ser manejadas durante todo o ano, inclusive durante o período chuvoso. Caso contrário, o capim elefante perde seu valor nutritivo tornando-se muito fibroso e com pouca proteína.

Leguminosas – são forrageiras que asseguram um bom padrão alimentar para os animais, sobretudo em época de seca. Contêm muita proteína e são fáceis de ser digeridas, inclusive têm alta capacidade de fixação de nitrogênio da atmosfera, contribuindo para a melhoria da fertilidade do solo. Podem ser estabelecidas em consórcio com gramíneas ou formando “banco de proteína”, que será utilizado estrategicamente durante a estação de seca.

Diferimento de pastagens – trata-se de alternativa para corrigir a defasagem da produção de forragem durante o ano. A utilização da pastagem é suspensa entre meados e o fim do período chuvoso, para favorecer o acúmulo de forragem e criar uma reserva para uso durante a época de seca, como “feno em pé”.

Silagem – opção de armazenagem de forragem no período das águas, para os animais enfrentarem os meses de estiagem. Como o processo envolve mecanização total, é mais caro do que as demais alternativas citadas acima. O milho e o sorgo são indicados como melhores sugestões, devido à facilidade de cultivo, elevados rendimentos e qualidade da silagem produzida.

Forragem hidropônica de milho 


Técnica criada inicialmente como método de pesquisa por estudiosos alemães e, mais tarde, aperfeiçoada pelos Estados Unidos para o cultivo de hortaliças, a hidroponia também tem sido utilizada por aqui para produzir suplemento alimentar para animais como bovinos, caprinos e ovinos.

Desenvolvida na década de 90, a partir de experiências realizadas por instituições brasileiras de pesquisa, como o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte (Emater/RN), a forragem hidropônica de milho tem boa aceitação pelos rebanhos de pecuaristas que já fazem uso dela.  Ainda pouco difundido no país, o produto é mais uma opção de alimento para criações durante os meses de seca.

Fácil, rápida e barata, a produção do alimento pode ser realizada em qualquer parte do território nacional e época do ano. Em 15 dias de plantio, a forragem hidropônica de milho já pode ser colhida para abastecer os cochos das criações.

Com semeadura de 2 quilos de grãos em um espaço de apenas um metro quadrado, em duas ou três semanas podem ser colhidos 20 ou 30 quilos de forragem verde destinada para consumo animal. O preço do quilo do alimento chega a R$ 0,09, enquanto o do bagaço de cana atinge R$ 0,10 e o da torta de algodão, R$ 0,30.

Dada as vantagens da forragem feita do cultivo de milho hidropônico, o Sebrae da Paraíba tem estimulado pequenos criadores da região a adotar a solução para enfrentar a forte estiagem registrada no Nordeste.

Além de promover visita em propriedade que aplica a técnica, o Seabre disponibiliza a pecuaristas interessados um kit com o material necessário para iniciar a atividade. Para a produção da forragem hidropônica de milho são utilizados micro e macro ingredientes, como sulfato de magnésio, de cobre, de manganês, de zinco, ácido bórico, molibdênio, quelato de ferro, fosfato de amônia e nitrato de potássio.

Fonte: Globo Rural


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