quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Fruticultura do Norte de Minas investe em marca própria e na busca de novos mercados

Contando atualmente com uma área cultivada de 24 mil hectares de frutas, onde são gerados cerca de 60 mil empregos diretos, a cadeia produtiva da fruticultura no Norte de Minas Gerais vai ganhar, a partir deste mês de novembro de 2012, um reforço bem-vindo com o lançamento da estratégia de place branding da região do Jaíba. Trata-se de um sistema que certifica o produto quanto à sua qualidade e local de origem, que é tratado como uma marca comercial.

A iniciativa é do Programa de Apoio à Competitividade dos Arranjos Produtivos Locais do Estado de Minas Gerais (APLs), que tem a participação do Governo de Minas por meio da
Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Minas Gerais, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Associação dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte).

O place branding é uma recente área do marketing que tem por objetivo a construção e a divulgação das localidades como marcas, sejam elas cidades, regiões ou países. As ferramentas desta estratégia trabalham a serviço da competitividade dos produtos destas localidades. Os lugares são tratados como empresas. Nesse caso, o trabalho do branding é construir a marca e gerenciar a imagem dos lugares a fim de atrair investimentos externos, turistas, fama e até mesmo eventos internacionais.

Por meio desta estratégia, a região do Jaíba ganhará status de marca e os produtos originários desta localidade serão identificados com um selo que atesta sua origem e qualidade. Além de banana, os produtos de destaque da fruticultura norte-mineira são limão, manga, mamão, maracujá, abacaxi, goiaba e atemóia. Os principais mercados consumidores dos produtos são: Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador.

O lançamento da estratégia acontecerá dia 28 de novembro de 2012, às 18 horas, no Centro de Eventos de Jaíba. "Trata-se de uma iniciativa que vem sendo trabalhada nos últimos sete anos e que, entre outros benefícios, tem proporcionado a inserção do Norte de Minas na pauta de exportações de frutas e vem garantindo a melhoria da qualidade dos produtos, bem como a profissionalização de pequenos produtores rurais e empresários", ressalta o gestor do Projeto Fruticultura, por parte do Sebrae Minas, Jadilson Ferreira Borges.

Segundo levantamento do
Sebrae-MG, juntas, as entidades parceiras do arranjo produtivo da fruticultura na região já investiram mais de R$ 2 milhões no projeto. Com o lançamento da marca Jaíba, que está sendo trabalhada por uma empresa de consultoria de São Paulo especializada na construção de identidade regional, Borges entende que a iniciativa traz novas perspectivas para a fruticultura regional.

A gestão do uso da marca será conduzida por um conselho gestor, que estabelecerá os critérios a serem seguidos por parte de produtores rurais e empresários. "A ideia é trabalharmos o conceito de região", explica o gestor, lembrando que, para isso, nos últimos sete anos, as entidades parceiras investiram na organização das associações e cooperativas de agricultores.

Outra ação implementada neste sentido foi a participação de produtores rurais e lideranças em missões internacionais, a fim de abrir novas perspectivas para a exportação de produtos norte-mineiros, além de trazer aos produtores um conhecimento prático sobre as exigências do mercado importador de frutas. A certificação de produtos pela marca Jaíba será um estímulo importante à abertura de novas portas no mercado externo.

Nos últimos anos, vários empresários e produtores rurais participaram de missões internacionais. Só no ano passado, 42 agricultores foram a Berlim, na Alemanha, onde participaram da Fruit Logística, a maior feira internacional de frutas. Outro grupo de lideranças esteve em Portugal, onde estabeleceu intercâmbio com empresários europeus e parcerias para comercialização de frutas no continente.

Para garantir a exportação de manga e limão para a Europa, cerca de 30 produtores rurais da região já possuem a certificação internacional
Global Gap, o principal certificado internacional para o setor de alimentos, que atesta não só a qualidade do produto final, mas também questões sanitárias e de sustentabilidade.

Outras 17 propriedades rurais também estão passando por processo de certificação, o que poderá resultar, a partir de 2013, na exportação de banana prata norte-mineira para a Europa. Trata-se de um produto considerado exótico no mercado internacional, que é dominado pelo consumo de banana nanica.

Otimismo compartilhado

"Com a criação de uma marca própria, estamos dando um grande passo para consolidar a produção agrícola do Norte de Minas, que já é conhecida pelos mais exigentes mercados consumidores do Brasil e da Europa como produtora de frutas de excelente qualidade. Com o lançamento da marca Jaíba, Minas Gerais se mostrará de vez no mercado mundial de exportação de frutas", observa o coordenador regional do Sebrae no Norte de Minas, Cláudio Luiz de Souza Oliveira.

Para o presidente da
Abanorte, Jorge Luiz de Souza, a criação da marca Jaíba traz excelentes perspectivas para os produtores rurais e empresários envolvidos na atividade. "Estamos seguindo um exemplo de sucesso já adotado em outras regiões do mundo, que tem a fruticultura como carro chefe e que se consolidou no mercado internacional pela qualidade dos produtos comercializados", frisa Jorge de Souza.

Para ele, a organização da fruticultura regional envolvendo o Governo de Minas e entidades empresariais é fator de fundamental importância para a ampliação do mercado exportador de produtos mineiros.

Segundo a
Abanorte, o Norte de Minas exporta cerca de 8.140 toneladas de limão e manga para a Europa por ano. Portugal e Holanda são os principais importadores, mas a Associação dos Fruticultores, que congrega cerca de 2,5 mil produtores rurais por meio de cooperativas e associações, está trabalhando para abrir mercados também na Alemanha, Reino Unido e no Oriente Médio.

"Se continuarmos investindo na organização da cadeia produtiva, na melhoria da qualidade e na gestão eficiente da produção agrícola, teremos boas perspectivas pela frente", ressalta Jorge de Souza.

O empresário e presidente da
Associação dos Produtores de Limão do Projeto Jaíba (Aslim), Cláudio Dykstra também mostra otimismo com a iniciativa que irá qualificar os produtos do Jaíba. "Além de estimular os produtores rurais a investir cada vez mais na melhoria da qualidade dos produtos, isto ajudará a incrementar a p rodução agrícola regional", prevê o empresário. Só por meio da Aslim, a região comercializa, mensalmente, cerca de 500 toneladas de limão. Os principais mercados consumidores são Belo Horizonte, Brasília e a Europa.

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